Pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Biológicas (LAPEBio) da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) descobriram, na região estuarina de Santos, uma nova espécie de peixe no mundo, denominada Opsanus brasiliensis.
Matheus Marcos Rotundo, curador do Acervo Zoológico da UNISANTA (AZUSC) e responsável pelo LAPEBio; o Dr. Luis Alberto Zavala-Camin, professor titular das disciplinas de Biologia de Peixes e Iniciação Científica do Curso, além de pesquisador do LAPEBio; e Mário Spinelli, bolsista dos dois núcleos e acadêmico do último ano de Ciências Biológicas, fizeram a descoberta e descreveram a espécie enquanto realizavam pesquisa desenvolvida desde agosto de 2004, com objetivo de catalogar os peixes existentes naquela área e observar se os mesmos estavam sofrendo impactos do meio ambiente.
Após coletadas, as espécies são encaminhadas para laboratório e identificadas para a Coleção Científica Regional de Peixes da Região da Costa da Mata Atlântica, pertecente ao AZUSC. Após observarem que o peixe não fazia parte dos catálogos existentes, as coletas a campo aumentaram. Os pesquisadores passaram a analisar chaves taxonômicas do mundo em pesquisas bibliográficas, e discutiram sobre o assunto com especialistas do País e do exterior. A partir daí perceberam se tratar de uma nova espécie e passaram a desenvolver sua diagnose (características que determinam a espécie).
Características – Opsanus é um dos 19 gêneros da Ordem Batrachoidiformes. De acordo com Rotundo, o Opsanus brasiliensis é uma espécie que se adaptou ao novo ambiente e sofreu modificações, entre elas, na anatomia da parte óssea, no número de vértebras, e na coloração, entre outras”. Ainda segundo o pesquisador, a hipótese mais provável é que os peixes tenham vindo para o Brasil por meio de água de lastro proveniente da América Central.
Os pescadores da região do estuário de Santos costumam descartar o peixe, pois acreditam que seja peçonhento, mas essa característica ainda não foi comprovada.
A série é formada por 44 exemplares, capturados na Ponta da Praia e no Píer do Pescador, em Santos; e no Canal de Bertioga e na Foz do rio Itapanhaú, em Bertioga. Por se tratar de um peixe de hábitos noturnos, as coletas são realizadas semanalmente durante a noite. O funcionário da área de manutenção da UNISANTA, Marcelo de Almeida Croce, colaborou com as coletas. Croce é especialista em pesca com tarrafa (rede de mão) e já participou de outros projetos de Biologia da Universidade.
Outro fator que auxiliou foi o projeto Pró-Pesca, convênio técnico-científico entre a Universidade e a Aliança Sociedade Comercial de Pesca. A parceria possibilita o entrosamento entre os pescadores e os pesquisadores, promovendo, assim a troca de conhecimentos. Dessa forma, ao invés de descartar os peixes desconhecidos, os pescadores mostram o que capturaram aos pesquisadores, que, por sua vez, transmitem informações sobre a espécie que passa a ser conhecida por todos.
“Descobertas como esta são importantes porque fomentam o mundo com informações. A partir da pesquisa, estão surgindo trabalhos acadêmicos e de Conclusão de Curso na UNISANTA, com idéias para mapas genéticos e aspectos biológicos”, afirma Rotundo. Após a divulgação da descoberta em artigo científico na Revista Ceciliana, a equipe está enviando material para especialistas no mundo e para catálogos nacionais e internacionais, como o National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA), as Sociedades Internacional e Brasileira de Ictilogia.
Os interessados podem encontrar exemplares no Acervo Zoológico da Universidade e no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, parceira da UNISANTA em diversos projetos. Posteriormente, a equipe pretende expandir a pesquisa para todo o litoral do Estado de São Paulo, caracterizando a distribuição geográfica da espécie.