O Tico-Tico ta/ Tá outra vez aqui/ O Tico-Tico tá comendo meu fubá/ O Tico-Tico tem, tem que se alimentar/ Que vá comer umas minhocas no pomar. Com a canção Tico Tico no Fubá, choro composto há mais de 80 anos por Zequinha de Abreu, e que já ganhou diferentes interpretações, o arquiteto e designer Rafic Farah iniciou a Aula Magna, realizada nesta quinta-feira (19/4) para os alunos do Curso de Multimeios: Design Gráfico, Vídeodigital e Web Design da Universidade Santa Cecília (UNISANTA).
O artista apresentou aos alunos cinco interpretações diferentes da música. Choro, samba, jazz… “Enfim a criação é a arte de recriar o que já foi inventado”, disse Rafic Farah ao falar das vertentes do mundo da criação e da comunicação.
Designer, arquiteto, diretor artístico, roteirista, fotógrafo, desenhista, ele é considerado um artista polivalente. Diz que foi particularmente influenciado pelos artistas mediterrâneos e que escolheu o design por acaso. Segundo Farah, a criação não vem do nada, mas da observação do ambiente. “É preciso sentir o ambiente que nos rodeia e conhecer a história da Arte, pois quanto maior é o leque de conhecimento, maior será a criação”, disse.
Rafic Farah, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, montou o estúdio, São Paulo Criação, para exercer a profissão de designer e fotógrafo, em 1981, atuando na área cultural, editorial e institucional. Durante a palestra ele contou suas experiências com várias mídias, a influência da literatura e principalmente da música brasileira nas suas obras. Os trabalhos apresentados na palestra fazem parte do livro Como vi o design de Rafic Farah, lançado em 200, que reúne algumas de suas obras mais significativas até então.
Entre seus trabalhos de destaque estão o poster vencedor do concurso mundial para a Eco’92, no Rio de Janeiro, e a logomarca e escultura em formato de árvore que abrange os três andares Museu da Língua Portuguesa, de São Paulo que, segundo ele, é um dos trabalhos que mais gostou de realizar.
Durante a palestra, que terminou por volta das 22h30, Rafic Farah, retirou da mala, para surpresa de todos, uma garrafa de uísque. E com um copo da bebida, misturado com água, ele continuou a conversa com os alunos. “Não bebo nem fumo, mas nessas horas não tem coisa melhor para aliviar a tensão da responsabilidade que tenho em estar aqui na frente”, disse Farah, na palestra que reuniu cerca de 300 universitários de diferentes áreas como Arquitetura, Publicidade e Propaganda e Jornalismo.
“O trabalho de design não tem nada de majestoso, é pura transpiração”, comentou o artista que acredita que para ser um bom profissional é preciso entender que as diferentes áreas da arte são todas interligadas. “Música, designer, arquitetura, cinema: Arte. Tudo isso ajuda na criação”, disse.
Para ele, o mais importante não é a tecnologia, o computador, e sim as idéias, das mais simples às mais cabeludas. E para quem quer seguir a área, Rafic explica que o melhor exercício para o profissional é tentar observar o mundo com o olhar de uma criança, como se fosse a primeira vez que estivesse vendo ou fazendo algo.