Apesar de obter nota máxima (10,0) em todos os quesitos, a Escola de Samba X-9, que levou para a Passarela do Samba Drauzio da Cruz o enredo “Eh! Pagu Eh, Paixão de fazer doer”, terminou o Concurso das Escolas de Samba de Santos na nona colocação. A apuração foi realizada na tarde desta quinta-feira (02/03), no Centro de Cultura Patrícia Galvão.
A X-9 teria totalizado 170 pontos, não fossem os dez pontos descontados em razão da ter desfilado com 22 integrantes em sua Ala de Baianas, quando o regulamento impõe um mínimo de 30. Esses 170 pontos a teriam colocado em pé de igualdade com a Brasil, Padre Paulo e Sangue Jovem, proclamadas campeãs do Carnaval 2006 de Santos. Todas obtiveram 170 pontos e, no critério de desempate, não houve diferença. A União Imperial ficou em segundo lugar, com 169 pontos.
A diretoria da X-9 chegou a impetrar recurso logo após a realização do desfile, alegando que a exclusão da Escola Última Hora havia alterado os horários de entrada nas escolas no sambódromo. Mas a ação não surtiu o efeito desejado. De qualquer forma, os integrantes da X-9 declararam-se vencedores, independente do resultado final, determinado pela punição.
Vinte e sete pessoas da Baixada Santista fizeram parte da comissão julgadora deste ano, presidida por Luís Pereira de Carvalho Júnior, o Lula. Além desses 27 integrantes, a comissão contou também com dois suplentes e mais o coordenador de mesa. Doze escolas de samba (11 de Santos e uma de Guarujá) foram avaliadas nos seguintes quesitos: Bateria, Harmonia, Evolução, Enredo, Samba de Enredo, Fantasias, Alegorias e Adereços, Mestre-Sala e Porta-Bandeira, e Comissão de Frente.
UNISANTA – A Universidade Santa Cecília (UNISANTA) editou os livros que embasaram o enredo “Eh, Pagu, eh, paixão de fazer doer”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato di Renzo, professor da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA. Os figurinos criados por Ademir Fontana para a Ala dos Jornalistas (integrada por professores, funcionários e alunos da UNISANTA) tiveram confecção, arte e acabamento das fantasias a cargo dos professores Fátima Alves Barroso e Camila Gonçalves, do Curso de Gestão de Negócios da Moda e Gilson de Melo Barros, de Artes Plásticas. O presidente da X-9, Leandro Chadad, estuda Direito na Universidade e foi aluno do Colégio Santa Cecília.
Nas cores rosa, lilás, verde, azul e roxo, as fantasias foram confeccionadas com a participação de alunos do Curso de Moda. O trabalho foi feito fora do expediente das aulas, muitas vezes de madrugada. Os figurinos leves traziam pintados os nomes que Pagu usou: Patsi, Brequinha, King Shelter, Zazá, Luda, Irmã Paula, G.Lea, Leonnie, Ariel, Gim, Mara Lobo, Peste, Cobra…
Para Leandro Chaddad, “o espírito guerreiro da Pagu é um exemplo para a X-9, que enfrentou também dificuldades nos últimos anos e buscou, com muita garra, seu retorno ao Carnaval”.
PAGU REPRESENTADA – Com um misto de espiritualidade e sensualidade, como foi Pagu, a musa libertária representada, escritora e educadora Lúcia Maria Teixeira Furlani representou Pagu na Passarela do Samba, no ponto mais alto do carro abre-alas da X-9.
O figurino exibido por Lucia refletiu algo de “melindrosa’ e mulher intelectual, ousada, à frente de seu tempo, como foi Patrícia Galvão, a Pagu. O design foi inspirado em fotos da época, revistas, nos livros e documentário de Lúcia, Pagu, Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo.
O estilo alta costura é glamouroso, com bordados discretos, mas refinados, enfeitando o tecido azul (veludo cristal) nas cores azul, rosa, vinho e verde. A mistura de tons simboliza também o “caldeirão de influências” que viria eclodir no Movimento Modernista de 1922. Uma echarpe completou o vestuário, presa ao tecido e nas mãos.
Nos cabelos, Lúcia levou um feixe de plumas finas e compridas (egrete). O vestido mostra as preferências da sociedade paulistana nos anos 20, inspiradas na moda européia, especialmente a francesa.
“Pagu, introduzida muito jovem na alta sociedade pelo casal Tarsila e Oswald de Andrade, vestia-se muito bem nessas reuniões em que a intelectualidade de vanguarda e a boêmia se misturavam”, afirma Lúcia Maria Teixeira Furlani.
A educadora colaborou nas pesquisas do figurinista Ademir Fontana, ouvindo ainda especialistas e professores do Curso de Gestão dos Negócios da Moda e de Educação Artística da Unisanta.