Imagens coloridas no computador mostram os níveis (diferentes) de águas do subsolo santista: bacias hidrográficas, poços artesianos, camadas de sedimentos e o chamado “assoalho cristalino”, parte mais resistente, apta a receber prédios maiores. Ao apresentar, nesta quarta-feira, esses dados do IPT, que lembram uma “tomografia computadorizada” do subsolo e das águas que circulam por baixo do estuário de Santos e São Vicente, o professor Fábio Giordano, doutor em Ecologia, antecipou um dos trabalhos que serão divulgados no V Encontro do EcoManage (Gerenciamento Costeiro), de 27 de novembro a 1º de dezembro, no Chile.
Giordano, coordenador do EcoManage na Universidade Santa Cecília (Unisanta), referiu-se à importância dessa pesquisa da dra. Malva Mancuso, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em parceria com o Laboratório de Engenharia Civil do (Lenec), do Instituto Superior Técnico de Lisboa e com a engenheira Alexandra Sampaio, da Unisanta.
Ainda não se quantificou o volume e os efeitos daquelas descargas de água doce no estuário, mas sabe-se que elas afetam a salinidade e outras características do mar. Como todo trabalho científico, conclusões e recomendações mais específicas quanto à oportunidade ou não de mais edifícios e outros empreendimentos à beira-mar demandam tempo, cruzamento com outras pesquisas e análise mais detalhada, lembrou Giordano.
“Não cabe aos pesquisadores tomar decisões, mas encaminhar os estudos disponíveis aos órgãos responsáveis. Esta é uma humilde contribuição dos cientistas”, assinalou Giordano.
Essa e outras pesquisas de integrantes do EcoManage, como o Instituto Oceonográfico da USP, a Codesp, a Cetesb, Sabesp e prefeituras alimentarão um banco de dados gigante, que estará disponível até novembro de 2007 aos governantes e pesquisadores interessados.
Macrozoneamento – O EcoManage pode contribuir também com o macrozoneamento da Baixada Santista, visando definir o melhor local para receber, por exemplo, as habitações que devem substituir as favelas a serem removidas; a viabilidade de construção de marinas, terminais portuários, ou também para indicar medidas de emergência em caso de vazamentos de produtos químicos, lançamento de esgotos e outras ocorrências que afetam o meio ambiente. Giordano referiu-se ao mapeamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (Nese) da Unisanta, das 60 mil habitações do tipo palafitas, que terão que ser removidas de áreas de aterro do estuário, para outro local.
São dados que alimentam o computador, e que exigem o trabalho ininterrupto de campo de oceanógrafos, engenheiros, biólogos, economistas e geólogos, entre outros. Algumas informações parciais já são conhecidas, como o comportamento das marés e novas medições de profundidade do estuário de Santos e São Vicente, com levantamentos em 1.400 pontos, atualizando dados de 1995 e registros da antiga Carta Náutica de 1964, feitos pelo Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta.
O secretário de Assuntos Portuários e Marítimos da prefeitura de Santos, Sérgio Aquino, destacou a necessidade da participação das universidades particulares da região em um centro de excelência especializado em assuntos do porto e meio ambiente. “Sei que a Unisanta há muito tempo se dedica a essas pesquisas e vem num crescendo”.
Portal e jornal – Foi lançado nesta, quarta-feira, o Jornal Pesquisa Porto e Mar, elaborado pela Assessoria de Comunicação da Unisanta, com pesquisas desenvolvidas pela Universidade e seus parceiros. Também entrou no ar o portal www.unisanta.br/portoemar, (em desenvolvimento), coordenado pela professora Ana Kalassa, que reunirá pesquisas, mestrados, doutorados, trabalhos de conclusão de curso, fotografias e manifestações artísticas ligadas ao ecossistema estuarino.
Participaram do evento na Unisanta representantes da Codesp, da Fertimport, da Carbocloro, do Sindamar e de empresas do porto e retroporto de Santos.
V Encontro – Os professores Fábio Giordano, Alexandra Sampaio e Gilberto Berzin representarão a Unisanta no Chile. A reunião será na cidade de Coyhaique, próximo ao Fiorde de Aisén. Dias 27 e 28/11 haverá um curso sobre Águas Subterrâneas, a cargo de especialistas de Trieste (Itália), Portugal e Chile.
As apresentações dos pesquisadores da Universidade Santa Cecília serão dias 29, 30 de novembro e 1º de dezembro.