Além de construir circuitos integrados (chips) na sala limpa do Ateliê Interuniversitário de Microeletrônica (AIME), em Toulouse, na França, – um dos mais importantes centros de pesquisa em microeletrônica do mundo – a 14ª turma de alunos de Engenharia da Universidade Santa Cecília (Unisanta) que participa do intercâmbio internacional conhecerá as pesquisas científicas que serão desenvolvidas no AIME no campo da Nanoeletrônica.
O grupo é formado por nove alunos dos cursos de Engenharia Eletrônica, Elétrica, de Telecomunicações e de Computação, coordenados pelo professor Djalmir Correa Mendes.
Eles participam do intercâmbio de 23 de junho a 8 de julho. Além do estágio no Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Toulouse (I.N.S.A), eles conhecerão a cultura de outros países da Europa, indo a museus, teatros e principais pontos históricos.
De acordo com o professor Mendes, ao longo dos 14 anos de intercâmbio com o I.N.S.A, alunos de Engenharia da Unisanta conquistaram vagas concorridas de iniciação científica, mestrado e doutorado em universidades estaduais e federais, além de se destacarem em concursos no país e no exterior. “Somos referência em formação na área de microeletrônica no país, devido à experiência adquirida na França”, enfatizou.
Entre os inúmeros casos de sucesso obtidos a partir do intercâmbio internacional o professor Mendes destacadois ex-alunos de Engenharia da Unisanta, que já participaram do projeto Toulouse, estão concluindo o doutorado na França. Carolina Davanzzo Gomes dos Santos, que participou da quinta turma de Toulouse, desenvolve sua tese de doutorado em Grenogle, no Institut National de Grenoble – INP/ MINATEC. Bruno da Silva Rodrigues da sexta turma, está em Rennes, no Institut d Électronique et de Télécommunications de Rennes na pesquisa do Transistor de Efeito de Campo de Porta Suspensa (SGFET). O mestrado foi feito no Laboratório de Sistemas Integráveis da USP.
A partir dessaturma, Mendes revelou que o estágio incluirá o desenvolvimento de projetos práticos em Nanoeletrônica, “o que no Brasil ainda não acontece em nível de graduação”.
Oportunidade – Para muitos integrantes do grupo, essa é a primeira oportunidade de aperfeiçoar conhecimentos fora do país e ter contato com outras culturas, em especial a européia. “Vocês irão perceber importantes mudanças pessoais decorrentes dessa experiência”, disse a reitora da Unisanta, profa. Dra. Sílvia Ângela Teixeira Penteado, durante a despedida da equipe. Além da experiência tecnológica, comentou a dirigente, o intercâmbio possibilita o acesso a novas culturas, abre horizontes aos futuros profissionais, que ganham mais autonomia para a tomada de decisões e assumem um posicionamento arrojado frente aos desafios do exigente mercado de trabalho.
Ao mencionar alguns dos convênios mantidos com centros de pesquisas nacionais e internacionais, nas diversas áreas do conhecimento, a presidente da Unisanta, profa. Dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani,enfatizou que, por Toulouse, já passaram cerca de 250 alunos de Engenharia da Unisanta, única universidade do país credenciada para enviar estudantes ao AIME. Destacou ainda o excelente desempenho obtido pelas turmas da Unisanta que já participaram doestágiona França.
Em 2006, acrescentou a presidente, alunos da 11ª turma enviada à França produziram um circuito integrado (chip) que obteve o 2º lugar, após rigorosos testes de qualidade, entre todos os demais apresentados naquele ano por alunos de graduação e pós-graduação da Espanha, França e Canadá – países que mantêm esse intercâmbio científico além do Brasil. Na classificação geral, entre os trabalhos produzidos em mais de 20 anos do AIME, o da Unisanta ficou em 3º lugar.
Alunos – Participam desta edição os alunos: Filipe Ramalho Molina, Márcio Nastari Dias, Fernando José Dini PintoJúnior, NathaliaKfouriCantoni, Felipe Caetano dos Santos, Sérgio Schina de Andrade, William Pinto Rodrigues, Carlos Alberto Pissolati Júnior, Bruno Mitsuo Sato
Sala Limpa
No I.N.S.A, os universitários aprendem a fazer circuitos integrados, contendo desde transistores a portas lógicas, a partir de uma placa de silício de aproximadamente 0,3 milímetros. Todo o processo é desenvolvido num local livre de impurezas, denominado “sala limpa”, composta de três compartimentos.
Fabricação
As placas de silício passam por vários processos, que vão desde a metalização, feita em fornos com temperatura variando entre 500 e 1000 ºC, até o teste final do circuito integrado.
O grupo é, normalmente, dividido em duplas, sendo que cada aluno fabrica seu próprio circuito, posteriormente encapsulado e soldado aos terminais (pontos de contato dos componentes), através de fios de ouro e emendas em alumínio. Esse processo é feito por meio de um equipamento de solda a vácuo. Cada placa fabricada armazena 256 chips, ou seja, dá origem ao mesmo número de circuitos.
Ao final, a avaliação dos chips é feita por computadores. Nanotecnologia é uma tecnologia emergente que está revolucionando a eletrônica e, em poucos anos, provocará grande impacto nos diversos ramos da atividade humana, com atenção especial às áreas da computação e comunicações. Um nanômetro é um bilhão de vezes menor que 1 metro.