Voluntária da Cruz Vermelha de São Paulo, Patrícia cuida de casos de pessoas separadas ou sem notícias de seus familiares. Com pesquisa em Direito Internacional LGBTI na Universidade de Leiden, Holanda, ela faz pós-doutorado na Universitá Degli Studi di Messina, na Itália, e ministrou palestra recentemente em Amsterdam, no evento Pré-Parada LGBTI.
Desde que se formou em Direito e Letras, a professora Patrícia Gorisch é uma ativista incansável pelos direitos humanos. O problema dos refugiados é uma das questões que a preocupa. Como voluntária da Cruz Vermelha de São Paulo, trabalha ajudando a localizar familiares de refugiados e imigrantes e a restabelecer a comunicação entre entes queridos.
Eles fogem de violações de Direitos Humanos e perseguições por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. “São famílias que vendem suas posses para levar seus filhos de avião a outros países, em busca de uma vida melhor e segura. As crianças e adolescentes, com poucos meses de idade, e até 17 anos, podem chegar a São Paulo desacompanhadas”, conta Patrícia, professora de Direito das Famílias e Sucessões na Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos.
A Cruz Vermelha trabalha com imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio tentando restabelecer o contato entre eles e seus familiares nos países de origem, tudo isso por meio do departamento de Restabelecimento de Laços Familiares (RLF).
O conhecimento acadêmico de Patricia Gorisch e suas atividades como defensora dos refugiados e das pessoas LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexais, Travestis e Intersexuais) têm gerado convites para palestras no Brasil e no exterior, além de diversas entrevistas na mídia nacional, a respeito das perseguições sofridas por esses grupos.
Seu doutorado em Direito Ambiental Internacional, com foco nos direitos humanos LGBTI, está sendo finalizado no Brasil, mas realizou pesquisa na Universidade de Leiden, Holanda. Em 05 de agosto deste ano, Patrícia Gorisch fez palestra em Amsterdam, representando a Unisanta, no evento da pré Canal Pride Parade, sobre o panorama dos direitos humanos LGBTI no Brasil. Ela mostra algumas fotos do evento, realizado na Igreja Luterana de Amstedam:
“No mundo, 76 países criminalizam homossexuais. Desses, oito os penalizam com mortes, basicamente em países mulçumanos e africanos, afirma. “Alguns, como a Chechênia, encaminham pessoas LGBTI para campos de concentração. E houve o caso da Rússia, que proibiu a participação de atletas LGBTI na Olimpíada de Sochi, na Rússia. No Brasil, a cada 28 horas morre uma pessoa, devido à transfobia e à homofobia”.
Novo conceito de família
Patrícia Gorisch é co-fundadora a Associação Brasileira das Famílias Homoafetivas – ABRAFH e representa a entidade como amicus curiae no Supremo Tribunal Federal nas causas relacionadas ao tema, bem como preside a Comissão Nacional de Direito Homoafetivo do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família. Nesse cargo, tem atuado pelo fortalecimento na legislação que inspirou a modificação do conceito de família.
Antes, explica Patrícia, entendia-se por família apenas pessoas ligadas por laços biológicos e vindas do casamento. Com o advento do artigo 226 da Constituição Federal de 1988, e com a interpretação dada em grande parte pelos juristas do IBDFAM, pessoas ligadas pelo afeto (e não apenas pelos de sangue) passaram a serem consideradas como integrantes da família, com os mesmos direitos dos grupos familiares tradicionais. “Direitos que devem ser estendidos a relações homoafetivas”, afirma.
O trabalho do IBDFAM tem sido importante para ampliar a percepção jurídica do conceito de família, ampliando o reconhecimento dos direitos relativos àqueles grupos. Direitos de mães solteiras, padrastos e madrastas, relacionamentos homoafetivos, o fim do preconceito contra a mulher e que, antes, era chamada preconceituosamente de “concubina”, são alguns dos exemplos.
Patrícia foi convidada para lecionar neste ano na Faculdade de Direito da Unisanta, pelo Prof. Dr. Marcelo Lamy, que fez parte de sua banca de defesa de Mestrado em Direito Internacional, há 4 anos, e pelo coordenador do curso de Mestrado de Direito da Saúde e Coordenador da Faculdade de Direito na Unisanta, Prof. Dr. Fernando Reverendo Vidal Akaoui. Mas já se sente em casa há muito tempo: isto porque foi aluna do “Cantinho da Tia Cecília”, passando pelo pré-primário e concluindo o ensino médio no Colégio Santa Cecília.
A preocupação com os direitos humanos levou Patrícia a se dedicar, desde muito jovem, a uma entidade que ajuda crianças com paralisia cerebral, de 2000 a 2014, e a à Ong Tamtam – Loucos pela Vida, da qual é advogada até hoje.