Concentração total. Essas são as palavras chaves que norteiam o comportamento de Ana Marcela Cunha, nadadora da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), de Santos, com vistas à última etapa do Circuito Mundial de Maratonas Aquáticas de 10 km, marcada para sábado (23), em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos.
Do hotel para as sessões de treinamento e dos treinos de volta para o hotel. De agora m diante a rotina da líder do circuito mundial estará resumida a isso. Seu técnico, Márcio Latuf, não quer que ela perca, em segundo algum, o foco na prova decisiva.
Antes mesmo do embarque para Dubai, na madrugada de segunda-feira (18), Ana, Latuf e os pais da atleta (George e Patrícia) haviam acertado que, ao contrário do que habitualmente faz em suas viagens, Ana não disporia de um lap top ou recorreria a um computador para contatos diários com o Brasil.
“Entendemos que ela precisa se esquecer do mundo e focar unicamente a prova, que pode levá-la a topo do mundo”, admite o pai, George. “Não resta dúvida que tanto eu como minha esposa, Patrícia, sentimos muita saudade e vontade de ouvir, ao menos, a voz de Ana, mas, também temos plena convicção de que ela vive um momento único. Nada pode atrapalhar nesta reta final”, diz.
Ainda sem saber ao certo qual o horário da prova em Sharjah, George torce para que os organizadores mantenham a largada, como na temporada passada, para o período da tarde, no horário local, pois seria manhã no Brasil. “Fica difícil extravasar durante a madrugada, caso a prova tenha sua largada no período da manhã, no horário dos Emirados”, afirma.
LIDERANÇA – Líder do ranking mundial – isso desde a etapa inicial, em Santos, no mês de janeiro -, com 106 pontos, dez a mais do que a segunda colocada, Ângela Maurer, da Alemanha, Ana Marcela desembarcou em Dubai na noite de segunda-feira (horário de Brasília), seguindo imediatamente para Sharjah, a cerca de 15 minutos do aeroporto.
Em Sharjad, Ana pode chegar até duas posições atrás da rival alemã para garantir o título. Na hipótese de Ângela terminar em nono lugar, Ana só precisará ter participado da largada para assegurar a conquista.
Independente disso, Ana não adotará uma estratégia defensiva nos Emirados Árabes. Na verdade, Ela pretende repetir a tática adotada na etapa anterior, realizada em Cancun, no México, quando empreendeu um ritmo forte do princípio ao fim.
Já na largada, em águas mexicanas, Ana abriu uma boa vantagem do pelotão, obrigando as demais competidoras a um enorme desgaste físico e psicológico, na tentativa de reduzir a distância, o que acabou se constituindo em algo praticamente impossível de ser feito diante da superioridade técnica e estratégica exibida pela representante da UNISANTA
Ana Marcela de 18 anos, que este ano faturou também uma medalha de bronze na prova de cinco quilômetros do Campeonato Mundial da modalidade, em julho, no Canadá, foi terceira colocada geral do Circuito de 2008, ano em que foi a quinta dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em 2009, mesmo não competindo nas duas últimas etapas, ela obteve pontuação suficiente para outra vez ser a terceira geral, mas o regulamento da competição obriga o atleta a participar da última etapa para ser classificado no ranking final.
A veterana alemã, de 35 anos, tem um histórico respeitável e já se tornou um nome lendário na modalidade. Em 2009, ela foi ouro no Mundial de Roma. Campeã do Circuito Mundial de 2008 e só não subiu no pódio olímpico porque perdeu na batida de mão para Cassandra Patten.