Os Ministérios Públicos Estadual e Federal, em São Paulo, estão investigando sobre a prática ilegal da utilização de resíduos industriais tóxicos pelas indústrias agrônomas. De acordo a reportagem Perigo invisível, publicada pela revista Problemas Brasileiros, as fábricas de adubo – maiores compradores de fertilizantes – visam obter um expressivo crescimento financeiro, sem se preocuparem com os males que o uso inadequado desses resíduos podem causar à saúde pública e ao meio ambiente.
As suspeitas desta prática se confirmaram após um parecer técnico, elaborado em 2004, pelo consultor técnico ambiental do Ministério da Saúde, Élio Lopes dos Santos, também coordenador do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança no Trabalho da UNISANTA.
Além de comprarem esses materiais contaminados de indústrias brasileiras, como a revista Problemas Brasileiros publicou, as produtoras de micronutrientes também vêm desrespeitando a lei. Passaram a importá-los. Segundo a Convenção de Basiléia, em vigor desde maio de 1992, o comércio internacional de resíduos tóxicos é ilegal. De acordo com a norma técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), esses resíduos podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças, além de causar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada, como Élio Lopes comprovou. “De forma irresponsável, as indústrias passaram a usar resíduos como matéria-prima”.
A reportagem também afirma que a utilização de resíduos tóxicos industriais gerados no país para a formulação de micronutrientes é uma prática cada vez mais comum nas indústrias do setor agrônomo, devido aos lucros gerados.
Função – Os micronutrientes são elementos essenciais ao desenvolvimento das plantas. Entre os principais estão o zinco, o cobre e o manganês. Todos eles estão presentes na natureza, mas em um teor inferior ao necessário para garantir a alta produtividade à agricultura. Por esta razão, tais elementos são elaborados industrialmente e adicionados aos fertilizantes – macronutrientes.
Esse não foi o primeiro alerta sobre o veneno na produção de alimentos que Élio Lopes faz. Há 18 anos, quando ainda era técnico da Companhia de Tecnologia de saneamento Ambiental (Cetesb), o químico e engenheiro identificou altos teores de metais pesados tóxicos em medições feitas em chaminés de fábricas de adubos e constatou que todas as fornecedoras de micronutrientes se utilizavam desta prática “irresponsável”, como Élio classificou na reportagem dada com destaque pela revista Problemas Brasileiros de setembro/outubro de 2005.