Acompanhados pelo professor Callum Christopher, cinco garotos ficarão no Brasil até quinta-feira (8/12). No ano que vem, dois meninos de Santos irão para a Nova Zelândia, como parte do intercâmbio. Na Nova Zelândia, só existe um time profissional de futebol.

Cinco garotos neozelandeses estão em Santos, fazendo um intercâmbio de vinte dias no Colégio Santa Cecília para aprender a jogar futsal. Os alunos Seoram Lee, Adam Bell, Fardeen Faheem, Jeremiah Ruawhare e Joseph Lai estão acompanhados do professor Callum Christopher, da Escola Monte Roskill Grammar (Mount Roskill Grammar School), de Auckland, e ficarão em Santos até a próxima quinta-feira, 8/12.

A ideia do intercâmbio surgiu do professor Callum Christopher, motivado pela história e tradição do Colégio Santa Cecília no futsal, como campeão sul-americano. Callum conheceu o técnico de futsal do Colégio Santa Cecília, Fabrício Pereira Monte e convidou-o para ir à Nova Zelândia ensinar o futsal os alunos.

“O Callum veio fazer estágio comigo e me convidou para ir à Nova Zelândia no começo deste ano. Aceitei, fui ao colégio onde eles trabalham e fiquei lá por trinta dias dando treinamento para eles. Lá, o esporte é trabalhado em escolas, não existem clubes. Continuamos a ter contato, comecei a passar treinamentos para ele, e, há dois ou três meses, ele me perguntou sobre a possibilidade de trazer os garotos para o Santa Cecília. Então eu disse que não havia problema algum e eles vieram para o Brasil”, explicou Fabrício.

Desta vez, vieram cinco garotos, de 12 a 14 anos, mas a ideia de Callum é trazer quinze atletas em 2017.  “Ele não sabia que tínhamos uma estrutura muito boa. Então, ele quer trazer mais atletas no próximo ano e,  dessa forma, aumentar a quantidade a cada ano, fazendo esse intercâmbio entre o Santa Cecília e  o Santos Futebol Clube, onde eu também trabalho, e essa escola da Nova Zelândia.”

Transição para o futebol de campo – O professor neozelandês explicou que teve a ideia de trazer jogadores de seu país para o Brasil, porque lá não há uma cultura de futsal e não há muita qualidade nesse esporte. Segundo ele, a ideia é trazer os garotos para que possam treinar, elevar seu nível individual e fazer uma transição para o futebol de campo.

“Quero usar o futsal para desenvolver os jogadores para o futebol de campo. O Brasil é o país que eu mais considero para obter o conhecimento do futsal. Sei que o Brasil tem o melhor futsal do mundo, portanto, acho que é a melhor opção para a garotada aprender. Talvez eu vá para o Chile ou Portugal, porque eu já falo português, então seria mais fácil para me comunicar”, completou.

“Eles têm técnica, sabem como tocar a bola, chutar e driblar, mas não sabem jogar futsal. O esporte é muito complexo, trabalha a parte cognitiva, tomada de decisões. Eles têm a parte técnica, mas não a parte tática”, afirma Fabrício.  “Além disso, na Nova Zelândia, eles não têm uma competitividade e o Callum acha que aqui no Brasil eles podem ganhar isso trazendo a juventude, pois aqui no Brasil a competitividade é bem alta”.

Os neozelandeses trabalham com a intenção de levar os garotos para universidades dos Estados Unidos, para que possam estudar e, com um nível elevado de futebol, entrar em times da Major League Soccer, a liga americana de futebol, para representar o país em campeonatos internacionais. Nos Estados Unidos, os atletas fazem a transição da universidade para a liga profissional.

“A Nova Zelândia já fez, no último ano, um jogo contra o Brasil no Mundial sub-17 e perdeu no final por 1 a 0, sendo que eles desperdiçaram um pênalti durante a partida. Mas isso já é um início para eles, já é uma grande evolução. Portanto, eles acreditam que essa safra possa, um dia, chegar num Mundial de times profissionais.”

Rugby  e criquete –  Os esportes  tradicionais daquele país são o rugby e o críquete. Porém, o treinador vê uma evolução.  “Hoje, na Nova Zelândia, os esportes mais praticados entre garotos de 7 a 12 anos são o futsal e o futebol. Existem vários campos e muitas outras coisas que podem agregar para que, num futuro próximo, eles tenham alguns atletas no mercado estrangeiro de futebol e futsal.”

No futebol, só existe um time profissional de futebol no país, que é da capital Wellington e que joga na liga australiana. Existe uma liga semiprofissional, mas Fabrício diz que eles acreditam que, em dentro de dez anos, já deverá existir a liga profissional da Nova Zelândia.

O técnico santista afirma que na Nova Zelândia não há rivalidade no futebol, ao contrário do Brasil. “Aquele jogo entre São Paulo e Corinthians ou Santos e Palmeiras, nos quais existe uma rivalidade, eles ainda não têm no âmbito do futebol. No rugby, eles têm os All Blacks, que têm uma competição muito forte com a Austrália, Argentina, França, África do Sul, por exemplo. No críquete, têm a Índia, o Paquistão e a China. Nesses esportes eles são muito competitivos, mas no futebol ainda não”.

Intercâmbio – Fabrício explicou que Callum ofereceu um intercâmbio para dois garotos de Santos, que vão morar lá durante um ano. Um deles, Gabriel Salvador, é aluno do Santa Cecília. Ele se formará no terceiro ano do Colégio e ficará um ano na Nova Zelândia, estudando e jogando futebol pela escola.

“Os dois garotos irão para lá, para morar, estudar e jogar sem nenhum custo. Um intercâmbio desses custa, anualmente, trezentos mil reais. Esses garotos não vão pagar nada.”

Sobre países com pouca tradição no futebol, como os Estados Unidos e a própria Nova Zelândia, o técnico do Colégio Santa Cecília acredita que eles têm que aprender conosco e com os europeus. “Porém, eles têm algo que poucos têm, que é a organização. A evolução deles parte daí. Tudo é organizado, eles têm estrutura, têm campos muito bons, quadras muito boas, materiais bons, muita seriedade e isso vai fazer com que eles evoluam. O Callum vai agora para o Chile”.

O treinador ainda citou o exemplo de garotos de outros países que também vêm ao Santa Cecília.  “Há quatro anos nós trazemos garotos de Dallas, nos Estados Unidos, que ficam treinando conosco por quinze dias, e, nós também vamos para lá e ficamos quinze dias. Eu costumo ir para o exterior para dar aula. Neste ano, fui para Auckland, na Nova Zelândia, para Assunção, no Paraguai e para Miami e Orlando, nos Estados Unidos”.