Os estudantes Motasem Bechir El Malat e Gustavo Furlan, do curso de Engenharia de Computação da Universidade Santa Cecília (Unisanta), criaram um aplicativo que possui sincronização com os servidores da CETESB e mostra os dados sobre a qualidade do ar de forma que tenha um fácil entendimento do usuário. A ferramenta, denominada QualiSP, está disponível apenas para Android, mas os criadores pensam em disponibilizar o serviço também para o sistema operacional iOS.
O programa possui cinco categorias de qualidade do ar, todas representadas por cores: Qualidade N1 – Boa (verde); Qualidade N2 – Moderada (amarelo); Qualidade N3 – Ruim (Laranja); Qualidade N4 – Muito ruim (rosa escuro) e Qualidade N5 – Péssima (azul). Através do aplicativo é possível saber também o que cada índice pode causar em nossa saúde.
Um dos criadores do aplicativo, Motasem Bechir El Malat, conta que quando o usuário faz a instalação, o programa roda em segundo plano, por isso é possível interagir com o aplicativo. “O usuário pode verificar a qualidade do ar na localização onde está ou em localidades próximas e ver se a qualidade está boa ou moderada. Se a qualidade for moderada, o utilizador do aplicativo receberá um aviso com os poluentes presentes no ambiente onde ele se encontra, com informações sobre os efeitos na saúde humana e o meio ambiente”.
Motasem afirma que o aplicativo tem o objetivo também de alertar os usuários sobre os perigos da qualidade do ar. “Muitas vezes uma pessoa pode passar mal sem saber os motivos. Alguém com problemas respiratórios pode ser afetado com qualquer alteração na qualidade do ar”.
Coleta de informações
O QualiSP, explica o aluno, tem uma comunicação com o servidor da CETESB, que coleta as informações das estações telemétricas que estão presentes na maioria das cidades do estado de São Paulo. Depois, ele cria uma interface gráfica que apresenta esses dados.
Motasem destaca também que o aplicativo faz essa verificação automática das informações e avisa ao usuário quando há alguma anormalidade no ar, facilitando, assim, o entendimento dos dados pelas pessoas em geral. É válido lembrar que o QualiSP também funciona em segundo plano, assim a pessoa que usar pode ser notificada, mesmo que o aplicativo não esteja aberto.
A ferramenta é autoexplicativa. “O QualiSP tem abas informativas sobre as informações gerais e os efeitos dos poluentes na saúde dos seres vivos e do meio ambiente. Se o consumidor tiver alguma ideia para melhoria, pode entrar na seção de Sugestões dentro do QualiSP e explicar com mais detalhes seu pedido”.
O outro criador do QualiSP, Gustavo Furlan, considera que a importância maior do aplicativo é deixar alerta as pessoas em relação a algum índice ruim, sobretudo aquelas que possuem algum tipo de problema respiratório. Ele também diz que o aplicativo simplifica os dados de uma forma que seja de fácil entendimento para quem usa. “Estamos disponibilizando para as pessoas um jeito mais prático de serem analisados os dados da qualidade do ar, através de um celular que está na palma da mão de todo mundo hoje em dia”.
Em relação ao sistema de índices, Gustavo o considera importante porque com ele podemos ficar alerta também. “Podemos verificar o que estamos causando no meio ambiente e, assim, conscientizar as pessoas em relação a poluir menos e respeitar mais”.
Ele considera que o QualiSP é muito importante para os idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios e cardíacos, que acabam tendo mais impacto na saúde com a qualidade do ar estando em uma situação ruim.
O estudante conta também sobre os planos para o futuro do aplicativo. “A ideia do QualiSP surgiu na matéria Ciências do Ambiente e, desde então, estamos levando o aplicativo adiante. Estamos sempre implementando alguma coisinha ou algum serviço para deixar o aplicativo mais simples possível e com mais informações para as pessoas”.
A professora Alexandra Penteado Sampaio, envolvida na orientação da criação do aplicativo, diz que o principal objetivo desse projeto é integrar os conhecimentos que o aluno vem desenvolvendo no curso de Computação com os problemas ambientais relacionados à problemática ambiental. Alexandra é responsável pela disciplina Ciências do Ambiente, ministrada no 7º ciclo do curso.
“Dentro da proposta do curso, um dos objetivos era desenvolver algumas soluções com base no conhecimento da programação que eles vêm adquirindo dentro da Ciência da Computação. Então, a proposta do aplicativo é justamente avisar a população de situações que ocorrem rotineiramente relacionadas à qualidade do ar”.
Com isso, Alexandra acredita que a população vai se tornando mais bem informada dos riscos que ela corre, pois muitas vezes a pessoa tem algum problema respiratório decorrente de uma situação que ela não imagina que está acontecendo e, com o QualiSP, essa pessoa pode até fazer uma relação entre algum sintoma que está se manifestando no momento e a qualidade do ar da localidade onde ela está.
Luís Fernando Ferrara, professor e coordenador do curso de Engenharia da Computação e de Engenharia Eletrônica, ligado à orientação do aplicativo, diz que os alunos demoraram cerca de um ano para a elaboração do trabalho com o QualiSP. O professor também conta que antigamente esse tipo de projeto seria mais complicado de ser implantado. “No passado, você não tinha smartphones nem Internet direito e, onde havia a Internet, ela só carregava texto”.
Ele diz também que todos os projetos do curso procuram mexer com o dia a dia das pessoas, com situações reais. “Temos projetos de acessibilidade em outras disciplinas, de iniciação científica, de auxílio ao deficiente e afins, mas sempre pensamos em algo que esteja ligado ao cotidiano, que esteja ligado às pessoas de modo geral”. O professor conta que ele e os alunos fizeram pesquisas e não foi encontrado nenhum aplicativo igual nos moldes do QualiSP.
O QualiSP pode ser baixado em smartphones com o sistema operacional Android na loja de aplicativos Google Play. Possivelmente poderá ter uma versão para o sistema operacional iOS. O download é feito de graça.