O estuário de Santos já tem medições recentes de profundidade (batimetria), o que não vinha sendo feito desde 1964. Esse foi um dos trabalhos realizados neste primeiro ano do Programa Ecomanage – Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (Integrated Ecological Coastal Zone Management), que teve uma reunião nesta quarta-feira (30), na Universidade Santa Cecília (UNISANTA), entre pesquisadores e futuros parceiros.

O engenheiro Gilberto Berzin, coordenador do Projeto na UNISANTA, explicou que, normalmente, só se faz batimetria de grandes canais de navegação. Desta vez, foram feitas medições em oito pontos do estuário, inclusive nos mangues. As medições prosseguem no próximo ano.

Em 2006, explicou Berzin, serão estudados os pontos de lançamento de poluentes, tipos, quantidade e poder tóxico, dados que serão colocados no Modelo Matemático Hidrodinâmico, visando detectar como “esses poluentes vão circular, se dissolver, se dissociar”.

A professora Letícia P. Zaroni, do Instituto Oceanográfico da USP, apresentou avaliação preliminar dos efeitos da contaminação em água e sedimentos. Os organismos-testes foram bactérias, microcrustáceos e larvas de vertebrados. Os maiores efeitos de contaminação foram observados na parte interna do Canal de Piaçaguera, em Cubatão.
O representante da Universidade de Trieste, Enrico Feoli, disse que as pesquisas estão em bom andamento. Ele é responsável pelo estudo da biodiersidade vegetal e erosão do solo, entre outros aspectos ecológicos. Em Santos, também representando Trieste, estava a doutora Cristina Simonetti, que faz pós-doutoramento na região.

O EcoManage tem apoio da União Européia e conta com pesquisadores do Brasil, Chile, Argentina, Itália, Holanda e Portugal.

Presentes – Os pesquisadores foram saudados pela Reitora da UNISANTA, dra. Sílvia Teixeira Penteado, que se referiu aos esforços intensos das entidades parceiras. Estavam presentes os secretários do Meio Ambiente de Santos e Guarujá, respectivamente Flávio Rodrigues Correa e Élson Macceió dos Santos, além de representantes da Cetesb, IBAMA, Comitê da Bacia Hidrográfica-Baixada Santista (CBH), Cetesb, Sabesp, Agência Metropolitana, (AGEM) e secretaria de Meio Ambiente de São Vicente.

Prever, evitar e atenuar impactos nas regiões costeiras, devido a interferências do homem e/ou da natureza, é um dos objetivos do EcoManage.

Encontros – No estuário santista, cabe à UNISANTA os estudos de Hidromodelagem dos dados físicos do oceano, os levantamentos sobre a flora e fauna da borda do estuário santista e os estudos socioeconômicos. A USP pesquisa a produção primária da cadeia alimentar e a ecotoxicologia da água do lodo na área do canal.

O primeiro encontro foi em fevereiro, na UNISANTA, quando especialistas dos seis países envolvidos disponibilizaram a todos os parceiros os dados existentes, traçaram metas para a primeira etapa, e fizeram o levantamento bibliográfico. A pesquisa utiliza modelos matemáticos avançados, alguns já aplicados pela UNISANTA, desenvolvidos em parceria com o Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST) e com a firma HIDROMOD no Estuário de Santos. O segundo encontro foi em Lisboa, Portugal, de 26 a 29 de setembro. O próximo será na Baía Blanca, Argentina, em março.

Na América Latina, estão sendo estudados os estuários de Santos, o mais complexo dos três com diversas intervenções do homem, contribuição de rios, do Porto, indústrias etc; o de Baía Blanca, mais aberto, menos complexo e o Fiorde do Chile, com profundidades de até 100 metros.