O Mestrado da Unisanta é um dos três existentes no Estado de São Paulo em Ciências do Mar (dois são de instituições públicas)

A primeira dissertação do Mestrado Acadêmico em Ecologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), apresentada no dia 29/11, traz enorme contribuição aos processos de retirada de corantes presentes em efluentes industriais. A pesquisa revela a eficiência de um material até então descartado pelas usinas de açúcar e álcool – o bagaço da cana.

Ao visitar uma usina para realizar serviços prestados pela empresa da qual é o proprietário, a Eco 2 Brasil – situada em São Bernardo do Campo e que atua no tratamento de resíduos -, o então mestrando Antonio Iris Mazza se deparou com grandes quantidades de um pó resultante da queima do bagaço de cana, sem utilidade alguma para aquela companhia.

O material despertou o interesse de Mazza, que tem em sua formação profissional os títulos de engenheiro ambiental, bacharel em Física e Administração.

A partir daquele momento, ele iniciou uma pesquisa bibliográfica, sem encontrar nenhuma publicação que tratasse do assunto. Tal fato o motivou a estudar melhor o Resíduo de Bagaço de Cana (RBC).

Em um de seus experimentos, sem pretensão acrescentou o RBC em um determinado refrigerante e, para sua surpresa, o líquido perdeu a cor original e ficou branco.

Foi então que Mazza percebeu uma interessante propriedade existente no produto, a de remover corantes. Sob a orientação do Prof. Dr. Sílvio José Valadão Vicente, o mestrando realizou inúmeros testes, traçando um paralelo entre o desempenho do RBC e o do carvão ativado, amplamente utilizado no tratamento de efluentes e gases tóxicos resultantes de processos industriais.

Resultados – A pesquisa mostrou que, entre as vantagens do RBC sobre o carvão ativado estão a baixa toxicidade do produto inserido em ambiente marinho, a alta velocidade de adsorção (descoloração de líquidos) – condição importante em estações de tratamento de efluentes industriais – além do custo de produção, uma vez que o RBC é parte final do processo industrial, enquanto o carvão ativado necessita de alto custo energético para ser produzido.

Ao apresentar sua dissertação de mestrado, Mazza ressaltou que os testes indicam o RBC como um material de alta eficiência quando misturado a determinados tipos de corantes e, dessa forma, pode substituir grande parte do carvão ativado existente no mercado.

Referência em Pesquisa na área de Ecologia – O Mestrado em Ecologia e Gerenciamento Costeiro da Unisanta, recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, tem importância muito grande para o País. É um dos poucos com a proposta de amplo diagnóstico dos recursos naturais do Litoral, e poderá prever uma base científica para a gestão desses recursos.

Mas a tradição da Universidade nessa área começou muito antes, em 1990, com a abertura do curso de bacharelado em Biologia Marinha e as primeiras parcerias com empresas e institutos para investigar o estuário. A Universidade Santa Cecília formou, até 2011, 49% dos biólogos marinhos diplomados em todo o País.

Por essas razões e pela indicação que recebeu de ser o mestrado da Unisanta um dos melhores que existem, o engenheiro Mazza fez a opção por estudar na Baixada Santista.

Participaram da banca da dissertação: Adsorção de corantes catiônicos em solução aquosa utilizando resíduos de bagaço de cana – RBC os seguintes professores doutores: Amaury Rezende Carvalho, Luciana Lopes Guimarães, Silvio José Valadão Vicente (orientador) e Rodrigo Brasil Chouri.