As pesquisas trarão ao Brasil o que está disponível apenas em portos de alguns países, como nos Estados Unidos e Austrália.
O novo convênio de cooperação entre a Praticagem e a Universidade Santa Cecília (Unisanta), por meio do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH), não beneficiará apenas a segurança dos navios no Porto de Santos. Seu alcance é muito mais amplo, tanto para a Defesa Civil e o Meio Ambiente, com reflexos positivos para a economia e a população como um todo.
Essa conclusão foi manifestada por autoridades presentes à solenidade de assinatura entre a Unisanta e a Praticagem, após exposição da engenheira Alexandra Sampaio, coordenadora do NPH, e do biólogo Renan Ribeiro, pesquisador do Núcleo. Participam do convênio de cooperação a Argonáutica, o Hidromod e um pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC).
“Este convênio é fundamental para permitir equacionar ações e reações diante de agressões ao meio ambiente”, afirmou o Secretário do Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório. Ao resultar em maior precisão nas previsões de eventos da natureza (correntes, marés, ondas fortes etc), será possível tomar medidas mais assertivas diante de ocorrências como eventuais derramamentos de óleo, por exemplo.
O novo convênio entre Unisanta e Praticagem, segundo o secretário, vai facilitar e melhorar o convívio entre as necessidades do Porto de Santos e do meio ambiente, com respeito à vida marinha e à comunidade. Esse e outros estudos do NPH/Unisanta permitem o estabelecimento de políticas públicas diante de situações novas, provocadas pela interferência humana ou pela natureza.
Marcos Libório menciona ainda que as previsões que já são feitas pelo NPH sobre ressacas, por exemplo, auxiliam as autoridades na tomada de decisões sobre fontes poluidoras e providências visando melhorar a balneabilidade das praias. Isso porque a poluição difusa do Canal do estuário acaba se dispersando muitas vezes nas praias.
Segurança dos navios
“Aprimorar com novas tecnologias o que já existe”. Esse é o objetivo do novo convênio de Cooperação Científica e Tecnológica assinado nesta sexta-feira. “Estou orgulhoso de participar desta parceria. O foco é a segurança do Porto, mas os estudos serão úteis para todos”, afirmou o presidente da Praticagem, Nilson Pereira dos Santos.
Foi formalizada mais uma etapa de estudos, um up-grade nas ferramentas já disponíveis entre os parceiros. A meta, conforme explicou Santos, é conseguir previsões a um prazo mais curto, baixar esse tempo de 24 para 12 horas. Os resultados das pesquisas não serão imediatos, porque estaremos trabalhando com a ciência, o que exige tempo.
Os dados meteoceanográficos coletados pelas estações autônomas localizadas em Santos e em São Sebastião. Esses dados são incorporados à base de dados do NPH e utilizados através do Sistema Aquasafe para o aprimoramento e desenvolvimento de ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local. Os dados são analisados por pesquisadores, técnicos e alunos do NPH em suas pesquisas científicas, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado, sendo todos os resultados gerados encaminhados à Praticagem.
A Praticagem apoia em questões técnicas referentes à utilização destas ferramentas operacionais que incluem os dados acima mencionados.
Como um resultado prático deste convênio nos dois últimos anos, há o emprego da plataforma AquaSafe – um software de gestão de informações em tempo real para receber, processar e integrar, automaticamente, em um único local, diversas fontes disponíveis, mas que estão dispersas. Entre essas informações, estão os dados de sensores meteorológicos e oceanográficos de diferentes instituições, dentre as quais a Praticagem de Santos. A compilação, a análise e a disponibilização desses dados se constituem em uma valiosa ferramenta para os práticos, no sentido de possibilitar o conhecimento dos parâmetros meteorológicos e oceanográficos reinantes no momento das manobras, contribuindo para a sua realização com segurança.
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
É de grande importância também a participação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), por meio do pesquisador Waldenio Almeida, da empresa Argonáutica, com o software ReDraft, para navegação e da Hidromod, com o sofware AquaSafe, declarou Alexandra Sampaio.
O INPE produz modelos, previsões numéricas de tempo. Esses resultados alimentam modelos hidrodinâmicos e hidrológicos da Universidade. Os resultados podem ser melhorados através de ajustes estatísticos. O Instituto possui um supercomputador em Cachoeira Paulista, utilizado no cálculo de previsões do tempo, clima e ondas para o Brasil todo.
Décadas de estudos
A reitora Sílvia Teixeira Penteado se referiu à consolidação de alianças qualificadas, como a que estava sendo assinada naquele dia, em benefício da comunidade. “A sociedade civil organizada estava representada aqui”, afirmou.
A presidente Lúcia Teixeira lembrou que esses estudos datam de várias décadas, e o convênio que estava sendo assinado “vem na esteira de trabalhos inclusive internacionais, como as pesquisas do EcoManage que envolveram estudiosos da Itália, Argentina, Holanda, Chile, Portugal e Brasil”.
Marcelo Teixeira ressaltou a importância das pesquisas da Unisanta e da colaboração da Praticagem, não só para a região, como também para o Brasil.
Alexandra Sampaio e Renan Ribeiro fizeram ampla explanação de todas as pesquisas que realizam há 21 anos no NPH sobre qualidade das águas, para a Sabesp, Cetesb, entre muitos outros estudos e serviços, como boletins diários para a Defesa Civil e boletins extraordinários sobre possibilidade de ressacas, que eventualmente possam afetar a população.
De acordo com a Profa. Alexandra Sampaio, o objetivo da parceria tem sido a troca de informações e a melhoria continuada do sistema. “Utilizando os dados dos sensores meteorológicos e oceanográficos da Praticagem para o acompanhamento da acurácia (exatidão) das ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local, podemos aprimorar o sistema continuamente e desenvolver novas ferramentas que sejam úteis tanto para o setor portuário como para a sociedade em geral”.
“A Praticagem disponibiliza ao NPH, em tempo quase real, os dados meteoceanográficos coletados pelas estações autônomas localizadas em Santos. Esses dados são incorporados à base de dados do NPH e analisados, e desta forma trabalhamos para o aprimoramento e desenvolvimento de novas ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local”, explica a coordenadora do NPH.
A Unisanta, através do NPH, iniciou estes estudos com um projeto financiado pelo FEHIDRO- Fundo Estadual de Recursos Hídricos, utilizando o software/plataforma AquaSafe, da empresa portuguesa Hidromod, voltado para a melhoria da qualidade da água. A partir de agora dará continuidade com estes novos convênios.
O NPH teve projeção e participação internacional com o Projeto de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (ECOMANAGE), de 2004 a 2008, oportunidade em que foram utilizados recursos da União Europeia para estudar o estuário de Santos, a Baía Blanca, na Argentina, e o Fiorde de Aysén, no Chile.
Desde 2010, o Núcleo iniciou novos estudos sobre a poluição do estuário santista, para monitorar a balneabilidade das praias e das bacias hidrográficas da região.
Presenças – Estavam presentes ainda. Felipe Ruggeri, diretor daArgonáutica Engenharia e Pesquisas; Antonio de Salles Penteado, diretor da Engenharia Unisanta, Aureo Pasqualeto Figueiredo, representante da Hidromod; Ivan Fernandes, Superintendente do Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Codesp, Regina Elsa Araújo – Regional de Defesa Civil da Região Metropolitana da Baixada Santista; Daniel Onias Nossa, Chefe Departamento da Defesa Civil, o prático Bruno Roquete Tavares, diretor-superintendente de Praticagem de SP; Viriato Geraldes – Gerente de Operações de Praticagem de SP , Marcio Paulo, chefe de Departamento de Parques e Proteção da Vida Animal e Secretário do Meio Ambiente de Santos, Hilário Gurjão, diretor de Engenharia da Codesp.
E mais: Márcio Calves, da ACS, Roberto Moyano Souza, da Subprefeitura da Região da Orla e Zona Intermediária; Aureo Dias Pereira, engenheiro civil da Secretaria de Serviços Públicos; Marcio Lara, gerente do Programa Santos Novos Tempos.