A descoberta de um gênero e duas novas espécies de algas marinhas na Laje de Santos, durante o doutorado de Renato Rocha Jorge, biólogo formado pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), foi confirmada por pesquisadores de seis países, após sequências de DNA e comparações genéticas.

 

A Revista Pesquisa Fapesp, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, publicou notícia sobre a confirmação recente, por pesquisadores internacionais, de duas novas espécies de algas marinhas Laurenciella marilzae e Osmundea sactarum e do gênero Laurenciella, descobertas na Laje de Santos.    Renato da Rocha-Jorge, que identificou as novas espécies e o gênero durante seu doutorado, foi estagiário do Herbário Científico da Unisanta e estuda as algas da Laje de Santos desde a graduação.

O complexo Laurencia é um agrupamento que reúne seis gêneros de algas vermelhas, número que pode aumentar ou se subdividir após pesquisas como essa, segundo a Revista da Fapesp. Algas vermelhas têm despertado o interesse das indústrias química e farmacêutica, “uma vez que as plantas são produtoras de metabólitos secundários, moléculas com potenciais ações medicinais”, informou a professora   Valéria Cassano à Revista da Fapesp.   Ela é pesquisadora responsável pelo projeto de auxílio regular do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) .

“Já se identificou uma grande variedade de substâncias produzidas por algas do complexo Laurencia com atividades antifúngicas, anticancerígenas e até de combate aos protozoários causadores da leishmaniose, de acordo com a literatura”, acrescentou a professora.

A descoberta das duas espécies  ocorreu há mais de dez anos no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (SP), durante o desenvolvimento do trabalho “Flora Ficológica do Estado de São Paulo”, Projeto Temático que integrou o Programa BIOTA-FAPESP. “Na época, no entanto, não foi possível fazer a identificação taxonômica em nível específico até que sequências de DNA fossem geradas para comparações genéticas”,  explicou a revista.

“A identificação teve início posteriormente, após novas coletas feitas na Laje de Santos durante o doutorado de Renato Rocha-Jorge, que estudou a flora de macroalgas de ilhas oceânicas do litoral de São Paulo,  e teve apoio da FAPESP entre 2011 e fevereiro de 2014. Rocha-Jorge foi orientado por Mutue Toyota Fujii, do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Nome do trabalho:  “Diversidade e relações filogenéticas de algas marinhas bentônicas: complexo Laurencia (Rhodophyta) no Atlântico tropical e subtropical”, financiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

Confirmação de outros países

Para confirmar a descoberta, como é de praxe, foi necessário envolver mais pesquisadores, para esclarecer as entidades taxonômicas do complexo Laurencia, delimitando melhor espécies e gêneros por meio de análises moleculares.  (taxonomia é a ciência que classifica os seres vivos). Participaram do estudo instituições de pesquisa do Brasil e de mais cinco países: Espanha, Estados Unidos, México, Portugal e Venezuela.  Foi feito um levantamento biogeográfico com análises morfológicas e moleculares das algas do complexo Laurencia de diferentes regiões do oceano.

Colaboraram pesquisadores do Instituto de Botânica; da Universidad Autónoma Metropolitana – Iztapalapa, no México; da Florida International University, nos Estados Unidos; da Universidad Central de Venezuela; da Universidade dos Açores, Portugal; e da Universidad de La Laguna, nas Ilhas Canárias, Espanha.  Foram publicados posteriormente dez artigos científicos e um capítulo de livro no qual foi feita a revisão de três gêneros do complexo Laurencia para as Ilhas Canárias, de acordo com a Revista Pesquisa Fapesp.

O Parque Estadual da Laje de Santos (PEMLS) é o único parque marinho do litoral paulista. Está situado a 32 km de Santos e a cerca de 17 milhas náuticas do Farol da Moela. Abrange uma área de 5.000 hectares.

No Brasil, as algas catalogadas no complexo ocorrem da costa do Ceará ao Rio Grande do Sul, área em que já foram encontrados representantes de cinco dos seis gêneros representados pelo complexo Laurencia.

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