Pesquisadores da Universidade Santa Cecília (Unisanta) realizaram pesquisa inédita que revelou o desequilíbrio ambiental na arborização urbana da cidade de Santos. A engenheira do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta, Profa. Alexandra Franciscatto Sampaio, o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, Prof. Ms. Nelson Gonçalves de Lima Júnior, e os biólogos Renan Ribeiro e Paulo de Salles Sampaio foram os responsáveis pelo estudo que apontou a falta de áreas verdes na maioria dos bairros santistas.
É a primeira vez que um estudo como este foi realizado na parte insular da cidade. A pesquisa mostrou que a quantidade de áreas verdes que Santos possui, com exceção dos morros, é inferior a recomendada pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU). O ideal é que os municípios tenham 15 metros quadrados de área verde por habitante. Santos-ilha possui no total 13,6 metros quadrados de área verde por habitante.
As desigualdades na distribuição das áreas ficam evidentes quando os bairros são comparados. O morro da Nova Cintra possui 171,9 metros quadrados de área verde por habitante, enquanto o bairro do Campo Grande possui 0,07 metros quadrados por habitante.
De acordo com o membro da SBAU, Prof. Demóstenes Ferreira da Silva Filho, em entrevista à imprensa local, os índices na faixa de 5 a 8 metros quadrados por habitante são aceitáveis, entretanto, quando estão abaixo deste valor, são insuficientes para a qualidade de vida humana. A pesquisa aponta que os bairros do José Menino, Gonzaga, Boqueirão, Embaré, Aparecida e Ponta da Praia estão abaixo do ideal.
Para a engenheira da Unisanta, o problema é a má distribuição da cobertura vegetal. Enquanto o canal 3 é bem arborizado, o canal 7 é árido, quase sem nenhum verde, exemplificou a pesquisadora também em entrevista. Segundo a prefeitura de Santos, a cidade possui cerca de 30 mil árvores e previsão de plantio de mais 15 mil só na Zona Noroeste.
A verticalização da cidade e a ocupação de praças com equipamentos públicos também são considerados causadores desses baixos índices.
Soluções – O estudo realizado pela Unisanta não se resume a mostrar os problemas, mas também sugere ideias para solucioná-las. Segundo os especialistas, a primeira ação é criar um indicador que permitisse à população acompanhar a relação entre a área verde e a área construída e que auxiliasse o poder público no planejamento urbano. A partir disso, os governantes poderiam estabelecer metas para o incremento desses espaços.
Outra sugestão é fazer com que o empreendedor reserve em suas construções espaços de uso público, como praças, jardim ou parques. A iniciativa já é adotada em cidades como Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, João Pessoa.
O estudo foi baseado nos bancos de dados da própria Prefeitura de Santos (Santos Digital) e do Instituto Florestal do Estado de São Paulo.