A segunda etapa da pesquisa internacional que visa padronizar a gestão de sedimentos e de material dragado nos portos começou em agosto, na baía de Paranaguá, no Paraná. À frente dos trabalhos pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA) está o biólogo dr. Augusto Cesar, que segue para seu segundo pós-doutorado na área.
De 7 a 18/8, foram feitos testes de toxicidade e fisioquímicos em Paranaguá, pelo doutorando Rodrigo Choueri, de Cádiz, Espanha, e o quartanista de Biologia Marinha da UNISANTA, Rodofrei Davino de Morais. Paralelamente, prosseguem os testes no estuário de Santos, a cargo de especialistas da UNISANTA, Universidade Federal de São Carlos e Unesp.
A necessidade de se estabelecer um protocolo geral para a gestão de sedimentos e materiais dragados nos portos, por meio de uma metodologia integrada que preserve a qualidade ambiental com desenvolvimento sustentado está sendo pesquisada desde janeiro deste ano, com aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Ministério da Educação e Cultura da Espanha (MECD).
O nome do projeto é Harmonização de Métodos para a Gestão de Material Dragado em Zonas Costeiras Internacionais (Europa e América Latina), incluindo Espaços Naturais Protegidos. Estão sendo objetos de investigação os estuários de Santos e Paranaguá, no Brasil, e Cádiz, Algecira e Huelva, na Espanha.
Essa pesquisa está entre as 25 selecionadas pela CAPES, entre 128 propostas apresentadas na Convocatória de 2005.
Cronograma – A coleta de amostras no estuário de Santos começou em março de 2005. A análise química desse material será de maio de 2006 a fevereiro de 2007. De julho de 2006 a junho de 2007, serão feitos os cálculos dos níveis de contaminação e toxicidade nos sedimentos analisados. A determinação dos efeitos da contaminação mediante bioensaios em laboratório e de campo será de janeiro a agosto de 2007. De janeiro a setembro de 2007, será estabelecido um fator de bioacumulação de contaminantes. A elaboração do protocolo integrado está marcada para o período de julho de 2007 a fevereiro de 2008 e o workshop final e publicação dos resultados será em fevereiro de 2008.
Pela Espanha coordena os trabalhos o prof. dr. Augusto César, da UNISANTA, sob a orientação do prof. dr. Tomás Angel Del Valls, da Universidade de Cádiz. Pelo Brasil, o Prof. Dr. Antonio A Mozeto, da UFSCar.
Pós-doutorado – Em seu trabalho de pós-doutorado, intitulado Estudo Ecotoxicológico Integrado em Sistemas Estuarinos e Portuários Atlânticos, realizado de março de 2004 a junho de 2005, Augusto Cesar analisou amostras de sedimentos marinhos dos estuários de Santos e São Vicente, Brasil, além das Baías de Cádiz, Huelva e Algeciras, na Espanha. Diversos trabalhos científicos foram publicados em revistas nacionais e internacionais e o mais recente foi divulgado na Revista Brazilian Journal of Oceanography, volume 54(1):55-63, 2006 com o título Ecotoxicological assessment of sediments from the Santos and São Vicente Estuarine System.
Justificativas – O objetivo desta pesquisa internacional é a “conservação da qualidade ambiental e conseqüente preservação dos recursos biológicos, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento sustentável das regiões estudadas”. Nesses locais – observam os pesquisadores envolvidos – a gestão ambiental é geralmente realizada de forma independente, baseando-se em métodos distintos para cada região, o que se mostra ineficaz para a aplicação internacional. “Por este motivo, surge a oportunidade de que, através deste projeto, se elabore conjuntamente um protocolo ideal para a tomada de decisões”, explica o biólogo Augusto Cesar.
Espaços protegidos – Além da gestão ambiental e de saúde pública dos estuários mencionados, os estudos objetivam “a gestão de espaços naturais protegidos que se encontram dentro ou próximos das áreas de influência, dos quais destacam-se áreas de mangue em Santos e no Paraná (Área de Proteção Permanente (APP), Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, Parque Estadual Xixová – Japuí, Área de Proteção Permanente (APA) do Lagamar (Sítio Ramsar, Patrimônio da Humanidade), Ilha do Mel, entre outros”. Na Espanha, estão nessas condições as áreas de Doñana, Estrecho e os Marismas do Rio Tinto e Odiel.
Todas as regiões pesquisadas são consideradas estratégicas e importantes para os dois países, com a perspectiva de gerar informações que sirvam como delineadoras de um modelo conceitual portuário que poderá, inclusive, ser adaptado para outras regiões do globo.
Augusto Cesar sustenta que o projeto pretende contribuir com os municípios, órgãos de controle ambiental, organismos públicos, autoridades portuárias, empresas privadas e principalmente as comunidades locais que vivem e dependem dos recursos naturais das citadas regiões.
O método integrado se baseia na utilização dos sedimentos como elemento chave para determinar a qualidade ambiental de um ecossistema, pois estes tendem a acumular a maior parte das substâncias xenobióticas (tóxicas) que chegam ao ecossistema marinho e estuarino.
Grupos de trabalho – Participam, pela UNISANTA, os doutores Augusto Cesar e Camilo Dias Seabra Pereira. Pela Unesp, dr. Denis Moledo de Souza Abessa. Esse grupo é responsável pela realização dos testes ecotoxicológicos e identificação dos organismos (fauna) nos sedimentos coletados nas áreas brasileiras de estudo. A equipe tem ampla experiência no tema.
“Nasce, daí, uma importância extra, dado que o projeto será um elemento consolidador do grupo de pesquisa em uma área de extrema importância e carência no Brasil”, diz Augusto Cesar. A UNISANTA e a Unesp participam do planejamento, obtenção de dados, avaliação e integração dos resultados e elaboração do protocolo para gestão de sedimentos de regiões portuárias e costeiras. Fornecem as instalações, equipamentos e serviços administrativos.
Em Cádiz, os trabalhos são desenvolvidos por 16 pesquisadores, coordenados pelo dr. Angel Del Valls e pelo dr. Augusto Cesar, com o objetivo de realizar análises químicas e ecotoxicológicas das amostras coletadas nas áreas de estudo espanholas.