Falar da centenária Pagu para jovens não é uma tarefa fácil. Mas Lúcia Maria estuda há 22 anos a vida da autora e sabe exatamente o que destacar. Para começar, um documentário sobre Patrícia. Depois, todos cantando com ela a música “Pagu”. O terceiro passo foi alternar fala com um documentário em três atos traçando a trajetória fascinante de Patrícia.
De cara, Lúcia disse que Pagu não tem idade, da mesma forma que muitos naquele lugar: “Pessoas que acreditam, que assumem suas paixões e suas angústias, que buscam seus sonhos, não envelhecem. A maturidade não se conta pela idade, mas pela intensidade dos sentimentos, como Pagu. Ela não parou de se revelar por toda sua vida. Era uma mulher do século passado que hoje seria moderna se estivesse viva”.
A autora falou sobre sua pesquisa, seus dois livros anteriores sobre Pagu e o trabalho realizado desta vez para a fotobiografia, com a pesquisa de milhares de imagens e documentos. “Só no livro, são mais de 400 imagens para contar essa história. A mensagem dela, de luta pelos ideais, de busca pelo conhecimento, continua atual. Nós podemos ser como ela: quando queremos ser nós mesmos, vamos além”.
Lúcia revelou, em apenas uma hora, muitas informações sobre Pagu, desde o nascimento em São João da Boa Vista, a juventude, sua participação no Movimento Modernista, a relação com Tarsila de Amaral e Oswald de Andrade, o casamento, os filhos, a prisão e até o final da sua vida, em Santos, quando participou ativamente da cena cultural.
Para que os jovens conheçam mais sobre Pagu, Lúcia Maria também indicou o twitter (@100anosdepagu, o blog e o site www.pagu.com.br. No final da palestra, Lúcia lembrou o ator e autor Plínio Marcos, que conviveu com Patrícia Galvão, em Santos, e que recebeu dela duras críticas em um texto. Ele disse que depois dali foi estudar e cresceu profissionalmente e que por isso, para ele, elogios e críticas ficaram muito relativos. “Para Plínio, Patrícia era um anjo anárquico que veio para nos inquietar”. Quase no final, Lúcia lembrou que a nossa sociedade ainda sofre com a violência e a falta de fraternidade e liberdade, problemas que tanto incomodavam Pagu. Mas a tarde terminou em alto astral, com vários vivas a Pagu e muitos aplausos para Lúcia, nesta programação da FLIP voltada para jovens.