Deu festa brasileira na 3ª Maratona Aquática Internacional de Santos – Unisanta/Troféu Renata Agondi, a primeira etapa da Copa do Mundo da Federação Internacional de Natação (Fina 10 KM Marathon Swimming World Cup 2009), neste sábado (dia 24). A olímpica Ana Marcela Cunha, da Universidade Santa CEcília (UNISANTA), de Santos, foi a vencedora do feminino, fazendo dobradinha com Poliana Okimoto, outra estrela da Olimpíada e também da Cidade.
A vitória empolgou o grande público presente à Praia da Aparecida, em Santos, que também viu os italianos dominarem a disputa masculina, com as três primeiras colocações. Simone Ercoli foi o vencedor, seguido por Luca Ferreti e o campeão da Copa do Mundo e vencedor da prova santista em 2008, Valério Cleri. O baiano Allan do Carmo, também representante olímpico, foi o melhor brasileiro, chegando em quarto lugar, “colado” no italiano.
Com o resultado, Ana Marcela, Poliana, Allan e também o gaúcho Marcelo Romanelli, sétimo no masculino, garantiram vaga na prova de 10 km do Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma, na Itália, em julho. Pela vitória, a brasileira e o italiano faturam U$$ 2,5 mil, enquanto que os vices levaram US$ 2 mil e os terceiros, US$ 1,5 mil.
Junto à disputa internacional, que reuniu grandes nomes, como os medalhistas olímpicos, os ingleses David Davies (prata) e Cassandra Patten (bronze), e os campeões do Circuito Mundial, Valério Cleri e a alemã Angela Maurer, o evento contou com a etapa inicial do Paulista de Águas Abertas, com a participação de mais de mil atletas.
O evento, que faz parte das comemorações do aniversário de 463 anos de Santos e está no calendário oficial do Estado de São Paulo, foi considerado um grande sucesso. Depois de uma semana de chuva e até mesmo frio, o sol abriu, o mar “acalmou” e um grande público prestigiou a competição. “Tudo colaborou e tivemos um evento muito bom”, agradeceu Igor de Souza, diretor-técnico da prova e um dos oito nadadores do Mundo a completar a travessia do Canal da Mancha ida e volta, em todos os tempos.
Na prova principal, de 10 km, a mesma distância da Olimpíada, as disputas foram acirradas. No feminino, Ana Marcela foi crescendo de produção a cada uma das três voltas para, na reta final, abrir um sprint emocionante, sem dar chances de reação às rivais.
Ela completou o percurso em 2h09min49s, nove segundos à frente de Poliana. A alemã Nadine Pastor foi a terceira, com 2h10min00s, um segundo a frente da italiana Martina Grimaldi, seguida de sua compatriota Giorgia Consiglio, com 2h10min03s, e da alemã Angela Maurer (campeã em 2007 e terceira em 2008), com 2h10min04s.
Entre os homens, os italianos fizeram um bom trabalho de equipe, sempre estiveram entre os primeiros e colocaram quatro atletas entre os seis primeiros, sendo as três primeiras posições. O francês Bertrand Venturi chegou a estar na liderança, mas na terceira e última volta, Ercoli assumiu a ponta e após a última bóia imprimiu um ritmo forte, sem ser alcançado pelos compatriotas que vinham logo atrás.
Ele bateu a mão na chegada em 2h05min44s, cinco segundos na frente de Luca Ferreti, e 10 de Valério Cleri. Allan do Carmo chegou logo depois, com 2h05min57s, seguido do mexicano Luis Escobar, com 2h05min59s, e outro italiano (comprovando a supremacia da equipe), com 2h06min05s.
ESTRATÉGIA – A dona da primeira vitória brasileira não continha a felicidade. Com apenas 16 anos de idade, Ana Marcela, baiana radicada em Santos, já é uma realidade. Foi a quinta colocada nos Jogos Olímpicos de Beijing e terminou 2008 na excelente terceira posição do ranking da Copa do Mundo. Sorridente, ela destacou que a estratégia traçada pelo técnico Márcio Latuf foi perfeita.
“Na primeira volta, fui bem tranquila, bem alongado, para não desgastar, fiquei em sexto, sétimo. Na segunda volta, fui para terceiro, quarto lugar e na última, eu subi um pouco mais, e fui à frente com a Kristel (Kobrich, do Chile) e a Angela (Maurer). Na última bóia eu apertei e fui embora”, contou a atleta da equipe Unisanta.
Determinada, ela disse que acreditava na vitória. “A gente sempre pensa em vencer. É óbvio. A gente lança um objetivo, uma preparação e consegue cumprir parte a parte, mas nunca é certo de que vai conseguir. Precisa estar com a cabeça tranquila, apesar das porradas que acontecem. Eu fiquei bem tranquila e determinada”, afirmou a atleta, destacando a emoção da vitória em casa.
“Antes de chegar, faltando uns 10 metros, vi que não perderia mais, e fiquei arrepiada. Pensei: fiz tanto para isso e está acontecendo. Quando cheguei na areia, todos estavam festejando, foi muito legal. Agora o Márcio (Latuf) vai para Roma comigo e será muito bom. O Márcio é como se fosse da família, me ajuda muito e ficarei mais segura”, comentou.
Mas antes do Mundial, Ana terá uma participação especial, nas piscinas. “Também vou treinar para o Maria Lenk, que é o Brasileiro, nas provas de 200, 400 e 800 metros e estou na dúvida da quarta disputa, entre 200 medley e 1.500 livre. Mas o grande objetivo é buscar medalha em Roma”, contou.
Poliana, prata no Pan Rio e sétima em Beijing, ficou satisfeita com o resultado e, sobretudo com a vaga para o Mundial. “Minha meta era mesmo me garantir em Roma. A prova foi difícil, com o mar agitado. Nadei super bem e consegui a vaga para o Mundial, era isso o que eu esperava”, afirmou. “Até metade da prova não esperava esse resultado”, complementou a atleta de 25 anos.
SURPRESA – Sexto colocado na prova santista em 2008, apenas cinco segundos atrás do vencedor, Simone Ercoli confessou que não esperava a vitória e o resultado foi surpresa. “Na última volta eu me senti bem e fiquei na frente”, informou o atleta, negando o jogo de equipe. “Todos fomos bem, venceu quem estava melhor”, destacou o atleta de 29 anos, que mora em Florência e tem no currículo o vice mundial de 2002, no Egito, nos 10 km e dois terceiros nos mundiais de 5 km em Montreal (Canadá), em 2005, e Nápoles (Itália), no ano seguinte.
O baiano Allan do Carmo festejou muito o resultado. Na reta final ele estava em décimo lugar e conseguiu ultrapassar vários rivais, chegando muito próximo de Cleri. “Foi muito difícil e 98% dos atletas nadaram sempre juntos. A quarta posição numa etapa do Mundial é importante, ainda mais pelo nível da competição, tendo medalhista olímpico, campeão da Copa do Mundo”, afirmou o atleta de Salvador.
“Na reta final, quando olhei, os três italianos já tinham disparado. Eu ainda consegui recuperar um pouco, tentei forçar para pegar o terceiro, fiz o meu melhor, mas não consegui”, falou. “Mas o terceiro era o Cleri, campeão mundial e quarto na olimpíada”, argumentou o atleta, top 5 da Copa do Mundo de 2008, bronze no Pan Rio e 14º em Beijing.
Renata Agondi – A Maratona Aquática Internacional de Santos – Unisanta, maior prova do gênero das Américas, é uma homenagem à memória de Renata Câmara Agondi, nadadora que fez história na modalidade na década de 80, com várias vitórias, inclusive internacionais e faleceu em 23 de agosto de 1988 durante a tentativa de atravessar o Canal de Mancha a nado. A atleta sempre teve o sonho de fortalecer as provas de águas abertas e trazer uma etapa mundial para Santos, onde morava.
Na prova, os pais de Renata, Raul e Lucrécia, montaram uma espécie de museu, com vários objetos, roupas e troféus de sua carreira. “Esse era o sonho da Renata e conseguimos realizar com sucesso”, informou o pró-reitor da Unisanta, Marcelo Teixeira, que escreveu um livro sobre a vida da competidora.
“Queremos agradecer todos os participantes que dignificaram esta etapa. Todos fizeram uma disputa emocionante, digna do nível técnico da competição. Conseguimos reunir em santos os principais e melhores nadadores do Mundo. É uma emoção poder, ao final desta etapa, ter como resultado, o título da nossa atleta brasileira, santista, do Santa Cecília, a Ana Marcela. Santos completa 463 anos e hoje temos uma atleta de Santos, do Santa, honrando o povo santista. Todos estão de parabéns e tenho certeza de que a Renata Agondi está muito feliz por esta festa do esporte”, ressaltou.
O prefeito João Paulo Tavares Papa frisou a importância do evento para a Cidade. “Essa prova projeta Santos no Mundo. É uma competição internacional de altíssima qualidade e que os atletas de ponta fazem questão de participar. Isso é um atestado da boa organização que a Cidade de Santos junto com a Unisanta conseguiram preparar e garantir”, anunciou.
“E, ao mesmo tempo, coloca Santos como marca, como cidade turística, como uma cidade portuária, mas que tem grande responsabilidade com o esporte. É esse tipo de evento que queremos fortalecer cada vez mais na cidade. É até uma questão de evolução de Santos como um importante destino turístico”, completou o prefeito.
PAULISTA – Realizado em paralelo à prova mundial, o Paulista de Águas Abertas teve a sua etapa inicial. Na prova de 4 km, Israel Murat (Unisanta/Semes) levou no masculino, com 31min01s, e Isabelle França Longo (Unisanta), no feminino, com 33min56s. Nos 2 km, os mais rápidos foram Diogo Fassina Dias (Mesc/São Bernardo), com 20min44s, e Miriam Borsi Franchini (Academia Aquaplay/Pref. Sorocaba), com 23min12s. Na disputa de 1 km, as melhores marcas ficaram com Cauê Paciornik (Unisanta), com 7min29s, e Marcela Pereira Zamariolli (Unisanta), com 8min58s.
A 3ª. Maratona Aquática Internacional de Santos – Unisanta/Troféu Renata Agondi foi uma realização da Universidade Santa Cecília (Unisanta), com chancela da Federação Internacional de Natação (Fina), da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e da Federação Aquática Paulista (FAP). Patrocínio da Sabesp. Apoio: Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura Municipal de Santos, Câmara Municipal de Santos, Jornal A Tribuna, Semp Toshiba, Gol Linhas Aéreas, Água Crystal, Santos e Região Convention & Visitors Bureau, Bandeirantes Emergências Médicas (Bem), Beneficência Portuguesa, Corpo de Bombeiros e Capitania dos Portos do Estado de São Paulo. Promoção: Santa Cecília TV.