"Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente." (Trecho do Manifesto Antropófago)

Em sua segunda edição, o webinar “Café 22 – Do moderno ao transmoderno” debaterá a identidade brasileira como uma entidade antropofágica.  O debate acontecerá on-line em 14 de agosto, às 16h, no canal www.youtube.com/unisantaweb, com a participação da jornalista Carlota Cafiero, da atriz Priscila Ribeiro e do psicólogo Breno Ayres, com mediação do cineasta Eduardo Ricci. Haverá a participação especial das cantoras Alice Mesquita e Márcia Okida, ambas participarão em momentos diferentes do bate-papo, cantando e celebrando o Brasil que resiste com sua produção artística. Uma homenagem a todos os amigos e amigas que partiram vítimas da Covid-19. Esta ação cultural é realizada pela comissão organizadora da Semana de Arte Transmoderna de 22, da Baixada Santista, e das celebrações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, integrada por representantes do Fórum da Cidadania, Unisanta, Colégio e Sistema de Comunicação Santa Cecília, Museu do Café, Sesc Santos, Seduc Santos, Jornada do Patrimônio Histórico, entre outras instituições.

Como um preparativo de cocriação das celebrações do centenário da Semana de 22 e do bicentenário de uma independência ainda em transe, o Café 22 debaterá o movimento antropófago por meio do seu conceito de alimentar-se do outro e da apropriação criativa que tanto faz parte da identidade brasileira. O afeto e a economia da cultura serão os temperos desse banquete antropofágico, que teima em servir a arte num país que vive um apagão na política nacional de cultural.

Assim como na primeira edição, a conversa trará menções à relevância do movimento modernista e na ressignificação dos seus preceitos, com um olhar “transmoderno”, que atravessa o momento atual e nos conecta com o passado repaginado e cocriador de futuros melhores. O espectador degustará um novo café da tarde antropofágico, com sabor de arte moderna que transborda os tempos atuais. O cheirinho de café volta à sala e traz o convite para saborear este instante presente e cheio de novos caminhos afetivos.

Theodore de Bry. Cenas de Antropofagia no Brasil, 1596.

Painéis: “Brasil, entidade antropofágica”:

Painel 1: As mulheres modernistas serão a base do painel apresentado pela jornalista Carlota Cafiero. Sem participar da Semana de Arte Moderna de 22, Tarsila do Amaral foi responsável pela tradução visual do movimento; após uma quase morte, ainda menina, Anita Malfatti renasceu para a pintura e causou furor entre intelectuais conservadores; apesar da participação decisiva na Semana e de suas ilustrações para a revista Klaxon, Zina Aita é praticamente esquecida. Em comum, essas três mulheres beberam nas vanguardas europeias, mas para fazer reverência às raízes do Brasil.

Painel 2: A atriz Priscila Ribeiro vai falar dos processos que perpassam a criação de uma personagem, antropofagia na perspectiva da empatia, do se colocar no lugar do outro e construir em si, através do outro, uma narrativa capaz de transformar o próprio interior para o melhor e, se a sorte estiver junto, a possibilidade de tocar o interior do outro, a fim de avançar coletivamente.

Painel 3: O psicólogo Breno Ayres trará em sua fala o fato de que hoje a psicologia contemporânea entende que só nos tornamos alguém em convívio. Precisamos do outro e o outro precisa de nós, somos com os outros, com as coisas, e é isso que estamos aprendendo com a luta negra e indígena em nosso país. E não há outro modo: somos todos antropófagos! O que isso tem a ver com o movimento modernista de 1922? Será que hoje, como alerta Denilson Baniwa (artista amazonense e indígena da etnia Baniwa), o movimento modernista não é buscar ativamente uma “re-antropofagia”, ou consolidar a lucidez de que a “antropofagia agora é devorar de tudo o que existe sem usar talheres franceses”.

Tarsila do Amaral. Antropofagia, 1929.

Mais informações com a Ricci Filmes, coprodutora do debate on-line: cinericci@yahoo.com.br ou 13 98230-4599.

Painelistas convidados:

Carlota Cafiero (jornalista)

Jornalista com experiência na cobertura cultural nacional e internacional, colunista de arte e colaboradora do jornal A Tribuna, historiadora da arte e professora de curso superior. Formada jornalista pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), concluiu mestrado em Ecologia, pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA), em Santos, e especialização em História da Arte pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), São Paulo. Foi repórter de Cultura no jornal A Tribuna, de Santos, entre dezembro de 2012 e outubro de 2018, e no jornal Correio Popular, de Campinas, entre fevereiro de 2000 e julho de 2009. Publicou os livros “Por dentro do ateliê – Artistas Visuais de Santos” (2019) e “A Arte de Luís Otávio Burnier – Em busca da memória” (2003), biografia do fundador do Grupo Lume Teatro, pela Editora Hucitec-Unicamp. É locutora, com experiência em rádio FM e formação com DRT pelo SENAC Campinas.

Priscila Ribeiro (atriz)

Priscila Ribeiro é atriz, conselheira tutelar e bacharela em Serviço Social na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Entre seus trabalhos como atriz, recebeu destaque de crítica no espetáculo ZONA, do Coletivo, que integrou o FESTA – Festival Santista de Teatro e o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas promovido pelo Sesc. Através do projeto Manufatura de Monólogos do Sesc Santos, escreveu e atua no monólogo “Lágrima de Laura”, dirigido por Juliana do Espírito Santo, Companhia VozAvós que segue em cartaz por outros espaços de Santos e São Paulo, está em cartaz com o curta “Preciso parir uma lágrima”, inspirado no monólogo. Atua na peça infantil “A Cinderela brasileira” da companhia Casa 3, atuou no longa “Sócrates” e participou dos curtas “Vou sair pra catar gente” e da websérie “Nossa voz ecoa”, apresentada por Preta Rara.

Breno Ayres (psicólogo)

Breno Ayres Chaves Rodrigues, dracenense, músico, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, atua como psicólogo clínico na Affectio Saúde Mental e no Instituto de Psiquiatria e Saúde Mental de Santos; é professor do curso de Psicologia da Universidade Santa Cecília, em Santos/SP.

Mediador

Eduardo Ricci (cineasta)

Trabalha com cinema desde 1995, é fotojornalista e cineasta, já realizou cinco curtas-metragens, três exposições fotográficas com colagens e videoinstalação, coordena o Cineclube Lanterna Mágica e o LabCine – Unisanta (Santos/SP) desde 1999, é diretor do Festival CINEME-SE da Experiência Audiovisual, criado em 2004. Também em 2004, deu início às ações da Ricci Filmes, sua produtora de experiência do cinema. Realiza desde 2008 o ensaio cine fotográfico “Verticidades”, um recorte de esquinas em várias cidades nacionais e internacionais.

Cantoras convidadas especiais:

Alice Mesquita (Cantora)

Gosto de cantar em casa, na casa dos outros, na natureza, no palco. Sempre gostei de cantar. Sozinha ou acompanhada. Quando li a frase de Rabindranath Tagore, poeta indiano, prêmio Nobel de literatura em 1913: “Deus me respeita quando trabalho, mas Deus me ama quando eu canto”, recebi a permissão de cantar e entendi a sincronicidade do destino. Algo que vem ao meu encontro como seta sinalizadora do caminho a seguir… e é por aí que vou…

Márcia Okida (Designer visual e cantora)

Coordenadora de curso na empresa Produção Multimídia – Unisanta Oficial, cantora & atriz na empresa Actriz, cantora, apresentadora, produtora musical e professora universitária na empresa Produção Multimídia – Unisanta Oficial.