Pesquisadores da Unisanta descobrem duas espécies novas de bagre em rios da região

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Rineloricária sp. e Pimelodella sp. são os gêneros científicos das duas novas espécies de bagre encontradas na região por pesquisadores do Laboratório de Peixes Continentais (Lapec) da Universidade Santa Cecília (Unisanta).

A descoberta ocorreu durante coletas feitas no rio Cubatão, nas mediações do bairro da Água Fria – região do Parque Estadual da Serra do Mar, e no rio Quilombo, na Área Continental de Santos.

Pesquisadores do curso de Ciências Biológicas – Biologia Marinha da Unisanta disseram que os estudos, realizados em conjunto com pesquisadores do Museu de Zoologia da USP, tiveram início há dois anos, quando os primeiros exemplares foram capturados.

O processo de descrição da espécie é lento. Exige análises minuciosas que possibilitam detalhar com precisão as características do peixe, condição para que se confirme a existência de uma nova espécie por parte da ciência, e possa receber um nome científico, comenta o biólogo e coordenador do Lapec, João Alberto Paschoa.

As descobertas contam com apoio dos pesquisadores professores doutores Osvaldo Oyakawa, Mário de Pinna, Ilana Fichberg e da professora mestre Verônica Slobodian, todos do Museu de Zoologia da USP.

Características – As pesquisas já efetuadas revelaram particularidades das novas espécies de bagre. A ausência de placas ósseas no abdômen da Rineloricária sp., encontrada em Cubatão, distingue o peixe das outras espécies do gênero.

A Pimelodella sp., presente no rio Quilombo, apresenta colorido bem diferente. Enquanto as outras espécies têm coloração marrom claro, o peixe descoberto tem aparência arroxeada e o barbilhão (filamento que sobressai pelo canto da boca do peixe) é mais curto.

Além dos dois novos tipos de bagre, foram registradas ocorrências do peixe “cambeva” (Listrura camposi), espécie conhecida, até então, apenas no rio Juquiá, no Vale do Ribeira, e ameaçada de extinção, e do peixe-charuto (Apareiodon sp.) em nossa região.

Segundo os pesquisadores, não há relatos da captura desse peixe em rios costeiros, entre os estados do Rio Grande do Sul e Bahia.
“A região de Cubatão é pouco estudada quando se trata da identificação de peixes. O interesse por essa localidade se deu a partir do trabalho de conclusão de curso do aluno de Biologia Marinha da Unisanta, Bruno Abreu Santos”, comenta Paschoa.

Monitoramento – O grupo de pesquisadores do Lapec Unisanta, em conjunto com os pesquisadores da USP, pretende desenvolver o “Projeto Rio Cubatão: Ecologia e Monitoramento”, que irá monitorar quatro pontos do rio Cubatão e um ponto do rio Pilões, a cada seis meses.

A proposta é analisar a qualidade da água e dos sedimentos, além de identificar possíveis consequências à fauna de peixes do rio Cubatão, causadas por acidentes com caminhões que transportam carga líquida nas rodovias da Serra do Mar.

Para tanto, os estudos contarão com o apoio de dois importantes centros de pesquisa da Unisanta, o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) e o Laboratório de Ecotoxicologia, além do Laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes (Unesp – Botucatu), por meio dos pesquisadores André Nobile e Felipe de Lima.