Na pesquisa, Santos Filho identificou 83 espécies de aves e que pertencem a 18 ordens e 32 famílias, totalizando 401 exemplares resgatados. O número de espécies resgatadas em 2014 foi de 25, com 43 salvamentos acontecendo em 2015 e 42 nos anos de 2016 e 2017.

“A crescente urbanização sem planejamento e a destruição do ambiente natural têm proporcionado a ocupação de áreas urbanas por animais silvestres, assim acontecendo uma alta crescente no número de acidentes em áreas urbanas”. Essa foi uma das constatações do Mestrado em Auditoria Ambiental de Luiz Bezerra dos Santos Filho, apresentado no dia 7/8.

Santos Filho identificou 83 espécies de aves e que pertencem a 18 ordens e 32 famílias, totalizando 401 exemplares resgatados. Em relação à alimentação, a maior parte das espécies são onívoras (25), seguida por insetívoras (13), frugívoras (11), gramívoras (10), frugíforas/insetívoras (8), carnívoras (6), insetívoras/ carnívoras (6), herbívoras (3) e nectarívoras (1).

“A diferença na abundância de aves resgatadas durante os anos avaliados parece estar relacionada ao crescimento populacional contínuo, pois ficou evidenciada a correlação entre o aumento no número de resgates e o aumento do número de habitantes, escreveu Santos Filho.

“Não houve variações na abundância entre as estações climáticas, porém as espécies registradas entre os períodos foram diferenciadas. Dois fatores atuaram interligados nas diferenças espaciais: o número de habitantes e a presença de diferentes níveis de vegetação. As áreas urbanizadas com presença de vegetação são responsáveis pelo maior número de resgates”.

Com base nos resultados obtidos, Luiz Bezerra dos Santos Filho sugeriu o direcionamento de campanhas de conscientização ambiental que enfoquem a prevenção de acidentes com aves no perímetro urbano, principalmente nos bairros com alta densidade populacional (urbanização) e com a presença de remanescentes florestais. “Além disso, é importante reconhecer as principais causas dos acidentes e se faz necessário para evitar novos incidentes”.

A dissertação tem como tema “Padrões Sazonais e espaciais dos resgates de aves no município de Praia  Grande – Litoral Centro do Estado de São Paulo, Brasil”. Participaram da banca: o Prof. Me. Matheus Marcos Rotundo, o Prof. Dr. Álvaro Luiz Diogo Reigada e o Prof. Dr. Teodoro Vaske Júnior, da UNESP.

O objetivo do estudo foi avaliar a variação sazonal e espacial (relacionada aos níveis de urbanização e vegetação) dos resgates de aves da cidade de Praia Grande. “Compreender os padrões de distribuição da avifauna em um ecossistema urbano é importante para o planejamento sustentável das cidades, assim como para a conservação dos recursos naturais”, diz Luiz Bezerra.

Etapas da pesquisa

O levantamento dos dados ocorreu a cada mês nas dependências da sede da Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande, no Setor de Proteção Ambiental (SPA), entre outubro de 2017 e janeiro de 2018. O estudo foi realizado a partir das informações registradas nos Relatórios de Ocorrências com Fauna (ROF), no período entre 2014 e 2017. Os aspectos selecionados nos ROFs foram: identificação taxonômica e vernacular, data e local, e número de exemplares.

As análises referentes a variações sazonais consideraram o agrupamento dos meses em estações climáticas: verão (janeiro, fevereiro e março), primavera (outubro, novembro e dezembro), outono (abril, maio e junho) e inverno (julho, agosto e setembro).

Foram avaliadas a composição, riqueza, abundância e similaridade entre os anos, estações climáticas e áreas definidas com base na urbanização e vegetação.  Para fins comparativos, foram considerados como resgate ou recolhimento, a atividade resultante na captura do animal pelo Grupamento Ambiental da GCM por solicitação da população.

Características dos bairros

A área do município de Praia Grande foi dividida em quatro setores: AR1: caracterizada pela alta urbanização e baixo gradiente de vegetação, AR2: alta urbanização, porém com presença expressiva de vegetação, AR3: baixa urbanização com alto gradiente de vegetação e AR4: alta urbanização sem vegetação. A definição das áreas, níveis de urbanização e vegetação foram realizadas usando o software Google Earth.

Com base na metodologia proposta, Luiz Bezerra verificou que 46,66% dos bairros foram categorizados como pertencentes a AR2 (alta urbanização, porém com presença expressiva de vegetação), sendo eles: Canto do Forte, Sítio do Campo, Vila Sônia, Antártica, Tupiry, Quietude, Nova Mirim, Esmeralda, Samambaia, Melvi, Caiçara, Real, Flórida e Solemar.

Em segundo lugar, sete bairros (23,33%) foram categorizados como AR3 (baixa urbanização com alto gradiente de vegetação). São eles: Xixová, Santa Marina, Andarágua, Ribeirópolis, Imperador, Princesa e Cidade da Criança.

Em seguida, seis bairros (20%) foram categorizados como AR1 (alta urbanização e baixo gradiente de vegetação), sendo eles: Boqueirão, Guilhermina, Glória, Aviação, Mirim e Maracanã. Por fim, três bairros (10,01%) foram categorizados como AR4 (alta urbanização sem vegetação), sendo: Tupy, Ocian e Anhanguera.

Banca           

O Prof. Me. Matheus Marcos Rotundo é Mestre em Pesca e Aquicultura pelo Instituto de Pesca do Estado de São Paulo (2012). Atualmente é pesquisador-docente da Universidade Santa Cecília, curador e coordenador do Acervo Zoológico e professor das Disciplinas de Bioecologia de Peixes e Biogeografia. Atua principalmente com Peixes Marinhos e Estuarinos, nas seguintes linhas: Diversidade, Bioecologia, Zoogeografia, Taxonomia e Etnobiologia Pesqueira.

O Prof.. Dr. Alvaro Luiz Diogo Reigada possui mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1994) e doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999). Atualmente é professor e pesquisador da Universidade Santa Cecília. Tem experiência na área de Zoologia, com ênfase em Biologia e Ecologia de Crustacea.

O prof. dr. Teodoro Vaske Junior é pós-doutor júnior – CNPq pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Campus São VIcente (2009). Foi pesquisador DCR-CNPq, é doutor e professor visitante na UFRPE em Recife. Foi professor titular na Graduação do Curso de Ciências Biológicas e Professor do Corpo Permanente do Mestrado em Ecologia da Universidade Santa Cecília. É professor assistente na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus do Litoral Paulista, onde orienta mestrados e doutorados na UNESP-CLP.