Roupas escuras, silêncio e total concentração, aliados ao embasamento teórico e à utilização de materiais semelhantes aos usados pelos homens primitivos nas pinturas em cavernas há cerca de trinta mil anos a.C. Esta foi a fonte de inspiração escolhida por um dos grupos do 1º ano do curso de Educação Artística da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) para vivenciar o período Paleolítico da pré-história, reproduzindo a arte rupestre daquela época nas paredes do atelier da Universidade.

Coordenada pela professora Beatriz Rota-Rossi, da disciplina História da Arte, a atividade levou os primeiranistas a um estudo profundo sobre as primeiras manifestações de arte da humanidade. Os historiadores Ernst Gombrich e Arnold Hauser foram o ponto de partida das pesquisas, que complementaram as aulas ministradas na Universidade.

Desafio – A idéia, explicam os calouros, não se limitava a reproduzir fielmente os desenhos encontrados nas cavernas, mas “procurar entender o espírito daquele artista e em que condições eles expressavam seus sentimentos”. Segundo as pesquisas feitas pelos estudantes, há pelo menos duas hipóteses que explicam o porquê da arte rupestre.

Os homens da era pré-histórica acreditavam que as cenas de caça representadas nas cavernas escuras e úmidas podiam influenciar de forma mágica seus modelos reais, ou seja, aquilo que fosse pintado, de alguma forma, já estaria sob o domínio humano. Por este motivo, as figuras, embora com linhas simples, precisavam ser perfeitas.

Outra possibilidade, acrescentam os universitários, estaria ligada à garantia da fertilidade. A continuidade das pinturas garantiria a reprodução da espécie e a conseqüente provisão de alimentos para o homem.

Para desenhar e pintar as figuras no atelier da universidade, os alunos usaram carvão, argila, sementes de plantas e pincéis feitos com galhos, penas e pêlos de animais.

Entrosamento – Composta por alunos de faixa etária bem variada, a turma do primeiro ano de Educação Artística ficou satisfeita com os resultados deste primeiro trabalho em grupo. “A heterogeneidade traz crescimento”, afirma Rosa Maria Martins, que reside em Peruíbe, Litoral Sul, e cursa sua segunda faculdade.

“Faltam três anos para eu me aposentar como professora de Matemática, mas foi agora, depois dos 40 anos, que descobri na Arte uma verdadeira terapia para as preocupações da vida. Faço Educação Artística por prazer e estou me realizando totalmente”, destaca.

O mesmo entusiasmo é a marca de tantos outros alunos como Nancy Saia, que pretende lecionar Educação Artística após o término do curso na UNISANTA. “Meus filhos já estão na faculdade e agora senti que é o meu momento. Desde pequena gosto de tudo o que se relaciona com as Artes”, revela a aluna, que já é paisagista.

Linguagem universal – Segundo a professora Beatriz, o trabalho não pára nesta etapa. O próximo passo, diz, é desenhar o que os homens das cavernas desenharam no período Neolítico e transformar o atelier em uma verdadeira caverna pré-histórica.

“Uma das formas de estudar a arte é senti-la na própria pele. Dezenas de milênios separam aqueles homens dos nossos alunos, mas a arte é capaz de apagar todas as distâncias sociais, de raça, religião, tempo e espaço”, destaca Beatriz.