A necessidade de se prever, evitar e atenuar impactos nas regiões costeiras, devido a interferências do homem e/ou da natureza, é um dos objetivos do EcoManage – Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (Integrated Ecological Coastal Zone Management), que terá o segundo encontro em Lisboa, Portugal, de 26 a 30/9. As reuniões, com apoio da União Européia (UE), serão realizadas no Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST), pela manhã e à tarde, com representantes da Itália, Holanda, Portugal, Brasil, Argentina e Chile.
No momento em que as autoridades e a população despertam com mais intensidade para os efeitos das forças da natureza, devido a maremotos, furacões, inundações e vulcões, todos os estudos sobre as regiões costeiras assumem uma importância vital, afirma o engenheiro e professor Gilberto Berzin, coordenador do Ecomanage na UNISANTA. Medidas de alcance global se impõem, com o objetivo de evitar situações que fujam ao controle decorrentes de atividades humanas mal planejadas. É preciso amenizar impactos com obras preventivas ou atenuadoras de efeitos nocivos, completa.
Na América Latina – Os participantes do 2º Ecomanage, em Lisboa, trocarão informações sobre as coletas e pesquisas feitas neste ano, no sistema estuarino de Santos, na Baía Blanca, na Argentina e o Fiorde de Aisén, região costeira dos Andes, no Chile. O objetivo é alimentar um grande software, uma “biblioteca virtual”, que possibilite sugerir se obras e investimentos devem ou não serem feitos naquelas regiões. A idéia é propor medidas para atenuar os impactos, sejam físicos, econômicos, sociais, ecológicos e biológico, em atividades portuárias, construção e operação de marinas, aterros, dragagens e outras intervenções no estuário.
O Modelo Matemático e Ecológico poderá ser aplicado em estuários diferentes, pois a tecnologia utilizada prevê essa possibilidade . O de Santos é o mais complexo dos três estudados na América Latina, com diversas intervenções do homem, contribuição de rios, do Porto, indústrias etc. O de Baía Blanca é mais aberto, menos complexo,e o Fiorde do Chile, com profundidades de até 100 metros, sofreu impacto menores.
A UNISANTA será representada em Lisboa pelos professores engenheiros Berzin, Aureo Pasqualeto Figueiredo, diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão e Alexandra Sampaio, além do biólogo João Marcus Miragaia Schmiegelow.
Programa – Em Lisboa, serão discutidos os seguintes itens: Overview (Panorâmica) dos modelos hidrodinâmicos e de transporte do sedimentos dos locais em estudos; resultados do modelo hidrodinâmico por locais; modelo de transporte de sedimentos; comparações práticas; modelos conceituais para a qualidade de água e de ecologia dos locais; apresentação dos trabalhos desenvolvidos; discussões e metas perseguidas; campanhas de medição dos dados; avaliação financeira do comitê.
No estuário santista, cabe à UNISANTA os estudos de Hidromodelagem dos dados físicos do oceano, os levantamentos sobre a flora e fauna da borda do estuário santista e os estudos socioeconômicos. A USP pesquisa a produção primária da cadeia alimentar e a ecotoxicologia da água do lodo na área do canal. Nesta sexta-feira (16), os pesquisadores realizaram a última medição deste mês, de correntometria, nos 8 pontos demarcados: um em cada saída do estuário em Santos e em São Vicente; um próximo a Vicente de Carvalho, na saída do Canal de Bertioga, no largo do Caneu, na saída do Casqueiro, no largo da Pompeba e no Mar Pequeno, em São Vicente.
Coletas – As coletas e análises dos manguesais serão retomadas a partir de outubro próximo, e até outubro do ano que vem, a cada dez dias. Está previsto uma campanha de verão (hidrometria, coletas de sedimentos e na coluna líquida) em fevereiro. Ainda não há conclusões sobre as pesquisas feitas até agora, pois deverão ser analisados de maneira global, o que somente será possível no final dos trabalhos do consórcio internacional, em novembro 2007, explica Gilberto Berzin. A modelagem ecológica com base matemática é uma pesquisa nova e estudos práticos desse tipo estão apenas começando em locais como a Flórida, nos Estados Unidos.
Berzin (coordenador) e Alexandra Sampaio trabalham nas análises hidrodinâmicas. O professor Miragaia estuda a Oceanografia e a Ecologia Marinha e Dulcícola (de água doce). O professor Roberto Borges, a Biologia e a Ecologia dos Zoobentos, organismos associados ao fundo (pedras, costões, dentro dos sedimentos e nos manguezais).
Com as duas etapas já desenvolvidas do Ecomanage, os pesquisadores concluíram que há poucos estudos sobre a cadeia alimentar do sistema estuarino de Santos. O EcoManage poderá levantar esses dados sobre todos os organismos que fazem fotossíntese: fitoplantos (unicelulares), macroalgas, vegetais superiores (mangues, gramíneas etc).
O primeiro encontro foi em fevereiro, na UNISANTA, quando especialistas dos seis países envolvidos disponibilizaram a todos os parceiros os dados existentes, traçaram metas para a primeira etapa e fizeram o levantamento bibliográfico. A pesquisa utiliza modelos matemáticos avançados, alguns já aplicados pela UNISANTA, desenvolvidos em parceria com o Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST) e com a firma HIDROMOD no Estuário de Santos. Os estudos de ponta iniciados na Universidade desde 1995, por meio do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH), foram motivo preponderante para que a Universidade Santa Cecília fosse incluída entre as duas únicas universidades brasileiras a participar do Ecomanage. O Projeto fará uso de imagens de satélites e levantamentos/estudos já realizados nos locais.
Instituições – O Coordenador Geral do Ecomanage é o Prof. Dr. Ramiro Neves (IST- Portugal). Participam ainda especialistas da UNISANTA, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP); HIDROMOD, Engenharia em Modelação Ltda. (SME – Portugal); Noctiluca (SME- Países Baixos); Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC – Portugal); Universidade de Trieste (Itália); Instituto Argentino de Oceanografia (IADO – Argentina); Universidade do Chile e Centro Ecologia Aplicada (CEA – SME – Chile).