Como parte das comemorações Rumo ao Jubileu – 50 anos de FESTA, da Federação Santista do Teatro Amador (FESTA), foi lançado no dia 11/07 o site do FESTA 48.
O evento aconteceu na Oficina Cultural Regional Pagu – Cadeia Velha, em Santos. O site está sendo desenvolvido em parceria com a UNISANTA e traz em sua apresentação um texto da escritora Lúcia Teixeira Furlani.
Confira:
A Patrícia Galvão – Pagu
* Lúcia Maria Teixeira Furlani
Já se passaram 44 anos desde sua partida. Não por acaso, foi em Santos, terra onde adorava viver e teve destacada atuação cultural na década de 50, que ela morreu. Patrícia Galvão, ou Pagu, viveu literalmente cercada pelas palavras. Em sua trajetória de vida e obra (1910-1962), das palavras valeu-se como jornalista, crítica de letras, artes, televisão e teatro, poeta-desenhista, romancista, política militante, dissidente política, incentivadora cultural, mulher precursora e revolucionária.
Em Santos, incentivou o teatro amador, fez campanha para a construção do Teatro Municipal (instalado hoje no Centro de Cultura que leva seu nome), traduziu e dirigiu teatro de vanguarda; fundou a Associação dos Jornalistas Profissionais e a União do Teatro Amador, que revelou tantos artistas depois consagrados em teatro e televisão.
Participou ativamente de movimentos políticos e culturais importantes que afetaram nosso País e o restante do mundo, a partir do Modernismo e da utopia que o caracterizou.
Antecipou-se e fugiu do maniqueísmo político da época. Denunciou tanto o autoritarismo da direita como o da esquerda.
Em seus 52 anos de vida e buscas, não lhe faltou visão, ou seja, a arte de ver coisas invisíveis.
Para homenagear alguém avesso a homenagens, formalismos e academicismos, podemos dizer hoje a ela que se pode enterrar a liberdade, mas não se pode matá-la. Você, Patrícia, lutou pela liberdade, foi presa e sofreu por ela. Mas vida e morte são temporárias. A liberdade é eterna.
Por isso, Pagu, nem tudo está perdido. As perguntas essenciais continuam sendo feitas pelas crianças. Cresce o número de jovens e pessoas voluntárias, preocupadas em corrigir desigualdades e distribuir amor. O Brasil é hoje muito mais convicto dos valores democráticos do que há tempos atrás. Pagu, a sua União do Teatro Amador continua existindo, com o nome de Federação, e incentivando artistas.
Juntas, a Federação e a Universidade Santa Cecília – UNISANTA, estão iniciando esse site, em comemoração aos 50 anos do Festival de Teatro Amador de 1958.
A Unisanta mantém ainda o Centro de Estudos Pagu, que preserva toda sua trajetória de vida-obra e incentiva o potencial criativo e artístico da região.
Você, Pagu, nos deu sua alma e nós, santistas, lhe entregamos o nosso coração.
Não se ganham corações de presente. Corações, só os recebemos, por merecimento.
* Lúcia Maria Teixeira Furlani é autora de diversos livros,
entre os quais Pagu, doutora em Psicologia da Educação e Diretora Presidente do ISESC, que mantém a UNISANTA.