A Universidade Santa Cecília (Unisanta) visitou a aldeia indígena Itaóca em uma manhã de Sol forte. No dia 31/08, o professor e diretor das Faculdades de Educação Física e Esportes e Farmácia, João Barros, e o professor e coordenador de Farmácia, Walber Toma, tiveram a oportunidade de conhecer como vivem cerca de 90 índios das tribos Tupi e Tupi-Guarani, que moram nessa aldeia localizada no município de Mongaguá.
Foi uma experiência nova para os acadêmicos que de fato não sabiam o que encontrariam em uma comunidade com hábitos e costumes tão diferentes. A visita se iniciou pela escola indígena E.E. I. Kuaray Olá Sol Nascente.
As primeiras palavras trocadas entre os professores universitários e indígenas foram um pouco desencontradas, enquanto os primeiros falavam em grades curriculares os outros queriam mostrar a luta de quem educa cerca de 30 crianças, de 7 a 12 anos, de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, divididas em apenas duas turmas e sem ao menos terem materiais didáticos nas suas línguas de origem.
Mesmo com essa grande diferença entre as realidades desses professores algo em comum ligou esses profissionais do saber: a vontade de educar com qualidade as crianças que serão o futuro do nosso País.
Danilo Betenes, professor da tribo Tupi-Guarani, aprendeu a lecionar sozinho ao perceber a necessidade de sua comunidade quando não tinha mais um professor na aldeia para ensinar as crianças de sua tribo. “O Danilo tem o que vale de mais importante para um professor. A vontade de ensinar. A didática, o conhecimento e todo o resto será fácil para ele conseguir, desde que tenha um apoio”, disse o diretor das Faculdades de Educação Física e Esportes e Farmácia da Unisanta.
O professor de Tupi-Guarani está terminando o 2º ano do Ensino Médio em uma escola da prefeitura de Mongaguá e já lida com cerca de 10 crianças que têm como língua de origem o tupi-guarani. “Meus alunos falam no dia a dia o tupi-guarani e eu sei que para eles poderem ir para a escola fora da aldeia precisam saber ler e escrever bem o português. Mas encontro muitas dificuldades sem o material didático. Mesmo sem essa ajuda eu não vou desistir”, enfatiza Betene.
Além das dificuldades com a falta de material didático Betene também conta sobre um outro fator que atrapalha muito a educação dos índios. “É muito difícil pra gente ir para uma escola fora da aldeia e ter que enfrentar as agressões verbais e físicas dos outros alunos. Eu mesmo na minha escola procuro ficar no meu canto e não aceitar as provocações”, lamenta o professor que, assim como todos os índios, precisa estudar em uma escola comum para dar continuidade aos estudos, a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, e lida diariamente com o preconceito.
A professora de Tupi, Guacira Lemos da Silva, já tem uma tarefa inversa do seu colega de profissão. Ela leciona para cerca de 20 crianças da tribo Tupi que falam no dia a dia a língua portuguesa. “Diferente dos alunos do Danilo, os meus alunos precisam ser alfabetizados também na nossa língua de origem para que ela não seja perdida. Eu ensino o português correto e o tupi, mas é muito difícil manter a nossa língua sem o material didático”, explica Guacira, já formada no Ensino Médio e com o desejo de se formar na faculdade de Pedagogia.
Os dois professores da aldeia também ensinam às crianças as disciplinas de Geografia, História, Matemática e Cultura das origens, onde eles aprendem as danças, os artesanatos e as plantações das tribos.
Após a visita na escola os representantes da Unisanta conheceram toda a aldeia Itaóca. Passaram pelo posto médico, pela casa da moradora mais antiga, a índia com 92 anos, Cristina Gomes, pela casa de Reza, pela cozinha comunitária e todas as instalações da aldeia.
Ao trazer a realidade de Itaóca para os muros da Universidade os professores, junto com a alta direção da Unisanta, decidiram por melhorar a realidade da Escola Kuaray. E a forma que encontraram para isso foi aproximar os dois professores da aldeia da Universidade.
Em 1º de outubro de 2009, Danilo e Guacira passaram um dia diferente. Os professores indígenas foram os convidados especiais da 16ª Feira de Profissões da Unisanta. Durante cinco horas eles conheceram as 30 profissões que a Unisanta oferece para planejarem o futuro.
Guacira foi enfática, se apaixonou pelo curso de Pedagogia e a partir de 2010 será a primeira aluna indígena, com bolsa integral oferecida pela Unisanta, a ingressar na região em uma universidade particular. Danilo Betene também andou pelos estandes dos cursos e ainda terá mais um ano para decidir a faculdade que irá cursar como bolsista, já que precisa terminar o Ensino Médio para ingressar na universidade.
“Acreditamos que ao darmos a oportunidade para esses dois professores crescerem em suas profissões iremos plantar uma semente que renderá inúmeros frutos para Aldeia Itaóca. A capacitação dos professores irá melhorar a qualidade do ensino na Escola Kuaray”, diz Barros que se orgulha da parceria entre a Unisanta e a Aldeia Itaóca.
Home
Responsabilidade Social Unisanta concede bolsas de estudo para professores indígenas da Aldeia Itaóca