Quem chega à sala 52 do Bloco D da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), a princípio tende ao espanto. Ao invés de carteiras, quadros negros cobertos com explicações mil sobre determinada matéria e um professor bastante compenetrado, o que se observa é o agito que beira ao caos de um barracão de Escola de Samba às vésperas do Carnaval.
Sob o comando atento de Gilson Barros, professor dos cursos de Artes Plásticas e Arquitetura, cenógrafo, diretor teatral e homem de estreita ligação com as coisas da Cultura, um grupo bastante heterogêneo, formado por funcionários da instituição, ex-alunos e amigos, trata de transformar coloridas peças de tecido em belas fantasias .
“São 120 fantasias, que incluem chapéu, sapatilhas, meias e guarda-chuvas, à guisa de adereço de mão”, destaca o professor Gilson, já habituado ao corre-corre de um barracão de escola de samba. “Essa não é a minha primeira experiência. Já cuidei do figurino de uma ala da União imperial; trabalhei com o Jean Herrero, na Padre Paulo, na confecção de alegorias (carros alegóricos), e também na X-9, pouco antes da paralisação do Carnaval em Santos, há cerca de cinco anos.
O professor Gilson diz que a participação da Universidade junto à X-9 abre caminho para o estreitamento das relações entre a Educação Superior e a Cultura Popular, de maneira a ampliar a compreensão da Sociedade, em seus mais diferentes segmentos e manifestações.
No trabalho desenvolvido na sala 52, o professor Gilson e seus colaboradores utilizam tinta spray e purpurina nas fantasias; lantejoulas e paetês, nos chapéus, glitter e paetês, nas golas, além de tinta spray e purpurina, nos guarda-chuvas. As peças estão sendo confeccionadas no Atelier de Gestão de Negócios da Moda, com a participação das alunas do Curso, sob a coordenação das professoras Fátima Barroso e Camila Oliveira.
Neste Carnaval 2006, a UNISANTA e Escola de Samba X-9 uniram-se para para mostrar Patrícia Galvão, a Pagu, na Passarela do Samba. A agremiação carnavalesca tem enredo “Eh! Pagu Eh, Paixão que faz doer”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Di Renzo, professor da Faculdade de Artes e Comunicação (FaAC) da Universidade. A instituição de ensino será representada por professores, alunos e funcionários, que comporão a Ala dos Jornalistas no desfile da X-9.
O enredo foi elaborado com base em Pagu, Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo, livro de autoria de Lúcia, profunda conhecedora da vida e obra da musa libertária. A fantasia da ala evoca a vivência de Pagu como jornalista, uma de suas múltiplas atividades. O figurino é de Ademir Fontana.