O Teatro Experimental de Pesquisas (TEP), um dos grupos mais antigos em atividade na cidade de Santos, celebra 20 anos de parceria com a Unisanta. Neste período foram realizadas mais de 25 montagens teatrais, trazendo ao grupo diversos prêmios em mostras e festivais de âmbito nacional e internacional.
Para festejar esta parceria, o grupo organizou uma mostra documental deste período com fotos, cartazes, matérias de jornal, críticas, prêmios, figurinos, adereços e vídeos. O evento acontecerá de 4 a 30 de junho, a partir das 19 horas, no Espaço Cultural Unisanta (Rua Osvaldo Cruz, 277). Aberto ao público.
História – O TEP foi criado no início dos anos 70, com jovens aspirantes ao teatro, vindos do movimento estudantil que se estabelecia então (Colégio Canadá), ávidos por contestação e afirmação das liberdades individuais, o que refletia, então, em suas pontuais montagens teatrais, como A Revolução dos Bichos (George Orwell), A Casa de Bernarda Alba (Federico Garcia Lorca), As troianas (Eurípedes / Jean Paul Sartre) e O Grand Vizir (Renné de Abaldiá), que lhe valeu os prêmios internacionais de melhor espetáculo e melhor atriz, para Nanci Alonso, no V Festival Cervantino de Teatro, Guanajuato, México, 1978.
Este espetáculo, entre outros do período, foi dirigido por Marco Antônio Rodrigues que, posteriormente, se tornaria Secretário de Cultura de Santos, gestão David Capistrano.
Ao final dos 70, com o deslocamento de seus fundadores para outras cidades, principalmente São Paulo, para aprimoramento dos estudos das artes cênicas, o grupo passa a ser liderado e dirigido por Nanci Alonso, que o conduz ao cerne das questões estudantis, período em que se destaca a célebre montagem de Capitães de Areia (Jorge Amado), obtendo aval e elogios do próprio autor.
Com um certo esvaziamento das questões políticas que caracterizaram os anos 80, fato relevante explode de forma alarmante em todo o mundo, o surgimento de uma nova epidemia que se anunciava, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – a AIDS. No Brasil, estávamos perdendo alguns vultos de relevância que davam visibilidade à catástrofe estabelecida. Entre estes, definhava o cartunista Henfil, vítima de uma transfusão de sangue contaminado.
Internado e passando por dificuldades para custear o tratamento, a classe teatral se mobiliza para se solidarizar com Henfil. Em São Paulo, Ruth Escobar, Sonia Mamede e Paulo César Pereio preparam-se para levar aos palcos A Revista do Henfil, espetáculo que reunia em cena os personagens celebrizados nas tiras do cartunista, Graúna, Bode Orelana e Zeferino, síntese da miséria intelectual que, à força, segundo o autor, impregnava o povo brasileiro.
Em Santos, através do TEP, capitaneados por Nanci Alonso e Toninho Dantas, sobem ao palco do Teatro Municipal Brás Cubas mais de 70 atores do movimento teatral santista para fazer uma leitura dramatizada da Revista, com direitos cedidos pela própria Ruth. Infelizmente não houve tempo para a concretização da solidariedade anunciada; no dia da estréia do espetáculo-movimento, falece Henfil. Marcada por comoção geral, a leitura se faz em sucesso e lágrimas.
Nanci Alonso resolve, então, partir para um corpo a corpo frente a batalhas que não mais poderiam ou não deveriam ser perdidas, a luta pelo controle dos bancos de sangue no país.Cria o GAPA – Baixada Santista, e com o apoio do TEP, então sob a direção e coordenação de Gilson de Melo Barros, monta uma releitura do espetáculo paulistano, Henfil – A Relativa Revista, com a qual, durante um ano, dá sustentação financeira à ação que mais tarde seria considerada pelo Ministério da Saúde como instituição de utilidade pública.
É neste momento em que o TEP aproxima-se e se realicerça ao lado do seu maior aliado, a Unisanta, onde estabelece as parcerias que sustentaram as ações do grupo, e da ONG recém-criada, o GAPA/ BS, ao largo dos últimos 20 anos.
É sobre esta trajetória e em homenagem aos que por aqui passaram que trata a exposição-comemorativa e que celebra antes de qualquer fato a própria vida. Sejam bem-vindos!