Além do brilho nas piscinas, Matheus encanta a mídia e está entre os 30 jovens brasileiros mais promissores abaixo dos 30 anos, segundo a Revista Forbes. Tatuou no corpo as palavras de Samuel Beckett, que simbolizam sua tenacidade em vencer a diabetes e os concorrentes: “Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor”. Resultado: vitórias.
Ex-aluno do Colégio Santa Cecília, cursando o primeiro ano de Administração na Unisanta, Matheus Santana, aos 20 anos, superou Cesar Cielo e ganhou status próprio de campeão. É mais uma possibilidade forte de medalha olímpica para o Brasil nos 4X100 metros livre.
Alguns de seus títulos: ouro em Toronto, no Chile (2015) e em Nanquim, na China (2014), onde baixou o recorde mundial júnior de 48s35 para 48s25 dos 100m livre; três ouros.
Matheus Santana é notícia não apenas entre os admiradores do esporte. Ele é o mais jovem da lista dos 30 jovens mais promissores abaixo dos 30 anos no Brasil, publicada pela Revista Forbes, em março de 2016, com representantes de várias atividades.
“Ele não é mais o ‘novo Cielo’. Ele é Matheus Paulo de Santana, 18 anos, carioca, recordista mundial júnior e dono do sétimo melhor tempo do mundo nos 100 metros livre”. Essa foi a abertura que o Jornal O Estado de S. Paulo utilizou para se referir ao nadador da Unisanta, em 19/05/2014. No Troféu Maria Lenk, disputado em 2015, na piscina do Fluminense, Santana superou o então campeão e conquistou de vez seu status.
Determinado e seguro, Santana nunca se sentiu pressionado com as comparações e impôs a si mesmo um desafio: “Quero ser o número 1”. Cielo é um dos seus ídolos, ao lado do nadador Nicholas Santos, também da Unisanta.
“Presente brilhante, futuro promissor” – A exemplo dos cecilianos Ana Marcela e de Poliana Okimoto, Matheus Santana é presença frequente na mídia. Em 11 de junho de 2015, o portal Terra abordou esportes como atletismo, tênis, futsal e natação. Santana foi escolhido para representar sua modalidade, por ser “a grande esperança jovem da natação brasileira”.
Desde que começou a despontar no cenário nacional da natação brasileira, já vestindo as cores da Unisanta, em 2013, passou a ser chamado pela mídia e por pessoas do meio como o “novo Cielo”. Motivos: as especialidades de ambos (100m livre), a forma técnica e o fato dos dois se projetaram mundialmente antes dos 18 anos.
Em 26 de setembro de 2014, o nadador ceciliano foi capa da 19ª. edição da Swim Channel, especializada na área, com o título “a nova joia da natação brasileira”. Nas páginas internas, a revista mostrou um perfil do nadador, sob o título “Presente brilhante, futuro promissor”. E o subtítulo: “Campeão olímpico e recordista mundial de sua faixa etária, Matheus Santana já está entre os melhores do mundo. E pode manter o país brilhando em sua prova mais tradicional”.
Superação, tenacidade – Além da soma impressionante de suas conquistas nas piscinas, um fator a mais enriquece as vitórias: a superação da diabetes, que ele descobriu aos oito anos, quando sentiu tonturas durante um treino.
A doença não é mais problema. Um endocrinologista e outros especialistas da Comissão Técnica Interdisciplinar da Unisanta, em conjunto com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (COB), acompanham a performance e a saúde do nadador. O cuidado é diário e intenso.
O corte do Mundial de 2012, devido à diabetes, serviu para tornar Matheus o que ele é hoje, segundo o técnico Márcio Latuf. “Matheus está mostrando que é um superatleta”, resume o técnico.
Matheus Santana, no entanto, não conseguiu o índice necessário para participar da prova individual de sua modalidade nas Olimpíadas do Rio 2016. Mas garantiu vaga no revezamento 4X100m livre. Não é uma prova individual, mas certamente constitui um grande passo para consolidar-se de vez como Matheus Santana a nível nacional e até internacional.
“Eu costumo estipular objetivos no começo de cada ano: seleções, tempos, rankings, metas. Estabeleço aonde quero chegar e vou atrás. Não estipulo coisas fáceis porque, assim, consigo me motivar a batalhar cada vez mais todos os dias”, diz o atleta.
Mostra segurança e determinação. “Acompanho o ranking mundial, para saber os tempos dos outros atletas. Meu objetivo é ser o número um”. Focado, responsável, Matheus Santana não parece ter apenas 20 anos. Talvez porque está na seleção adulta há muito tempo e também por questão de temperamento.
Tatuou no braço frases motivacionais: “Ever Tried. Ever Failed. No Matter. Try Again. Fail Again. Fail Better” (Já tentou. Já falhou. Não importa. Tenta de novo. Falha de novo. Falha melhor). As palavras, do teatrólogo e escritor Samuel Becket, também foram colocadas em uma folha de papel, bem à vista, em seu quarto.
Para chegar às Olimpíadas de 2016, Matheus Santana percorreu um longo caminho. A chance de mais vitórias no esporte já bate à sua porta. O mais difícil, que era a vaga olímpica, ele já conquistou.
Estudos – Nem só de piscina vive Matheus Santana. Aluno do 1º. ano do curso de Administração da Unisanta, o atleta foi destaque em matéria especial da AT Revista, suplemento do Jornal A Tribuna, em 2015. O nadador procura conciliar os períodos de competições com os estudos e diz que pretende abrir o próprio negócio utilizando os conhecimentos adquiridos no curso, quando se despedir das piscinas.
“Muitas pessoas acreditam que, para o atleta ser bem-sucedido, tem de largar os estudos. Eu não penso assim”, afirma, lamentando que adolescentes e crianças possam ser influenciados por ideias desse tipo.
Formado no ensino médio no Colégio Santa Cecília, Matheus pensa no futuro e em terminar a Faculdade. “O treinador (Márcio Latuf) sempre pergunta como anda o curso e me incentiva a estudar. Afinal, é uma via de mão dupla: se não estou bem na natação, isso me afeta nas aulas”.
2015 e 2014: títulos e consolidação
Entre os títulos de Matheus, que se transferiu para a Unisanta em 2013, estão:
Em 11 de abril de 2015, com apenas 19 anos, levou a medalha de ouro na final dos 100m livre do Troféu Maria Lenk, com o tempo de 48s78, enquanto Cielo ficou com a prata, 49s15, na competição disputada na piscina do Fluminense. Com essa marca, ganhou um lugar no revezamento 4x100m livre do Mundial de Kazan.
Quebra de recorde sul-americano no revezamento misto da prova 4x100m (3min25s58), na equipe que terminou em quarto lugar; nono lugar na classificação geral, em Kazan, na Rússia, em 2015.
Ouro nos 4x100m livre, com João de Lucca, Marcelo Chierighini e Bruno Fratus, nos 100m conquistou a 7ª. colocação, nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (2015).
Foi o primeiro medalhista brasileiro da natação na história dos Jogos Olímpicos da Juventude, ao vencer, em 22 de agosto de 2014, a prova de 100m livre com o tempo de 48s25. Naquele dia, bateu, pela quarta vez, o recorde Mundial Júnior nessa distância. O tempo feito de Matheus na época foi o sexto melhor do ano nos 100m livre, inclusive entre os profissionais.
No estilo livre 50 metros, ganhou uma medalha de prata com o tempo de 22s43, longe de seu melhor tempo. Começou com uma medalha de prata no revezamento misto 4×100 metros nado livre.
No Troféu Maria Lenk 2014, em São Paulo, quebrou o recorde mundial júnior duas vezes, nos 100 metros nado livre, com o tempo de 48s85 nas eliminatórias e 48s61. Melhor Atleta da Natação Brasileira segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em 2014.
2013 – “tempos fantásticos”
Matheus Santana começou a assombrar os cronistas especializados em 2013 aos 17 e 18 anos. Em 2013, estava no Campeonato Sul-Americano Juvenil em Valparaíso, Chile, onde ganhou os 100 metros nado livre e terminou em terceiro lugar no estilo livre de 50 metros.
“Sua trajetória faz recordar a de outro grande campeão, o americano Gary Hall Jr., que como Matheus é diabético, o que não o impediu de se tornar num dos grandes velocistas da história”, registrou o comentarista do site swimchanel, Daniel Sakata.
“O tempo de 48s25 faria dele finalista no Mundial de Barcelona, no ano passado. É necessário lembrar que Marcelo Chierighini participou daquela final, e Cesar Cielo certamente participaria, caso tivesse competido… Além de grandes esperanças para as provas individuais de velocidade, hoje ninguém duvida que o Brasil possa chegar entre os favoritos no 4x100m livre nas Olimpíadas de 2016. Potencial é o que não falta”.
Joia da natação – Em 2013, Matheus Santana, com 17 anos, foi descrito pelo portal Uol como uma joia a ser lapidada. Um problema com a diabetes deixou-o fora do Mundial Juvenil de Natação.
Escreveu o repórter José Ricardo Leite: “Apesar disso, o nadador tem colecionado vários títulos nacionais em categorias de base e possui tempos nos 50m e 100m livre que impressionam em sua idade: 22s55 no primeiro, 49s21 no segundo. Como base de comparação, Cesar Cielo, hoje com 26, fez tempos piores quando tinha 17 anos: o campeão olímpico tinha 51s2 nos 100m e 23s33 nos 50m.
“Detalhe importante é que os atuais recordes mundiais dos 50m e 100m foram batidos na época dos supertrajes, que facilitavam na quebra de recordes e foram abolidos em 2010 (as melhores marcas nas duas especialidades foram de Cielo). Se considerados os melhores tempos da história sem os maiôs especiais, o jovem está ainda mais perto: 1s61, nos 50 m, e 2s16, nos 100”, escreveu o jornalista.
2012- 2008: primeiros títulos
Matheus Paulo de Santana começou a nadar aos 5 anos de idade, buscando combater problemas relacionados à bronquite. Em campeonatos nacionais, em 2008. Seu primeiro título nacional veio na categoria Juvenil I, em novembro de 2011. Suas primeiras braçadas foram no clube Olaria, no Rio de Janeiro, sua cidade natal.
Começou a defender a Seleção Brasileira no Multinations, em Corfu, na Grécia, em 2012. Em 2013, estava no Campeonato Sul-Americano Juvenil em Valparaíso, Chile, onde ganhou a 100 metros nado livre e terminou em terceiro lugar no estilo livre de 50 metros.