Desde a temporada 2002, quando mudou de Curitiba para Meulborne, na Austrália, ele vinha sonhando com sua contratação por uma equipe de ponta da natação brasileira. “Como todo atleta no País, eu esperava por isso, ou seja, ser chamado para integrar um time como a da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Agora, é preciso dedicação aos treinamentos e empenho nas competições para retribuir a confiança depositada em meu potencial”, afirmou o paranaense Felipe May de Araújo, um dos reforços da UNISANTA para a temporada 2006.

Especialista em provas de meio fundo e fundo, May chegou a integrar a seleção brasileira que foi aos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (4º lugar nos 400 metros livres) e ao Mundial de Barcelona (14º nos 800 metros livres), em 2003.

Na segunda etapa da Copa do Mundo de Natação 2005/2006, realizada em Sidney, em novembro passado, Felipe May ficou em oitavo lugar, nos 400 metros nado livre, com 3m50s67, após ser o quarto nas eliminatórias, com 3m50s17.

“Fiquei muito triste por não conseguir ir aos Jogos Olímpicos Atenas, mas consegui levantar a cabeça e me recuperar”, diz May, que voltou à seleção brasileira com a vitória nos 800 metros nado livre no Troféu Brasil de 2005, no qual alcançou o índice para ir ao próximo Mundial.

“Todos os meus melhores tempos na vida eu fiz no Troféu Brasil de 2005, o que me deixou muito. Não posso reclamar de nada”, afirmou o paranaense, que disputou a competição de nos 400 metros nado livre e 800 metros nado livre. Nas duas provas, porém, não conseguiu passar das eliminatórias, terminando em 25º e 24º lugares, respectivamente.

Ao contrário da esmagadora maioria dos nadadores que saem do País, May não foi para os Estados Unidos. Temendo por sua segurança depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, ele escolheu a outra grande potência da natação mundial, a Austrália, para ser a sua nova casa.

“Eu queria ir para os EUA, mas os atentados de 2001 deixaram a minha família com medo do que poderia acontecer lá. Conversamos e decidimos que naquele momento seria melhor ir para a Austrália”, conta o nadador de 22 anos, que estuda economia na universidade de Melbourne.

Embora esteja satisfeito com a “rota alternativa” que escolheu, o nadador revela que viver na Austrália também tem suas dificuldades. “O principal problema é que é muito longe, então fica mais díficil e mais caro voltar para o Brasil”, afirma.

Outro problema é que o brasileiro não pode participar normalmente da maioria das competições, pois elas são fechadas para estrangeiros. “Lá eu participo de competições por um clube, mas os principais campeonatos, regionais e nacionais, não aceitam nadadores estrangeiros. Posso até nadar, mas não posso entrar na final. Aí perde a graça”, explica.