Com o objetivo de antecipar e mitigar os impactos de eventos hidrometeorológicos extremos, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz às situações críticas, a Universidade Santa Cecília (Unisanta), em conjunto com a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), inaugurou nesta terça-feira (10) a nova Sala de Situação de Recursos Hídricos da Baixada Santista, que passa a integrar o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da universidade.

A Sala é um espaço dedicado ao monitoramento e análise em tempo real das chuvas, dos níveis e das vazões dos principais rios da região. Devido à particularidade dos ambientes costeiros e litorâneos, essa sala de situação também inclui variáveis oceanográficas, como nível do mar, altura e direção das ondas. Além do monitoramento contínuo, o local destaca-se por fornecer previsões 24/7 detalhadas meteoceanográficas para os nove municípios da Baixada Santista.

Coordenado pela professora Alexandra F. P. Sampaio, o NPH Unisanta é vinculado à Faculdade de Engenharia da Unisanta e, há três décadas, desenvolve atividades junto ao Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista, com novas tecnologias em apoio aos órgãos de Defesa Civil em âmbitos regional e estadual, principalmente relacionados aos avisos antecipados de eventos hidrometeorológicos extremos para elevar a capacidade de monitoramento e adaptação da região.

“Nós disseminamos informações de previsão de nível do mar, ondas e também de sistemas atmosféricos. Essas informações agora integram a Sala de Situação de Recursos Hídricos, que tem como principal objetivo apoiar a proteção e a defesa civil em relação aos eventos climáticos extremos e fornecer subsídios para o planejamento de ações para adaptação das cidades em relação às mudanças climáticas”, afirma Alexandra.

A coordenadora conta ainda que o NPH tem um histórico de desenvolvimento de estudos na Baixada Santista e hoje toda essa base de dados e as informações produzidas nesses últimos 30 anos também vão servir e integrar a nova Sala de Situação de Recursos Hídricos da região.

Novas instalações 

A inauguração das novas instalações, localizadas no 4.º andar no Bloco M da universidade e agora nomeadas em homenagem ao diretor da Faculdade de Ciências Exatas, Arquitetura e Engenharia da Unisanta, engenheiro Dr. Antonio de Salles Penteado, aconteceu simultaneamente à última reunião de 2024 do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb). O encontro reuniu prefeitos da região, representantes do governo estadual e membros das forças de segurança para discutir as diretrizes da Operação Verão 2025, com foco nos preparativos para os desafios sazonais relacionados ao clima e segurança.

“Ontem vimos uma pesquisa indicando que 2024 será o ano mais quente. Temos de reverter esses danos ambientais. Temos certeza de que, com esses trabalhos na Universidade Santa Cecília, nos seus 63 anos, nos 53 anos da Engenharia Unisanta, aos quais o NPH está ligado, e com todas as entidades que trabalham unidas pela Baixada Santista, vamos conseguir. Sabemos do trabalho diferenciado que desenvolvem e sabemos que podemos fazer muito mais. Investindo, trabalhando juntos e sonhando, neste dia de Direitos Humanos, com aquilo que todos podemos fazer”, afirmou a presidente da Unisanta, Dra. Lúcia Teixeira.

Para o presidente do Conselho de Administração da Unisanta, Dr. Marcelo Teixeira, “é um orgulho verificar o empenho, dedicação e a interferência que conseguimos fazer no dia a dia, com os poderes públicos e com as autoridades, para amenizar, informar e colaborar com os trabalhos e as pesquisas desenvolvidas. Com essas novas instalações, pretendemos ampliar ainda mais os trabalhos que continuarão sendo parte prioritária dos projetos da Universidade Santa Cecília”.

“Diante de uma temática tão importante quanto a ambiental, com laços em diversas outras, atuamos com pé firme na ciência independentemente de qualquer interesse particular, só com interesse em uma sociedade melhor. Uma sociedade em que a questão climática, da diversidade, do ser humano independente entrelaçado ao planeta possa fazer frente a tantas decisões que nós temos e subvencionar uma política pública. A universidade está aqui para isso, para que, com seus organismos, núcleos de pesquisa, professores, pesquisadores e alunos, possamos nos abrir cada vez mais  e que as decisões da ciência cheguem a quem possa fazer melhor cumprimento dela”, disse a reitora da Unisanta, Dra. Sílvia Teixeira Penteado.

O NPH, que reúne docentes e alunos das Faculdades de Engenharia, Biologia e dos cursos de Mestrado e Doutorado, desenvolve pesquisas em modelagem numérica operacional, monitoramento ambiental, sistemas de informação geográfica e técnicas de aprendizado de máquina, associados aos Sistemas Operacionais de Previsão e Alertas de Ressacas e Inundações Costeiras para todo o litoral de São Paulo e, especialmente, para a Baixada Santista. Suas atividades fornecem apoio aos setores portuários, defesas civis, gerenciamento de águas costeiras e saneamento.

Prevenção

“A gente vive em um momento de mudanças climáticas muito fortes. Precisamos ter precaução e planejamento, então ter uma sala como essa em uma universidade tão importante como a Unisanta, reforça a parceria do Estado com a universidade e reforça o planejamento e a preocupação com as mudanças climáticas, ajudando o estado a antever o perigo e agir antes da hora”, elogiou o secretário de Parcerias e Investimentos do governo de São Paulo, Rafael Benini.

O major Vagner Martins, subdiretor do Departamento de Proteção e Defesa Civil do Estado de São Paulo considerou a criação da Sala de Situação de Recursos Hídricos da Baixada Santista um avanço na prevenção aos efeitos das mudanças climáticas. “É uma grande conquista essa inauguração da sala de situação do NPH, que completa hoje 30 anos, e a gente vem em busca de adaptação e resiliência climática. Hoje todos fazem parte disso, comunidade acadêmica, poder público e principalmente a população, e esse é mais um grande passo de monitoramento para a gente construir adaptação e resiliência climática”, comenta.

Entre as entidades públicas que têm parceria com o NPH, está a Agência Metropolitana da Baixada Santista. Um trabalho que o diretor da Agem, Thiago Wiggert, considera imprescindível. “Com essa parceria, a gente consegue envolver o poder público e a sociedade civil no monitoramento de toda a nossa região metropolitana, então os gestores, os prefeitos e suas equipes, as defesas civis vão poder ter acesso a essa ferramenta e poder trabalhar na prevenção e na contenção das mudanças climáticas”.

Wiggert ainda complementa que o serviço realizado pelo NPH torna as ações mais assertivas na Baixada Santista. “Demonstra que esse trabalho em conjunto é efetivo, porque você tem como saber a previsão dos próximos 4 dias da alta da maré e também da incidência de chuvas. Então, essa parceria se torna fundamental para as ações, o poder público poder trabalhar com antecedência e poder salvar vidas”.

O prefeito de Santos, Rogério Santos, esteve representado por coronel Daniel Onias, coordenador regional adjunto da Defesa Civil da Baixada Santista. “O trabalho do NPH é excepcional. É um centro de alto conhecimento, desenvolvimento científico e técnico e que trabalha para a população, então como são previsões meteorológicas de eventos críticos, eventos severos que envolvem riscos, é importante que essa informação seja disseminada para toda a população, principalmente para aquelas que moram em área de risco”, afirmou Onias.

O subsecretário de Desenvolvimento Urbano, José Police Neto, também reforçou as ações estratégicas do governo do estado de São Paulo. “O governador Tarcísio tem determinado a estruturação de Políticas Públicas de Precisão para o enfrentamento das mudanças climáticas no desenvolvimento urbano. Passos nesse sentido têm sido dados sistematicamente. O lançamento do novo programa Bairro Paulista – Cidades Sustentáveis, com soluções baseadas na natureza aplicadas aos perímetros urbanos vulneráveis e sensíveis, é uma demonstração assertiva do novo modelo de governança”.

Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) e prefeito de São Vicente, Kayo Amado, é importante sempre trabalhar com prevenção. “Quanto mais a gente consegue prevenir, mais a gente consegue evitar que situações dramáticas aconteçam na nossa região. Essa sala vai ajudar a prever as chuvas fortes que vêm, as ventanias e todos esses fenômenos naturais que acabam impactando na vida das pessoas”.

Em concordância, a presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista (CBH-BS) e prefeita de Praia Grande, Raquel Auxiliadora Chini, afirma que é extremamente importante ter um ambiente acadêmico, junto com os técnicos, com a sociedade e com os demais órgãos que cuidam da resiliência climática. “Conseguimos, através do Governo do Estado de São Paulo, do SP Águas, da Agem e da Unisanta, trazer essa sala para a universidade. Fico muito feliz. A sala ficou muito linda, no comando da professora Alexandra, e mais feliz ainda com os resultados que nos ajudarão no nosso dia a dia com relação a enchentes, ressacas e mudança climáticas”.

Espaço virtual e físico

Compreendendo a importância de uma resposta eficiente, a Sala de Situação de Recursos Hídricos da Baixada Santista opera tanto em um ambiente virtual quanto em um espaço físico. A plataforma virtual (https://salasituacaohidrobs.com.br) é de acesso público e permite que os usuários se cadastrem para o recebimento de avisos antecipados, enviados automaticamente quando houver a previsão de um evento hidrometeorológico extremo. O espaço físico,  por sua vez, é equipado com tecnologia avançada e conta com técnicos e especialistas que trabalham diariamente na análise e gestão dessas informações. Esse ambiente permite um monitoramento contínuo e uma resposta rápida a eventos extremos, destacando-se como um ponto central para a coordenação e a tomada de decisões em situações de emergência.

Representatividade

Entre as autoridades presentes, também estiveram: o prefeito de Guarujá, Válter Suman; o prefeito de Mongaguá, Márcio Melo Gomes; o presidente da Praticagem de São Paulo, Fabio Mello Fontes; representando a Capitania dos Portos de SP, capitão-tenente Cassias.

Pela Unisanta, compareceram ainda o pró-reitor Acadêmico, Prof. Dr. Fábio Giordano; o pró-reitor de Inovação, Prof. Mestre Marcus Teixeira Penteado; os diretores da Faculdade de Ciências Exatas, Arquitetura e Engenharia, engenheiros Dr. Antonio de Salles Penteado e Dr. Aureo Emanuel Pasqualeto Figueiredo.

Conheça a equipe NPH Unisanta:

Prof.ª MSc. Alexandra F. P. Sampaio
Coordenadora
Professora e mestre em Ciência Ambiental pela Universidade de São Paulo.
Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Santa Cecília.

Prof. Dr. Renan Braga Ribeiro
Pesquisador
Doutor e mestre em Ciência Ambiental pela Universidade de São Paulo.
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Cecília.

Prof. MSc. Matheus Souza Ruiz
Pesquisador
Mestre em Oceanografia pela Universidade de São Paulo.
Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Santa Cecília.

MSc. Oc. Regina de Souza Ferreira
Pesquisadora
Mestre em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Graduada em Oceanografia.

MSc. Melissa Dias da Silva Oliveira
Pesquisadora
Mestre e doutoranda em Ciências Atmosféricas pela Universidade de São Paulo.
Graduada em Ciências Atmosféricas.