A asma é a doença que mais leva praticantes para a natação, já que é receitada por médicos como forma de diminuir os problemas respiratórios. A asma pode ser uma pedra no caminho de muitos atletas competitivo. Por isso, os nadadores da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) vêm sendo submetidos a espirometria e teste de provocação, sob a supervisão da médica pneumologista Iara Nely Fiks e sua equipe, em São Paulo.
“Os nadadores são diariamente expostos a diversos fatores desencadeantes da asma. Além do exercício vigoroso, as condições de treinamento, piscinas tratadas com cloro, ambientes úmidos e alterações freqüentes de temperatura corporal, infecções respiratórias e o estresse habitual de um atleta, contribuem para a agressão continuada das vias respiratórias”, destaca a pneumologista que acompanha os principais nadadores brasileiro, desde a realização, pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), da I Clínica Pan-Americana de natação, em outubro do ano passado, no Rio de janeiro.
A coordenadora de natação da Universidade Santa Cecília, professora Rosa do Carmo José, destaca que os resultados obtidos têm permitido aquilatar problemas respiratórios em suas mais diversas fases, de maneira a permitir uma ação capaz de minimizar ou mesmo eliminar sintomas que prejudiquem o rendimento atlético do nadador.
“A UNISANTA tem buscado andar de braços dados com a ciência do Esporte e com toda a tecnologia de ponta voltada para o aumento da capacidade performática dos atletas de alto rendimento”, afirma a dirigente. “Buscamos resultados ainda mais satisfatórios, dentro e fora das piscinas”.
Se a incidência na população geral gira em torno de 21%, provavelmente entre os nadadores esse número deve ser bem maior. “Os professores de Educação Física e técnicos ainda são pouco treinados para o diagnóstico e abordagem da asma. Muitos ainda proíbem o uso das bombinhas. Alguns atribuem a baixa performance a pouco empenho e aumentam a carga de exercício, o que aumenta o broncoespasmo e os sintomas, fechando o ciclo vicioso”, ressalta a médica.
Ela destaca ainda que “nos atletas de alto rendimento, o broncoespasmo induzido por esforço é mais comum, mesmo em não asmáticos. Quando não diagnosticado e tratado pode contribuir para a perda de performance durante os treinos e maus resultados”.
Sendo assim, os nadadores de alto rendimento devem ser submetidos a espirometria e teste de provocação, mesmo sem histórico prévio de asma, pois o diagnóstico e prevenção desta condição podem contribuir para a melhora dos resultados. Nestes casos, uma segunda avaliação é necessária para conferir o grau de proteção do broncoespasmo atingido pelas medidas adotadas.
A espirometria é um exame bastante simples, que mede a velocidade que o ar é expirado dos pulmões. Existem valores normais já pré-determinados, que levam em consideração o sexo, a idade e a altura. Portanto, não adianta comparar os exames entre duas pessoas e sim o valor obtido frente ao valor esperado.
São realizadas pelo menos três manobras expiratórias para certificar-se da reprodução do resultado. Após a manobra em repouso, pode ser realizada a prova com broncodilatadores. Um aumento de 12% na função pulmonar após o uso do medicamento é uma prova positiva, demonstrando a hiper reatividade das vias aéreas.
O QUE É – A pneumologista explica que ä asma é uma inflamação crônica dos pulmões de natureza alérgica, que se caracteriza por um aumento da reatividade das vias aéreas a determinados estímulos, causando uma limitação ao fluxo de ar. Essa alteração pode ser reversível espontaneamente ou com o uso de remédios broncodilatadores”.
Na maioria dos casos, a doença se manifesta na infância e ocorre uma melhora na adolescência, porém a asma pode iniciar em qualquer idade. A asma é uma doença muito comum e está aumentando no mundo todo. Quando não diagnosticada e adequadamente tratada causa um impacto negativo na qualidade de vida, principalmente na realização de esportes.
O quadro clínico é caracterizado por episódios repetidos de tosse, aperto no peito, chiado e falta de ar, principalmente noturnos. É necessário que exista uma predisposição genética e uma exposição ambiental aos diversos fatores desencadeantes. Os mais freqüentes são: poeira, ácaro, mofo, irritantes químicos, mudanças climáticas, infecções (gripes) e exercício físico.
O tratamento medicamentoso da asma em atletas de alto rendimento não só é permitido como totalmente recomendado. O uso de medicamentos para asma em atletas normais não melhora a performance. Por outro lado, sabe-se que atletas asmáticos não controlados estão competindo em desvantagem.