Com o objetivo de identificar se existe alinhamento entre o conceito e a prática da logística reversa das embalagens de agrotóxicos, de forma a contribuir para a redução dos impactos negativos no meio ambiente, o aluno de Mestrado em Ecologia da Unisanta, Fagner Evangelista Severo (foto), apresentou sua dissertação “Alinhamento entre conceito e prática da logística reversa no contexto da biodiversidade: Um estudo sobre o descarte de embalagens de defensivos agrícolas no cultivo de bananas, em municípios do litoral sul paulista”.
Mas o que é logística reversa? Logística reversa é uma ferramenta relevante na sociedade moderna. Ela promove, através do retorno de resíduos industriais para os centros produtivos, meios de evitar que estes sejam descartados de forma incorreta e resultem em problemas para as populações e para o meio ambiente.
Embora a logística reversa ainda seja um assunto pouco difundido no Brasil e que só passou a ser destacado nas últimas décadas, essa ferramenta é essencial para a sustentabilidade do ambiente e para garantir a prática de conceitos como: conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável na produção global.
De acordo com o discente, a escolha do tema se deu por algumas razões específicas. “A primeira delas é que a disciplina Logística Reversa, da qual sou docente na Unisanta, sempre me despertou bastante interesse. A escolha da agricultura que seria a base para a pesquisa se deu em função da grande aceitação da banana como uma das frutas mais consumidas no País”. Segundo o levantamento do pesquisador, a banana é o quarto alimento mais consumido no mundo, ficando atrás apenas do arroz, trigo e milho. “Apesar desse destaque da banana na agricultura local (Vale do Ribeira) e nacional, pouco se explora esse assunto na literatura”.
A Pesquisa – O estudo foi desenvolvido em municípios do Estado de São Paulo que apresentam consideráveis índices na produção de banana: Itariri e Pedro de Toledo, cidades localizadas no litoral sul do Estado. “O Brasil além de ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, também se na cultura produtiva da banana que é um dos alimentos mais consumidos no planeta e que consequentemente exige o uso constante de agrotóxicos, como forma de proteção e melhorias produtivas”, afirma Fagner.
A pesquisa foi aplicada com 23 produtores de banana, em julho de 2016, adotando uma metodologia que levou em consideração o descarte das embalagens de agrotóxicos e a legislação atual, estabelecida na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
De acordo com o autor, “os resultados indicaram que existe deficiência no alinhamento entre o conceito e a prática produtiva da banana, uma vez que a prática não demonstrou ser coerente com a legislação, principalmente, em se tratando da conceituação de logística reversa, quando apenas um dos 23 respondentes indicou conhecer o conceito”.
Outra identificação da pesquisa é a falta de um plano de gestão para os resíduos sólidos resultantes de suas atuações profissionais, além do desconhecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, conforme destaca a Lei 12.305/2010. “Apurou-se que apesar do uso constante de agrotóxicos nessas localidades, não existe ou é desconhecida pelos produtores a exigência do cumprimento de políticas públicas relacionadas à gestão desse tipo de resíduos”.
O trabalho foi orientado pela Profa. Dra. Mariana Clauzet. Participaram da Banca Examinadora o Prof. Dr. José Petraglia e o pesquisador Dr. Alcido Wander, Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Goiânia, convidado pela coorientadora, Profa. Maria Cristina, em função da interface do tema da pesquisa com a área de atuação da Empresa.
Segundo o representante da Embrapa, pesquisas como a do discente Fagner geram informações de grande importância para subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas voltadas para a produção de alimentos de forma ambientalmente mais amigável. “Na Embrapa buscamos sempre desenvolver conhecimentos e tecnologias que visam tornar a produção de alimentos mais sustentável e com melhor qualidade”.
Para Fagner, a participação do Prof. Wander em sua banca foi enriquecedora, tanto pelas orientações, ponderações e sugestões, bem como em função de seu vasto conhecimento, no que tange aos agrotóxicos no País. “Ele é um renomado docente, pesquisador e profissional atuante nessa área”.