Por Wagner Tavares – Colaborador
Os convidados apresentaram técnicas para garantir a atenção do ouvinte e fizeram até chover no anfiteatro
“A publicidade só vai resistir se falar a verdade e o Jornalismo tem que persuadir”. Foi assim, com uma frase aparentemente invertida, revelando a atualidade do tema, que o publicitário Robson Henriques, com mais de 20 anos de experiência na área, iniciou a palestra ‘A criatividade no Rádio. O futuro através dos Comerciais’, para alunos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo da Unisanta, no dia 29 de setembro.
Outro convidado, o Adão Casares, com 20 anos de carreira, soltou uma frase para se pensar: “A propaganda era um jogo de boliche. Hoje, é um pinball [máquina de fliperama onde se empurra a bolinha com uma mola e ela vai batendo em sensores eletrônicos aleatoriamente]”.
A ideia de convidar os publicitários foi dos professores de Radiojornalismo Wanda Schuman e Luiz Carlos Bezerra. Wanda conta que o objetivo foi convidar publicitários com muita criatividade para alertar jornalistas da interatividade entre rádio e publicidade. Desde o início das transmissões no Brasil, o rádio era usado para propagandas institucionais, propaganda política e ideologias e, além disso, muitas marcas davam seus próprios nomes a programas de rádio.
Casares mostrou uma pesquisa divulgada pelo Ibope Media em agosto de 2015, feita em 13 importantes regiões metropolitanas do país. Tendo essas regiões como amostra de referência, 89% da população brasileira escuta rádio, com uma média de 3 horas e 50 minutos diariamente, o que reflete o poder de exploração que essa mídia ainda tem, chegando a todas as classes, mesmo com as novas tecnologias consumidas, como smartphones e tablets.
Com muitas analogias, Casares comparou a publicidade a um animal, uma onça, que tem jeito, linguagem, andar próprio, ou seja, imprevisível. Segundo ele, não há mais fronteiras entre planejamento, estratégias, criação, produção e mídia. Por isso, publicitário tem que “escalar paredes e trabalhar em equipe”, recomenda, pois tudo é válido em momento de transição para todas as mídias.
Fazendo chover
Enquanto Casares expôs suas teorias, analogias e pesquisas, Robson Henriques ficou com a prática. Como a rádio estimula a mente do ouvinte, que acaba completando com a imaginação o que escuta, o publicitário apresentou diversos comerciais que tentam instigar a curiosidade. O público foi exposto a várias técnicas, de nomes estranhos, que podem garantir a atenção dos possíveis consumidores que estão, às vezes, até desatentos no trânsito, cozinhando, ou acessando redes sociais e chats, por exemplo.
Era apresentado pelo menos um comercial criado a partir de cada técnica, nomeadas como ‘Reversão de Expectativa’, ‘Bomba Relógio’, ‘Pensamento Lateral’, ‘Choque Entre Dois Mundos’, ‘Duplipensar’, entre outras.
O público já havia se divertido muito com a criatividade que as peças apresentadas revelavam.
Mas Robson ainda terminou a palestra com algo que surpreendeu a todos. Disse que faria chover no anfiteatro. Para isso, pediu que o público ficasse de pé e começasse a esfregar as mãos. Aquele som parecia uma garoa fina. Depois, pediu que estalassem os dedos, o que se mostrou uma simulação sonora de chuva no telhado. Então, por ordem do palestrante, todos bateram palmas sem ritmo. Ninguém se molhou, mas parecia que o anfiteatro enfrentou uma tempestade torrencial naquele momento.