Conforme apontado pelo grupo no estudo, são várias as adequações necessárias para que a cidade tenha um terminal 100% automatizado, porém, em todas, há o custo alto, o que torna inviável o processo.
Sob a orientação do professor Adilson Luiz Gonçalves, responsável pelo Núcleo de Estudos Portuários e Marítimos da universidade (Nepon), os alunos – hoje já formados – Ítalo Miqueias Ferreira de Araújo, Layla de Oliveira e Rafaella Rodrigues Torres Lapetina, autores da pesquisa, estudaram o funcionamento de terminais convencionais como o do Porto de Santos; o Porto de Rotterdam, localizado na Holanda e o Porto da Antuérpia, localizado na Bélgica. Os dois portos europeus já operam com a produção automatizada.
Esse estudo que foi desenvolvido pelos profissionais para o Trabalho de Conclusão de Curso, enquanto eram estudantes do curso de Engenharia Civil da Universidade Santa Cecília, foi destaque de uma página inteira, na editoria Porto & Mar, página A-13, no jornal A Tribuna, deste sábado, 8/9.
Com o objetivo de expor quais são as adequações necessárias para a implantação de operações automatizadas, mediante comparação com as melhores práticas mundiais de automação, os estudantes visitaram os terminais de contêineres do Porto de Santos.
“Santos é uma referência, mas a gente não tem, a exemplo do que ocorre em outras partes do mundo, terminais com automatização total”. O estudo deles objetivou ver qual é o estágio atual dos terminais de contêineres no Porto de Santos e quais as expectativas e perspectivas da implantação de um terminal com automação total. Automação processual já existe. O que falta é automação operacional” afirma o professor.
Durante a visita, os ex-alunos entrevistaram executivos da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), para identificar quais são os principais entraves para a automatização das operações.
Conforme apontado pelo grupo no estudo, são várias as adequações que serão necessárias para que a cidade tenha um terminal 100% automatizado, porém, em todas há o custo alto, o que torna inviável o processo. “O Porto de Santos tem capacidade para operar aproximadamente 6 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano, mas vem atuando com cerca da metade desse potencial. As incertezas relativas ao trâmite formal de mercadorias e ao agendamento de cargas, o potencial impacto sobre os custos operacionais, as tarifas cobradas pela Autoridade Portuária e a obrigatoriedade de utilização de mão de obra avulsa no Porto, que também tem impacto sobre custos, tornam momentaneamente inviável o investimento no processo de implantação do sistema de automação”.
Um ponto mencionado na visita para a inviabilização da automação, foi a da legislação portuária que determina a utilização de trabalhadores portuários avulsos na movimentação de mercadorias.
Para os pesquisadores, há outras dificuldades para que seja implantado o processo de automação plena, como a taxa de padronização que não atende o valor de, pelo menos, 95%, de processamentos sem exceções.
“O Porto tem um grande potencial para a implantação desse sistema. Porém, ainda depende de muitas coisas, como uma solução para as questões trabalhistas e sociais, por conta da mão de obra avulsa, por conta da legislação. A demanda não é suficiente para que seja investido tanto dinheiro”, comenta Layla.