O projeto socioambiental criado pelo mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), Caio Reis, e a doutoranda nesta mesma área, Leticia Parada, ganhou destaque durante a participação da dupla na COP30, realizada em Belém. A iniciativa, que nasceu dentro da universidade, vem se expandindo e conquistando reconhecimento nacional e internacional. Ambos também são formados na graduação da Unisanta: ela em Educação Física pela Fefesp, e ele em Engenharia Civil.
Leticia e Caio se conheceram na Unisanta em 2022, quando iniciaram seus projetos de pesquisa na pós-graduação. Ele desenvolvia uma telha produzida com plástico reciclado de domicílios, enquanto ela trabalhava no reaproveitamento de resíduos plásticos coletados em praias para transformá-los em equipamentos esportivos, como handplanes e raquetes de frescobol. A afinidade entre os estudos abriu espaço para a colaboração entre eles.
A parceria gerou forte repercussão após os primeiros vídeos de divulgação científica, que despertaram o interesse do público pelos produtos apresentados. A demanda crescente levou os dois a transformarem a pesquisa acadêmica em um negócio de impacto socioambiental. Assim nasceu, em 2024, a Paradas, uma marca que produz itens sustentáveis a partir da reciclagem e promove oficinas, workshops e palestras sobre o tema. O nome, inspirado no sobrenome de Leticia, reflete a ideia de criar “paradas sustentáveis”, produtos esportivos, domésticos e decorativos, todos feitos com plástico reciclado.
A participação na COP30 reforçou ainda mais o alcance da iniciativa. Os ex-alunos tiveram acesso à Green Zone, espaço dedicado à inovação e a soluções sustentáveis, onde realizaram networking e acompanharam discussões relacionados às negociações climáticas. “O plástico também é um problema climático, desde a extração do petróleo até o seu descarte, ao emitir gases de efeito estufa que destroem ecossistemas. Por isso, entendemos a importância de estar na COP30 para debater soluções concretas que protejam nossos oceanos e o planeta”, afirma Caio Reis.
Um dos principais compromissos da agenda da Paradas foi na Casa Vozes do Oceano, idealizada pela Família Schurmann e vinculada à expedição internacional Voice of the Oceans. Criada em 2021, a expedição registrou a poluição do mar e conscientizou comunidades em diferentes regiões do planeta, utilizando o veleiro Kat como um verdadeiro laboratório científico. A bordo, a tripulação coletou dados e observou, in loco, a condição dos oceanos em alguns dos locais mais remotos do mundo.
Além do encontro com os Schurmann, os ex-alunos também tiveram contato com nomes importantes do ativismo ambiental e buscam contribuir com as iniciativas programadas para o próximo ano, quando a expedição divulgará os resultados dos registros feitos desde 2021. “Uma das grandes inspirações da Paradas no enfrentamento da poluição por plástico nos oceanos vem da expedição Voice of the Oceans. Iniciativas como essa mostram que estamos nos aproximando de um limite ambiental extremamente crítico, cujos danos podem se tornar irreversíveis. Por isso, é fundamental que ações coletivas e contínuas sejam colocadas em prática para reverter esse cenário enquanto ainda há tempo.”, ressalta Leticia Parada.
Oficinas – Com uma máquina injetora portátil, a Paradas também realiza oficinas itinerantes que mostram a reciclagem acontecendo em tempo real, permitindo que o público compreenda o processo e o impacto positivo da reutilização do plástico. O negócio cresce a cada mês, e Leticia se prepara para defender seu doutorado em março de 2025, enquanto Caio concluiu o mestrado no ano passado.
