O pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) realizou visita técnico-científica ao Acervo Zoológico da Unisanta (Azusc)
Durante as duas últimas semanas de maio, o pesquisador mexicano Jonathan De la Cruz Torres, vinculado ao Laboratório de Biologia da Conservação da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), realizou visita técnico-científica no Acervo Zoológico da Universidade Santa Cecília (Azusc). O pesquisador de doutorado da Unam se dedicou à análise de exemplares de raias-elétricas marinhas (Torpediniformes) contidos na Coleção Científica Regional de Peixes da Costa da Mata Atlântica do Azusc, “Foi um desafio que exigiu máxima atenção aos detalhes e comprometimento para compreender plenamente o material contido no Azusc”.
Torres, que se dedica à análise dessas espécies de raias há muitos anos e já conheceu diferentes coleções científicas no Brasil e em vários outros países, destacou a relevância da coleção da Unisanta como “uma das maiores coleções de peixes de ambientes marinhos no Brasil, com vasta representatividade da diversidade local, regional e nacional”.
O Prof. Dr. Matheus Rotundo, curador do Azusc e professor dos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) da área ambiental (Auditoria Ambiental – PPG-AUDB, Ecologia – PPG-Ecomar e Ciências & Tecnologia Ambiental – PPG-CTA) e do curso de licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas (Biologia Marinha) da Unisanta, destacou que a pesquisa com raias-elétricas brasileiras está em pleno desenvolvimento no Azusc também através do projeto intitulado “Taxonomia integrativa e genômica da especiação das raias-elétricas brasileiras (Torpediniformes: Narcinidae: Narcine)”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Biodiversidade e Uso Sustentável de Peixes Neotropicais (INCT-Peixes).
Torres disse ainda que a experiência no Azusc foi excelente desde o primeiro contato. “Dr. Rotundo, teve uma abordagem cordial e visão acadêmica promissora enriqueceram minha estadia. A equipe do do Azusc demonstrou grande integração e interesse pela minha cultura, tornando o ambiente ainda mais acolhedor. O meio acadêmico e a interação com os alunos foram extremamente enriquecedores, e as duas semanas na Unisanta passaram rapidamente. No aspecto acadêmico, minha experiência foi excepcional, pois alcancei alguns dos objetivos da minha pesquisa no Brasil”.
Também destacou as parcerias técnico-científicas que foram firmadas “As parcerias que estão sendo formadas serão fundamentais para o intercâmbio de conhecimento sobre peixes, tubarões e raias das Américas, contribuindo para a conservação dessas espécies”.
Quando questionado sobre ter alcançado seus objetivos com a visita à Unisanta, Torres enfatizou tanto a importância do material contido na coleção científica quanto o convite para integrar o projeto em desenvolvimento pelo Azusc: “O Azusc superou todas as minhas expectativas de maneira impressionante. Fiquei maravilhado com a quantidade de exemplares de raias-elétricas (Torpediniformes) presentes na coleção, algo que nunca imaginei encontrar em tal escala.
Com base na minha experiência no estudo dos Torpediniformes nas Américas, acredito que o Azusc abriga a maior coleção desse grupo, incluindo exemplares de grande porte, amostras de tecido e diferentes estágios de desenvolvimento, que representam uma fonte inestimável de informações. O material que analisei durante minha estadia será um divisor de águas para minha pesquisa de doutorado e para futuras investigações. A parceria com a equipe de pesquisadores da Unisanta e outros especialistas do Brasil abre portas para estudos mais aprofundados e uma colaboração científica enriquecedora. Essa experiência reforçou minha convicção de que ainda há muito a ser explorado nesse campo e que projetos desse porte só podem ser concretizados com o apoio de uma abordagem multidisciplinar e multicultural.”
Para o Prof. Rotundo, é muito importante a parceria técnico-científica com o pesquisador mexicano. “Possibilitar a realização de pesquisas é um dos objetivos do Azusc, sendo sempre muito gratificante. No caso de Torres, devido ao interesse mútuo em um grupo de peixes, além da experiência profissional diferenciada, a parceria técnico-científica possibilitará avanços significativos para ambos os trabalhos em desenvolvimento. Assim, convidei ele para integrar nossa equipe, que já possui outros colaboradores de instituições nacionais e internacionais”.
O docente da Unisanta destacou ainda a troca de conhecimento com a equipe do Azusc (graduandos, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos): “Torres foi muito atencioso e proativo com toda equipe do Azusc. Então, visando à troca de conhecimentos, convidei ele a professorar um minicurso para a equipe, o que foi muito produtivo e enriquecedor”.
Torres considerou ainda a superação linguística como fundamental: “Sempre tive prazer em compartilhar conhecimento com aqueles que desejam explorar mais sobre o mundo da biologia. Diante dessa oportunidade, não hesitei em aceitá-la. Meu maior receio era a barreira linguística, já que o português não é meu idioma nativo, porém fiquei positivamente surpreso com a receptividade dos alunos. Apesar das diferenças linguísticas, a aceitação do conteúdo sobre Morfometria Geométrica foi muito boa e conseguimos esclarecer a maioria das dúvidas que surgiram ao longo da semana. Para mim, foi um privilégio poder trocar conhecimento com um grupo tão dedicado e interessado, tornando a experiência ainda mais enriquecedora”.
Sobre retornar a Unisanta, o pesquisador enfatizou seu interesse em continuar seu desenvolvimento acadêmico: “Seria uma grande oportunidade, especialmente enquanto houver parcerias de pesquisa que promovam a geração de novos conhecimentos. Além disso, seria uma honra poder desenvolver um pós-doutorado sob a orientação do Dr. Matheus Rotundo, um pesquisador com quem certamente tenho muito a aprender. Voltar ao Brasil também representaria uma excelente chance de continuar enriquecendo minha trajetória acadêmica e profissional, explorando diferentes formas de produzir conhecimento e ampliando perspectivas. A troca de ideias e experiências com pesquisadores locais fortalece não apenas o trabalho científico, mas também a colaboração internacional, algo que considero essencial para o avanço da pesquisa e da conservação das espécies. Por isso, estou sempre aberto a essa possibilidade”.
Esquerda para direita: Bruna Batista (analista ambiental do Azusc), Thiago Dal Negro (doutorando PPG-CTA), Prof. Dr. Matheus Rotundo (curador do Azusc) e Jonathan Torres (Unam).