A mostra terá 25 quadros em óleo sobre tela e guaches, além de peças de cerâmica

Nesta sexta-feira, dia 10, às 10h, a Universidade Santa Cecília (Unisanta) apresenta ao público parte das obras do renomado artista Armando Sendin doadas à Universidade.

Chama a atenção a riqueza de detalhes e a facilidade com que Sendin transita, com perfeição, entre o realismo e o abstrato na mesma obra, revela o professor de Artes da Unisanta, Elver Savietto, responsável pela montagem da exposição.

O público poderá conferir 25 quadros e cinco cerâmicas, algumas com a primorosa técnica europeia dos reflexos metálicos. Há quadros de 1965 a 2004 e cerâmicas que datam da década de 50. Entre os temas estão nus femininos, formas geométricas, animais e cenários que parecem fotografias.

“Sendin é um mestre da pintura. É impressionante como ele mostra os detalhes. Fios de cabelo, marcas naturais da pele, a transparência de roupas, além da perspectiva e o tratamento dado para criar a profundidade são alguns dos admiráveis detalhes em suas obras”, comenta Savietto.

Pintor, ceramista, escultor, desenhista, gravador e professor, durante sua carreira, Sendin realizou trabalhos de pinturas realistas. A mostra é assim um convite a compartilhar de um instante registrado pelo artista diante do mundo que o cerca.

Carioca nascido em 1928, na década de 60 tomou Santos como residência e posteriormente passou a viver e trabalhar na Espanha.

Antonio Abad, autor do livro Armando Sendín: la génesis del instante  fala sobre o artista: “Aproximar-se da obra de Sendin é aproximar-se de uma dualidade, em razão de seu procedimento artístico abarcar duas direções, duas maneiras de conceber o mundo e expressá-lo”.

Sendin é considerado um dos maiores representantes do realismo brasileiro e sempre contestou esse olhar sobre sua obra, explicando que era um “instantista”, pois retrata um instante fugidio da realidade, um fragmento da mesma e não a realidade em si, como faziam os hiper-realistas norte-americanos.

Ao mesmo tempo em que captava a realidade, desenvolvia trabalhos eminentemente abstratos, o que explica a colocação dual a que se refere Antonio Abad. Toda a trajetória do artista é permeada por esse duplo aspecto em sua obra, constituindo-se na essência de seu compromisso estético.

A pesquisadora Yasmin Liz Branco em seu artigo intitulado “A Repercussão da Fotografia na 13ª Bienal de São Paulo”, publicado em 2012 afirma que Sendin nunca enfatizou o uso da fotografia como discurso estético, poético ou conceitual. Entretanto conclui que a fotografia foi a principal sensibilizadora da criação deste artista ao longo de sua carreira.

A mostra permanece aberta ao público até o dia 17, de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h30. O Espaço Cultural Unisanta fica na Rua Oswaldo Cruz, 277, Bloco M.

Biografia

Armando Moral Sendin dedica boa parte de sua vida a estudos: cursa a Escola de Belas Artes de Priego na Espanha (por volta de 1940); filosofia na Universidade de São Paulo (1945 a 1949); especialização em estética, com Bogumil Jasinowsky, na Universidade do Chile (1950); e, como bolsista do governo francês, estética na Sorbonne, com mestre Souriau (1950 a 1953).

Durante suas viagens, trabalha com Gensoli na Manufatura Nacional de Sevres, França, e desenvolve pesquisas com o ceramista Zuloaga e técnicas de cerâmica de origem oriental com Guardiola e com Gonzalez-Marti, na Espanha.

Entre 1954 e 1964, dá cursos de pintura, cerâmica, escultura e desenho em seu estúdio, em São Paulo. Nessa mesma cidade, realiza sua primeira mostra individual, no Clube dos Artistas em 1960. Em 1965, publica um livro didático intitulado Cerâmica Artística. Na década de 80, recebe o Prêmio Ribeiro Couto como destaque do ano em Artes Plásticas (1982). Fonte: site Enciclopédia Itaú Cultural.