TEP Unisanta realiza, em abertura de processo, apresentação de “Vila Belmiro – A Noite da Navalhada”, no dia 16/11

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O grupo envolverá dinâmicas como cantoria, dramaticidade circense, técnicas de palhaçaria, entre outras manifestações artísticas.

Encerrando as atividades públicas do ano, o TEP – Teatro Experimental de Pesquisas, da Unisanta, apresenta, em abertura de processo, o seu mais novo espetáculo, composto pela fusão de dois textos teatrais, Vila Belmiro – A Noite da Navalhada, de Gilson de Melo Barros, que responde também pela direção do espetáculo, e Beatriz Rota-Rossi, decana colaboradora e parceira do grupo. O encontro acontecerá no próximo dia 16, às 19 horas, no Teatro Rosinha Mastrângelo, com acesso livre para todos os interessados. Indicação etária: maiores de 14 anos.

O Vila Belmiro, escrito originalmente para teatro (2002), e montado pelo TEP no mesmo ano, demonstra em sua espinha dorsal, através da singularidade, a importância dos lugares em que se habita, em nós encrustados como cicatrizes permanentes. A memória do período da intervenção militar na cidade de Santos serve como vértice para os fatos que se desenvolvem em sua narrativa, centrada nas desventuras da personagem Jacirema, uma santista da gema, moradora por toda a vida no bairro que dá nome ao espetáculo, viúva de Juremar, trabalhador portuário, e mãe de quatro filhos, “todos com nomes de mar – Ademar, Osmar, Mário e o Disouza”. Este último, em licença lírica, poeta e alma do povo santista, súbita e misteriosamente desaparecido, como o pai, pelas “quebradas do mundaréu”.

Para dar corpo e voz a alguns personagens, principalmente Jacirema e Mário, personalidades de Santos e cercanias são lembradas através de citações e pensamentos próprios que se amalgamam à trama, como os poetas Narciso de Andrade e Rui Ribeiro Couto, o diretor teatral Tanah Correa e a viúva de Rubens Paiva, Eunice Paiva, em justas e merecidas homenagens.

“Ao se buscar o texto original para a atual montagem, deparamos com o seu desaparecimento, a ausência de registros e, mesmo com intensa busca, quase nada foi encontrado, a não ser o roteiro cinematográfico, por mim também desenvolvido, para a realização do curta-metragem de mesmo nome lançado pelo grupo em 2005, sobre o qual a remontagem acabou se desenvolvendo”, esclarece o autor-diretor.

Da realização inicial, de 2002, foi resgatado também o texto da Beatriz Rota-Rossi, A Noite da Navalhada, que entrou no espetáculo como uma alusão a um trecho do livro de Lidia Maria de Melo sobre o navio prisão Raul Soares, em que se referia às salas de tortura que eram realizadas nessa embarcação e, ironicamente, “apelidadas” com nomes de casas de espetáculos do centro noturno de Santos à época, como Casablanca, My Love e Love Story. Este último, lugar onde a trama da Beatriz se desenvolve.

Como o nome do texto já diz, A Noite da Navalhada, Beatriz desenvolve sua trama através da narrativa de uma tragédia, um fato real, acontecida entre uma prostituta novinha e um marinheiro desembarcado, nas dependências da boate Love Story, um dos pontos de efervescência boêmia do centro noturno de Santos, em meados dos anos 70. Em notas de saudar, relembra alguns dos frequentadores da região, seus companheiros de documentação artística da noite alternativa da cidade, entre eles Plinio Marcos, Luiz Hamen e Alex Vallauri.

Apesar do tema drástico, dramático e sempre urgente, abordado pelos textos, o grupo busca, com certa leveza em sua dramatização, um acento atenuante a dar espaço para a reflexão sobre os assuntos tratados e respiração para alívio das tensões inevitáveis, utilizando para tanto cenas de cantoria, dramaticidade circense, técnicas de palhaçaria, clown e outras bufonarias, obtidas através de várias oficinas desenvolvidas pelo grupo, cujas dinâmicas absorvidas foram reinterpretadas e inseridas no espetáculo ao longo do seu processo da montagem.

Direção geral: Gilson de Melo Barros

SERVIÇO – TEATRO ROSINHA MASTRÂNGELO
Avenida Pinheiro Machado, 48 / Vila Mathias – Santos – SP / Entrada franca