Com 25 quadros em óleo sobre tela e guaches, e peças de cerâmica, mostra permanece aberta ao público até o dia 17/10.

Nesta sexta-feira, dia 10/10, a Universidade Santa Cecília recebeu a presença do renomado artista Armando Sendin, que abriu a exposição com obras de sua autoria, doadas à Universidade. Até o dia 17/10, o público poderá conferir 25 quadros e cinco cerâmicas, algumas com a primorosa técnica europeia dos reflexos metálicos. Há quadros de 1965 a 2004 e cerâmicas que datam da década de 50. Entre os temas estão nus femininos, formas geométricas, animais e cenários que parecem fotografias.

“Procuro me situar no momento exato da minha existência. Nessa exposição há pinturas de todos os gêneros e que correspondem a diversas etapas da minha carreira. Eu devo ser coerente com o meu tempo e não imaginar quadros que pertençam a outras épocas. Procuro admitir o modo de ser. Os trabalhos que estão aqui representados foram selecionados para serem guardados para a cidade de Santos. A Pinacoteca Benedicto Calixto e a Unisanta são dois elementos que personalizam a cultura para a cidade de Santos”, disse Sendin.

Na oportunidade, a alta direção da Unisanta e o artista assinaram documento de doação das obras à instituição. O artista foi homenageado pela Unisanta com uma placa de Mérito Comunitário pelo seu desempenho nas Artes, entregue por Divanir Machado Netto Tucci, presidente da Associação Pinacoteca Benedicto Calixto e de Serviços Profissionais do Rotary Club de Santos.

Na exposição, chama a atenção a riqueza de detalhes e a facilidade com que Sendin transita, com perfeição, entre o realismo e o abstrato na mesma obra, revela o professor de Artes da Unisanta, Elver Savietto, responsável pela montagem da exposição.

“Sendin é um mestre da pintura. É impressionante como ele mostra os detalhes. Fios de cabelo, marcas naturais da pele, a transparência de roupas, além da perspectiva e o tratamento dado para criar a profundidade são alguns dos admiráveis detalhes em suas obras”, comenta Savietto.

Pintor, ceramista, escultor, desenhista, gravador e professor, durante sua carreira, Sendin realizou trabalhos de pinturas realistas. A mostra é assim um convite a compartilhar de um instante registrado pelo artista diante do mundo que o cerca.

Para a reitora da Unisanta e presidente da Pinacoteca, Profª. Drª. Sílvia Ângela Teixeira Penteado,  a exposição retrata a riqueza de conteúdo e vivências do artista. “Ter essas obras na Unisanta é o reconhecimento de um trabalho que aqui é prestado socialmente e da ligação que Armando ainda possui com a Faculdade de Artes Plásticas de Santos, agora extinta, mas que continua com sua vitalidade nos cursos de Comunicação e em todo o Campus. Que essa grande obra possa ser observada e admirada e, sobretudo, inspirada. Sua vida é um testemunho de dedicação à arte”, afirmou.

“É um presente para Santos e para o Brasil. O Sendim tem obras expostas em inúmeros países, onde é aclamado e respeitado. Mais do que valor técnico e artístico, há todo um significado de amor e doação de seu talento a nossa cidade e o respeito à Pinacoteca e à Universidade Santa Cecília, como instituições que preservam a arte e cultura, e colocam esse talento à disposição da comunidade”, disse a presidente da Unisanta, Profª. Drª. Lúcia Maria Teixeira.

O Pró-Reitor Administrativo da Unisanta, Dr. Marcelo Teixeira, destacou os esforços da reitora da instituição para a Cultura da região. “Sílvia,  que sempre lutou pela área cultural da cidade e atua brilhantemente na liderança exercida na Pinacoteca, junto aos diretores e conselheiros. Ela é merecedora dos nossos aplausos, elogios e orgulho”, concluiu.

Além da alta direção da Unisanta, familiares do artista, membros da Pinacoteca e do Rotary Club de Santos, além de diretores e coordenadores da instituição prestigiaram a abertura do evento.

A mostra permanece aberta ao público até o dia 17, de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h30. O Espaço Cultural Unisanta fica na Rua Oswaldo Cruz, 277, Bloco M.

Sobre Sendin – Carioca nascido em 1928, na década de 60 tomou Santos como residência e posteriormente passou a viver e trabalhar na Espanha.

Antonio Abad, autor do livro Armando Sendín: la génesis del instante  fala sobre o artista: “Aproximar-se da obra de Sendin é aproximar-se de uma dualidade, em razão de seu procedimento artístico abarcar duas direções, duas maneiras de conceber o mundo e expressá-lo”.

Sendin é considerado um dos maiores representantes do realismo brasileiro e sempre contestou esse olhar sobre sua obra, explicando que era um “instantista”, pois retrata um instante fugidio da realidade, um fragmento da mesma e não a realidade em si, como faziam os hiper-realistas norte-americanos.

Ao mesmo tempo em que captava a realidade, desenvolvia trabalhos eminentemente abstratos, o que explica a colocação dual a que se refere Antonio Abad. Toda a trajetória do artista é permeada por esse duplo aspecto em sua obra, constituindo-se na essência de seu compromisso estético.

A pesquisadora Yasmin Liz Branco,  em seu artigo intitulado “A Repercussão da Fotografia na 13ª Bienal de São Paulo”, publicado em 2012,  afirma que Sendin nunca enfatizou o uso da fotografia como discurso estético, poético ou conceitual. Entretanto conclui que a fotografia foi a principal sensibilizadora da criação deste artista ao longo de sua carreira.

Biografia

Armando Moral Sendin dedica boa parte de sua vida a estudos: cursou a Escola de Belas Artes de Priego na Espanha (por volta de 1940); filosofia na Universidade de São Paulo (1945 a 1949); especialização em estética, com Bogumil Jasinowsky, na Universidade do Chile (1950); e, como bolsista do governo francês, estética na Sorbonne, com mestre Souriau (1950 a 1953).

Durante suas viagens, trabalha com Gensoli na Manufatura Nacional de Sevres, França, e desenvolve pesquisas com o ceramista Zuloaga e técnicas de cerâmica de origem oriental com Guardiola e com Gonzalez-Marti, na Espanha.

Entre 1954 e 1964, dá cursos de pintura, cerâmica, escultura e desenho em seu estúdio, em São Paulo. Nessa mesma cidade, realiza sua primeira mostra individual, no Clube dos Artistas,  em 1960. Em 1965, publica um livro didático intitulado Cerâmica Artística. Na década de 80, recebe o Prêmio Ribeiro Couto como destaque do ano em Artes Plásticas (1982). Fonte: site Enciclopédia Itaú Cultural.