O contato com as fezes destas aves pode causar conjuntivites, dermatites simples e enterites nos humanos

Constatar se os pombos apresentam parasitas e se estes podem oferecer risco à população foi o objetivo de três anos de pesquisa em todas as praias e bairros do município de Guarujá, além do distrito de Vicente de Carvalho. O estudo foi coordenado pelo médico veterinário e pesquisador da Universidade Santa Cecília (Unisanta) Eduardo Ribeiro Filetti, com a colaboração de 85 alunos do Curso de Ciências Biológicas da Unisanta, supervisionados pelo diretor Roberto Patella.

De acordo com Filetti, o trabalho de coleta de fezes das aves (perfil coproparasitológico) dos pombos era feito sempre pela manhã da seguinte maneira: os alunos pesquisadores estendiam no solo plástico transparente liso de 2×2 metros e, sobre ele, alimentos para os pombos. Como estas aves têm hábito de comer e defecar em seguida, os estudantes conseguiam recolher as fezes rapidamente e levar ao laboratório para serem examinadas.

A pesquisa concluiu que as fezes dos pombos do Guarujá e do seu distrito Vicente de Carvalho têm bactérias e fungos que, quando em contato com seres humanos, podem causar conjuntivites, dermatites simples e enterites. “As fezes secas dos pombos são muito perigosas pois podem causar doença respiratória grave de difícil tratamento. Orientamos molhar as fezes secas dos pombos antes de qualquer remoção, que deve ser feita com material de segurança (máscaras , óculos e luvas)”, explica Filetti.

Sobre a quantidade de pombos da Cidade, o estudo detectou que estima-se uma população de 250 mil aves, o que sugere um hiperpopulação. Segundo o pesquisador, uma das soluções seria o controle ecológico através de uso de anticoncepcionais. “Acredito que a nossa sociedade que se diz moderna tem que aliar o estudo das aves e sua manutenção com o turismo ecológico”.

Mas o assunto “pombos” sempre dividiu opiniões, comenta Eduardo Filetti. “Enquanto muitos munícipes reclamam da sujeira, sendo que alguns tomam atitudes radicais, utilizando visgo para prender as aves ou mesmo disparando tiros de chumbinho, outros a consideram símbolo da paz e oferecem alimento”. Visgo é uma planta lenhosa, parasita de outras plantas, com seiva pegajosa, usada para a caça de aves pequenas.

Toxoplasmose – Em alguns locais pessoas têm hábitos de comerem pombos, o que deve ser evitado, pois a toxoplasmose só é transmitida pelos pombos quando as pessoas ingerem sua carne mal passada. A toxoplasmose é uma doença gravíssima que pode levar a emagrecimento, aborto e cegueira.

Histórico – Estas pesquisas são realizadas desde 1995, pela mesma equipe da Unisanta, nas cidades de Santos, São Vicente e Praia Grande, com grande receptividade nos centros de pesquisa e entre os estudiosos sobre aves e problemas urbanos de difícil resolução no mundo moderno.