Depois de quase oito meses de ensaios preparatórios, desenvolvimento de toda a produção, passagem por dois festivais, o Fescete 26 e o Festa 64, chega aos palcos para mais uma apresentação o espetáculo O homem que sonhava pernas passos e canções, montado pelo grupo TEP – Teatro Experimental de Pesquisas, da Unisanta. A apresentação está agendada para o próximo dia 7 de outubro, às 20 horas, na sala Iracema de Paula Ribeiro, no Tescom – Escola de teatro, com entrada franqueada ao público.
O espetáculo foi realizado a partir de uma colagem de textos pertencentes à lírica de diversos autores nacionais, de vários períodos, compilados e organizados pelo diretor do espetáculo, Gilson de Melo Barros, especialmente para comentar e celebrar duas datas importantes comemoradas neste ano, o Centenário da Semana de 22 e o Bicentenário da nossa Independência Política.
Concebido como uma entropia distópica sobre a história do Brasil, cobrindo um arco narrativo que se desenvolve de 1500 até os dias atuais, o espetáculo aborda, de forma lapidar, alguns momentos que marcaram o desenvolvimento do nosso processo civilizatório, como o encontramento das terras brasileiras pelos colonizadores, o desenvolvimento dos seus primeiros ciclos econômicos, a servidão indígena e negra, a Inconfidência Mineira, todo o processo da independência política do país, a criação da República e o encaminhamento para os atuais movimentos políticos atravessados pela nação, que culminaram com a promulgação da Constituição de 1988.
Para a construção do texto, foi organizada pelo autor uma série de encontros literários improváveis, em que poderemos nos deparar, através de conexões de ideias, com o pensamento de inúmeros artistas brasileiros, dos mais diversos períodos, como já dito, a dialogar entre si em uma fabulação que vai de Pero Vaz de Caminha a Torquato Neto, de Castro Alves a Conceição Evaristo, de Gregório de Matos a Caetano Veloso, de Padre Antonio Vieira a Oswald de Andrade, entre outros, unidos a celebrar, cada um com sua tônica, os assuntos que, reunidos, narram a epopeia deste quinhão chamado Brasil. Para tal manobra, Gilson contou com a consultoria, em especial parceria, da artista plástica e professora de História da Arte Beatriz Rota-Rossi, frequente colaboradora do TEP, em mais uma eficiente participação.
Com ensaios realizados a partir de janeiro deste ano, na própria Unisanta, o grupo contou com diversas parcerias para o desenvolvimento do espetáculo: aulas de preparação corporal, por Arlaine Gomes; expressão vocal, por Lilian Rocha; laboratórios de maquiagem e criação de figurinos, por Rose Magalhães e Lindalva Parolini, respectivamente. Essas atividades foram direcionadas ao aprimorando dos atores e acabamentos do espetáculo.
Para a composição do elenco, novos e antigos parceiros se uniram ao grupo, a interpretar em sistema coringa (vários personagens-falas para cada ator) os textos do espetáculo: Henrique Pergolizzi (Aedo, Corifeu e Pero Vaz de Caminha), Tallyta Felix (Jaci, Beata e Coro), Cícero Pinto (Português e Coro), Edelvira Azevedo (Índia e Coro) e Marcos Vicente (Coro).
O espetáculo, com música original de Julinho Bittencourt e Rodrigo Savazoni, tem a sonoplastia assinada por Jota Amaral, e cenografia, por Gilson de Melo Barros, além de contar com Pedro Paulo Zupo e Tales Ordakji na produção.
Com recomendação livre, o trabalho apresenta-se com entrada gratuita (retirar a partir de uma hora antes do início dos trabalhos na bilheteria do teatro). Recomenda-se o uso de máscara.
Bom espetáculo!
SERVIÇO:
Sala Iracema de Paula Ribeiro / Tescom – Escola de Teatro
Avenida Rodrigues Alves, 195 – Macuco, Santos