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Pioneirismo realmente define a carreira da atleta Poliana Okimoto. Foi a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha na história da maratona aquática mundial e, em 2016, quebrou mais um tabu, conquistando a primeira medalha olímpica feminina em desportos aquáticos.

A nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), que foi desclassificada na Maratona Aquática Feminina – nas Olimpíadas de Londres (2012), devido à hipotermia sofrida durante a competição, com 33 anos, aliou a sua experiência à concentração e superação e foi em busca da sua maior conquista, o bronze nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Leia mais sobre essa conquista.

Aos 13 anos, bateu seu primeiro recorde sul-americano. Prêmio Brasil Olímpico do Comitê Olímpico Brasileiro – COB, driblou, no passado, um medo antigo de nadar no mar, por causa dos animais, uma pequena fissura no disco da coluna cervical e uma hipotermia. É uma guerreira vencedora, ao lado de seu técnico e marido, Ricardo Cintra.

Supercampeã a nível nacional, Poliana tem em seu currículo conquistas importantes também a nível internacional: bronze na prova dos 5km do Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos – Roma (2009); no mesmo Mundial, em Barcelona (2013), foi ouro nos 10km, prata nos 5km e bronze nos 5km por equipe. Com a vitória de 2009, quebrou um jejum de 15 anos para o Brasil no Mundial e se tornou a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha na história da competição.

Entre as conquistas de Poliana em outras competições, destacam-se: vice-campeã mundial de 5km e 10km – Nápoles/ITA – 2006; 1º lugar do ranking final da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas (10km) – 2009, vencendo 9 das 11 etapas disputadas, tornando-se a primeira brasileira campeã da modalidade; 2º lugar nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 (10km) e também nos Jogos Pan-Americanos 2011.

Foi considerada pela revista americana “Swimming World” como a melhor atleta do mundo em águas abertas e terminou 2013 eleita como a melhor atleta olímpica do Brasil (Prêmio Brasil Olímpico do Comitê Olímpico Brasileiro – COB). A revista Época também destacou Poliana como um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.

Poder de superação – Sua carreira é marcada por superações. Poliana foi eliminada da prova de maratonas aquáticas das Olimpíadas de 2012 devido ao seu corpo ter reagido mal ao contrastar com o intenso calor que fazia em Londres com as águas geladas do Hyde Park. A nadadora se sentiu mal por isso e até tentou concluir a prova, mas, por ser a atleta com menos massa corporal da disputa, a temperatura da água acabou prejudicando-a. Já em 2014, Poliana, que liderava o circuito mundial, sofreu uma pequena fissura no disco da coluna cervical e também teve que abandonar a disputa.

“Nas Olimpíadas de Londres, sofri a maior decepção da minha vida. Tinha me dedicado e treinado muito para lá, porém tive de abandonar a prova no sétimo quilômetro por causa de uma hipotermia. Após essa desilusão, sofri um período em depressão, não sabia se voltava a nadar ou não. O atleta abdica de sua vida ao esporte e, quando não consegue seu objetivo, se sente sem chão. Mas eu amo o que faço, então resolvi me dar mais uma chance”, conta a atleta ao site O Globo.

“E essa chance foi no Mundial de Barcelona” – comentou emocionada, Na oportunidade, Poliana obteve um desempenho histórico. Primeiro, ganhou a medalha de prata na Maratona Aquática de 5km, fazendo dobradinha com a brasileira Ana Marcela Cunha, que ganhou o bronze. Poucos dias depois, se tornou campeã mundial, obtendo a medalha de ouro na prova de 10km, novamente fazendo dobradinha com Ana Marcela Cunha, que obteve a prata. Ganharia, ainda, a medalha de bronze, na prova por equipes com Allan do Carmo e Samuel de Bona, fechando sua campanha no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2013 com três medalhas conquistadas.

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Rio 2016 – Poliana garantiu sua vaga para a edição do Rio de Janeiro após chegar em 6°. lugar na maratona aquática feminina de 10km, com o tempo de 1h58m28s8. A prova foi realizada no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, em Kazan, na Rússia, no dia 28 de julho de 2015.

“Foi uma prova muito dura, sabia que seria complicada, todos pensavam na classificação olímpica. Claro que queria ganhar uma medalha, mas acho que fiz uma prova boa e, no final, quando estava em quarto, comecei a forçar muito antes para buscar o terceiro lugar e, assim, entrar no pódio. Mas me desgastei bastante. Tudo isso é experiência”, comentou em coletiva realizada na Unisanta dias depois da classificação.

Poliana treina com Ricardo Cintra, que é seu marido e a quem conheceu quando treinava na Unisanta. Ambos formam parceria há mais de uma década e estão trabalhando juntos para mais este desafio olímpico do Rio 2016, o ano que tem tudo para ser o da superação de Poliana.

Sem rivalidade – Quanto à pressão de representar o Brasil e uma suposta rivalidade entre as ela e Ana Marcela, as campeãs mundiais encaram essa situação com naturalidade e de maneira saudável. A tranquilidade vem do fato de serem amigas há muito tempo, da “estrutura oferecida pela Unisanta” e do suporte familiar, no caso, os pais.

“Sou amiga de Ana Marcela desde 2006, viajamos juntas muitas vezes durante o ano, para competir. Treino em São Paulo, porque meus pais são de lá. Minha mãe faz tudo para mim, eu não teria tempo de fazer comida e cuidar da casa”, disse a nadadora.

O técnico Ricardo Cintra acha que o motivo de Poliana e Ana Marcela terem sido campeãs precoces, antes dos 18 anos, também proporciona mais confiança para enfrentar pressões. “Poliana ganhou o troféu do Campeonato Absoluto aos 14 anos. Costumo dizer que seu sobrenome é pressão”.

“Se eu pudesse, eu dividiria a medalha de ouro no meio, entre uma e a outra”, diz Marcelo Teixeira, pró-reitor administrativo da Unisanta.

História – Poliana Okimoto Cintra nasceu em oito de março de 1983, em São Paulo. Filha “do meio” de Yoshio (de família japonesa) e Cleonice (mineira), Poli entrou na natação com dois anos e com sete já começou seu treinamento. “Eu amava, sempre amei, amo ainda a natação! Desde que eu me conheço como gente, a água faz parte da minha vida”, conta em texto em primeira pessoa ao Museu da Pessoa.

A atleta diz ainda que dos sete aos dez anos as provas de natação eram só 25 metros, 50, no máximo. “A velocidade nunca foi meu forte, sempre fui melhor de resistência. Nas provas rápidas, eu não ganhava nada, eu era uma das últimas a chegar, era um zero à esquerda”.

Com 12 anos, competiu sua primeira prova de 400 metros, a mais longa que tinha para a idade. “Ganhei!!!! Ganhei o Campeonato Paulista, bati recorde paulista, ganhei até dos meninos. Lembro as palavras do meu professor: – Olha, realmente, você vai ser uma nadadora de fundo. Que é nadadora de resistência. E foi aí que eu comecei a gostar mais ainda”.

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No exterior – Com 13 anos foi convocada pela primeira vez para um campeonato fora do Brasil. “Quando chegou a cartinha dos Correios, me convocando para o Campeonato Sul-Americano, na Colômbia, foi uma emoção muito grande. Veio uma caixa do Sedex, com os uniformes, todo o material da seleção brasileira que eu sonhava ter quando via o dos meus amigos lá do treino”. Lá a atleta ganhou três provas, oitocentos, 1500 e 400m livre, e bateu seu primeiro recorde sul-americano.

Após os recordes, vieram as participações em campeonatos mundiais em provas dos 800 e 400m livre. E já em 2006, a primeira participação internacional em Maratona Aquática, no Campeonato Mundial em Nápoles, e a surpresa: medalha de prata nos 5km e 10km. “Eu tinha pouquíssima experiência, fazia um ano só que eu participava de provas de maratona. Eu nadei super bem e fui a primeira mulher brasileira a conquistar medalhas em campeonatos mundiais de natação”.

Poliana lembra ainda que foi Cintra que praticamente a forçou a começar a praticar Maratona Aquática. “Ele via que nos treinos eu era muito mais resistente do que uma nadadora de 800m, 1500m de piscina. Começamos na maratona sem saber se eu ia conseguir me adaptar. E ele tinha razão, realmente a minha resistência é muito grande e a prova de 10km se encaixou perfeitamente para mim”.

A atleta da Unisanta conta, em 2012, ao SportTV, que ela morria de medo de nadar no mar, principalmente por causa dos animais: “Tinha medo de bicho, tubarão, peixe, arraia, tudo! Em 2005, fui disputar a Travessia dos Fortes, a minha primeira prova (em mar aberto). Na véspera, a gente foi treinar no mar, para ver como era o local da prova. Coloquei a cabeça na água e me deu um pânico, falei que não ia conseguir nadar, saí chorando da água, pensei em voltar para a piscina. Aí ele (Ricardo Cintra) insistiu. Um dia antes da prova não dormi nada, tive a pior noite de insônia da minha vida, pensando: ‘E se acontecer alguma coisa comigo?’. Fui lá, nadei super bem e ganhei”.

Clubes – Poliana iniciou sua carreira no Corinthians, onde ficou até 1999. Em 2000, defendeu o Clube de Regatas Vasco da Gama. Em 2001 e 2002, retornou ao Corinthians. Em 2003, defendeu a Unisanta. De 2004 a 2009, foi o mais longo período em um só clube, o Esporte Clube Pinheiros. Retornou novamente ao Corinthians em 2010 e 2011. Desde 2012, defendia o Minas Tênis Clube, quando resolveu retornar à Unisanta, em 2013.

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Ricardo Cintra: Mais que técnico, marido

O retorno de Poliana Okimoto para a equipe da Unisanta tem um sentimento especial para a atleta. Foi na piscina da instituição que ela conheceu o marido e treinador, Ricardo Cintra.

Os dois começaram a namorar quando competiam pela Universidade, em 2003. O casamento veio dois anos mais tarde. Agora, onze anos depois, a nadadora recorda com carinho o início do relacionamento. “Essa piscina foi que apresentou o meu marido e hoje meu técnico também. Há onze anos. Tenho um supercarinho por essa piscina porque foi onde a gente viu os coraçõezinhos. Foi onde a gente começou a namorar e está na nossa história”, conta ela ao site Globo Esporte.com

De acordo com a atleta, a importância e o cuidado que a Unisanta tem com as Maratonas fez a diferença em sua escolha pela Instituição. “Um dos principais fatores que me fizeram voltar são os olhos que a Unisanta e o Marcelo Teixeira têm para as Maratonas Aquáticas. Outros clubes priorizam só a natação em piscina. A Unisanta me traz boas recordações”.

Quando nadava, Ricardo Cintra era velocista. Hoje, um dos melhores treinadores de águas abertas do mundo. Para Alex Pussieldi, o Coach, um dos maiores jornalistas especializados em natação do País, Cintra gosta mesmo é de dar treino para a esposa. “Tem treinadores que gostam do esporte, Cintra gosta de Poliana. Faz todo o sacrifício que for necessário para atingir o melhor no seu trabalho”.

Ainda de acordo com o Coach, a esposa recebe o tratamento que precisa e merece. “Broncas não faltam, o rigor faz parte da rotina. Até mesmo entra na piscina se não tiver ninguém para treinar junto da nadadora que não suporta nadar em piscinas vazias. E a dupla já deu demonstrações de superação e volta por cima”. Juntos, Poliana e Cintra vão para a terceira Olimpíada, feito inédito nas maratonas aquáticas femininas.

O site Best Swimming (site referência em natação), dirigido por Pussieldi, escolheu Cintra como o Melhor Treinador de Águas Abertas nos anos de 2009, 2012 e 2013.

Sobre o futuro – No texto do Museu da Pessoa, Poliana fala sobre o seu sonho de ser mãe. “Eu amo criança e é um sonho que eu tenho, já até escolhemos os nomes dos filhos (risos). Mas, por enquanto, não! Agora, após as Olimpíadas a gente vai pensar em ter filho. Meu maior sonho na natação foi conquistado, o de conseguir uma medalha olímpica e meu maior sonho como pessoa é ser mãe”.