TEP/Unisanta lança o curta-metragem Alzira Rufino – Eu, Mulher Negra, Resisto

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O TEP – Teatro Experimental de Pesquisas / Unisanta, em performance diversificada, homenageia a ativista negra Alzira Rufino no dia em que se completam dois anos da sua precoce partida, 26 de abril, através do curta-metragem Alzira Rufino – Eu, Mulher Negra, Resisto, com direção de Gilson de Melo Barros e participação de vários expoentes ligados às lutas sociais por ela lideradas. Entre eles, destacam-se a professora e pesquisadora Urivani de Carvalho, que responde também pela consultoria para elaboração do curta, a jornalista Maria Alice Peres, a militante pelos direitos das mulheres Cibele Lacerda, as atrizes Miriam Vieira e Thayany Muniz e o ator e performer Jair Moreira.

O curta será lançado para convidados e interessados, com a presença dos seus participantes e equipe de produção, no Cine Arte Posto 4, em cinco sessões que se distribuem nos seguintes horários: 16h, 17h, 18h30, 20h15 e 21h, com entrada franqueada ao público.

Alzira Rufino, criadora da Casa de Cultura da Mulher Negra, uma de suas obras mais conhecidas, foi uma personalidade de procedimento incansável e marcante na cidade de Santos, com reconhecimento que transcende as fronteiras nacionais. Ela se destacou como um dos nomes mais importantes e atuantes da cultura da Baixada Santista, mais precisamente dos anos 80 em diante. Batalhadora incansável em defesa do lugar de fala e reposicionamento das vozes das mulheres, sobretudo da mulher negra, Alzira desenvolveu um intenso trabalho em prol dos direitos individuais e plurais dessa categoria.

Através do coletivo Casa de Cultura da Mulher Negra, organização não governamental criada por Alzira na década de 90, em Santos, organizou uma extensa lista de ações a serem desenvolvidas e garantidas às mulheres negras da região. Essas ações incluíam assistência jurídica e psicossocial, abrigo, apoio a inciativas de inclusão, orientação e direcionamento na formação e desenvolvimento de carreiras artísticas, programas de combate à violência doméstica, entre inúmeros projetos que se tornaram vitoriosos e reconhecidos internacionalmente, garantindo-lhe incontáveis menções de aprovação e mérito pela sua luta constante e posicionamento progressista.

Ainda através da Casa de Cultura da Mulher Negra, Alzira desenvolveu importantes iniciativas orientadas à participação do povo negro em movimentos culturais e artísticos da região, tendo como veículo de difusão das suas ideias a promoção de publicações de literatura própria focadas no tema, em que se destaca a revista e EPARREI (primeiro veículo digital direcionado à população negra), da qual Alzira foi uma das mentoras e editora, além da criação do coral de crianças negras Omó Oyá e o Grupo de Dança Afro Ajaína, entre tantas outras contribuições para a cultura da região e sua sedimentação.

Poeta e contista, com vários livros lançados e publicações em Cadernos de abordagem à cultura negra, a autora recebeu prêmios em concursos de poesia de várias cidades brasileiras. Sua produção afina-se com a tendência da chamada “Geração Quilombhoje”, no sentido de uma literatura empenhada em promover a cultura afro-brasileira, a autoestima da população afrodescendente e o combate a todos os tipos de discriminação racial.

O curta Alzira Rufino – Eu, Mulher Negra, Resisto (mesmo nome recebido por uma de suas primeiras publicações), uma iniciativa do Teatro Experimental de Pesquisas, foi realizado através da materialidade do recolhimento de fatos, registros e arquivos, documentos e falas de pessoas próximas a ela, marcadamente do seu círculo de militância e convivência, de maneira a acercar-se o mais próximo possível da tridimensionalidade a lhe representar.

Este trabalho contou, para sua otimização, com a importante participação da professora Urivani De Carvalho, parceira inconteste da Alzira e sua fiel escudeira, curadora do acervo documental da Casa da Mulher Negra que, com sua acuidade e interesse, engrandeceu de autenticidade o projeto. Participaram também, com suas vozes a emoldurar momentos do curta (abertura e créditos finais), as cantoras Jaqee Fernandes e Mayarah Magalhães, o artista multimídias Jota Amaral, respondendo pelos aportes sonoros inseridos à obra, e ainda Cibele Gonçalves e Igor Ximenes em apoio à captação das imagens para os depoimentos colhidos.

Vale lembrar que o trabalho contou, para sua realização, com o apoio efetivo da Secretaria de Cultura de Santos, através da Lei de incentivo Paulo Gustavo, e com o apoio cultural e logístico oferecido pela Unisanta, onde o grupo sedia a produção dos seus trabalhos.

Sejam bem-vindos e viva ALZIRA RUFINO!