O Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Unisanta recebeu, no último mês, a visita do meteorologista Giovanni Dolif, doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mestre e bacharel em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, ele é pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e tem ampla experiência em Modelagem da Atmosfera e Previsão de Tempo, com foco em eventos extremos de chuva e desastres naturais.
Ao conhecer a estrutura do NPH e a Sala de Situação de Recursos Hídricos, Dolif relatou entusiasmo com o que encontrou na Unisanta. “Eu fiquei impressionado com a organização, a tecnologia, o avanço que eu presenciei ali. E o orgulho de ver isso, um centro como esse, dentro da Unisanta”.
Para Dolif, a cooperação científica é essencial para o avanço no monitoramento e prevenção de desastres naturais. “A relação entre centros de pesquisa, como o Cemaden, e centros de universidade, como o NPH, é importante, porque o Cemaden, nas suas pesquisas, pode interagir com outros grupos, e conhecimento tem muito ainda para a gente avançar. Então, diferentes grupos trabalhando com o mesmo tema, interagindo, fazem o conhecimento avançar mais rápido”.
Dolif destacou ainda a importância do estudo das inundações costeiras. “O Cemaden emite alertas de inundação e existem as inundações costeiras que têm grande influência do mar, da dinâmica do mar, tanto na altura da maré como na altura das ondas, que podem segurar a água da chuva, a água que está descendo do continente, e fazer rios, córregos, canais transbordarem. Na inundação costeira, há relação entre a água da chuva e a água dos rios chegando no mar. Essa relação entre as coisas que resulta no eventual alerta ou não de possível inundação”.

Inovações – O meteorologista também ressaltou pontos que podem contribuir para o aprimoramento do trabalho no Cemaden, que, segundo ele, não só faz pesquisa, mas tem a operação, trabalhando 24 horas, monitorando e emitindo os alertas, assim como o NPH. “E essa interação traz conhecimento e se complementa, porque o Cemaden não tem fôlego para pesquisar em detalhes efeitos de maré meteorológica, que é um efeito muito importante para inundações costeiras, que o NPH faz de forma com excelência. A equipe faz um excelente trabalho. Então, isso aí agrega informação aos especialistas que estão na sala de operação monitorando. Então, previsões de uma ressaca, de uma maré meteorológica, ou seja, uma maré mais alta por efeito da meteorologia, pode ajudar os especialistas na sala de operação do Cemaden a se anteciparem a possibilidade de uma inundação costeira, ali na Baixada Santista, por exemplo”.

Políticas públicas e prevenção – Por fim, Dolif destacou que a ciência é fundamental para balizar, orientar e direcionar políticas públicas mais eficientes visando, primeiramente, proteger e salvaguardar a vida, depois as propriedades e também melhorar a qualidade de vida. A ciência ajuda também no planejamento urbano, porque, ao conhecer as áreas de risco, de inundação, de deslizamento de terra, de inundação costeira, futuros loteamentos podem ser direcionados de forma a não ocupar essas áreas. E áreas hoje ocupadas precisam de políticas públicas para serem desocupadas.
“O mundo acadêmico e a ciência trazem o conhecimento, trazem o suporte técnico para a elaboração de políticas públicas. Esse é um papel que o Cemaden desempenha. Então, o Cemaden tem um papel importante no monitoramento e emissão de alertas dentro do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil. Mas, depois do desastre, o Cemaden tem um papel importante também de diagnóstico, de estudos, de avaliação dos impactos, para que a gente possa estabelecer novas diretrizes, novos protocolos, políticas, para evitar situações como aquela, para que se faça uma prevenção mais antecipada, um trabalho preventivo para a gente evitar aqueles impactos”, finaliza.

Memórias de um ex-atleta da Unisanta
Além da trajetória acadêmica e profissional de destaque, Giovanni Dolif guarda com carinho as lembranças do tempo em que foi atleta da Universidade Santa Cecília. O pesquisador relembra, com emoção, os anos em que treinava natação representando a instituição e como essa vivência ajudou a moldar sua disciplina e determinação.
“Esse período como atleta da Unisanta foi marcante. Me lembro bem dos treinos, do esforço do técnico Marcio Latuf medindo os tempos, e a gente a cada tiro, cada partida para refazer, fazia repetidos trechos de mesma distância na piscina e tinha que manter um ritmo, tinha que manter uma pulsação no coração. A gente chegava e já media o pulso se tivesse baixo, tinha que acelerar mais e media o tempo. Então, são lembranças de muita dedicação, de muita disciplina”, contou Dolif.
Ele recorda que a rotina de treinos exigia comprometimento e superação. “Às vezes, tínhamos treinos não só à tarde, mas também pela manhã, antes de ir para a escola, de madrugada”, relembra.
Para Dolif, as experiências vividas no esporte contribuíram de forma decisiva para sua formação pessoal e profissional. “São memórias marcantes e grandes aprendizados. A gente precisa de esforço para conseguir alcançar coisas de valor. É preciso disciplina, repetição, insistência, persistência e perseverança, com muito esforço para poder chegar lá. Foi um grande aprendizado para a vida, uma grande experiência”, conclui.
 
		