“Para a academia foi uma perda muito grande. Porém, a continuação de nossos trabalhos foi uma de suas grandes conquistas”. Iniciou-se assim o discurso da presidente da Academia Santista de Letras (ASL), Maria Araújo Barros, que abriu as homenagens ao fundador do Complexo Santa Cecília, Milton Teixeira. O fundador, educador e grande incentivador do esporte foi eternizado, com uma placa nas dependências da Casa Martins Fontes, onde atualmente é a sede da academia, no último dia 31.
A presidente da casa deu as primeiras palavras de honra ao representante do futuro prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, seu vice e presidente do Conselho Deliberativo da ASL, Eustázio Pereira Filho, que ressaltou a importância da vida do homenageado. “Gostaria de enaltecer o Milton Teixeira por todo trabalho e pelo exemplo que nos deixou. Sua família é o seu maior legado, além de suas obras literárias”. Finalizou seu discurso citando o poeta Guimarães Rosa “(…) as pessoas não morrem, elas ficam encantadas.”
O vice-presidente da ASL, Sérgio Telles Fernandes Lopes, em poucas palavras demonstrou a importante ligação entre as instituições. “Sou um grande admirador da família do Milton Teixeira, após todos esses anos de admiração e convivência sinto-me integrante dela”, declarou Lopes.
Para finalizar os primeiros cumprimentos da homenagem, a presidente da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos, Ana Lúcia Feijó, ressaltou o reconhecimento das ações em vida do homenageado. “Milton Teixeira honrou a nossa cidade no esporte, na educação e em todas as áreas do desenvolvimento humano, a homenagem não poderia ser mais justa”, disse Ana Lúcia.
A saudação da cerimônia de homenagem ficou a cargo do acadêmico Amilcar Ferrão Pinto, que ao longo de seu discurso lembrou palavras de Milton Teixeira:
“ (…)‘Elegemos Santos para viver, por encontrar nela ambiente ideal para a realização de nosso destino de homem irrequieto, sonhador, idealista’ Assim ele confessava ao receber o título de Cidadão Santista na Sala Princesa Isabel da Câmara Municipal, vendo então irmanas em sua ‘cidadania de caiçara de Caraguatatuba a de caiçara de Santos’. E asseverava: ‘Todos os que elegem Santos para viver experimentam este fenômeno: por Santos se apaixonam e jamais deixam de amá-la e de servi-la em todos os momentos possíveis, porque, para nós, a cidade é a própria Pátria’. Nesta terra, integrando-se, portanto, à união amorável que o nosso poeta solar Martins Fontes chamou ‘santidade’, Milton Teixeira construiu um nome exemplar para sua família e para a sociedade (…)”.
Ao longo de seu discurso, o acadêmico ainda parafraseou grandes nomes da Literatura como Manoel Bandeira, Alceu Amoroso Lima, Gilberto Amado, Jorge Luis Borges, entre outros. Além de destacar a literatura de Milton Teixeira, enfatizando a “biografia crítica que se produziu sobre o grande poeta santista”, Ribeiro Couto.
O também acadêmico Antoine Lascani não estava presente, mas deixou uma mensagem que emocionou a todos quando a presidente da Academia recitou um pequeno e simbólico verso. “Nobreza de sentimento, de caráter, qualidade. Por isso cada momento de você, temos saudade”, rimou Lascani ao falar do amigo Milton em carta à família.
A Reitora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Sílvia Ângela Teixeira Penteado, se manifestou: “Iremos guardar estas homenagens em nossas memórias, como fonte de inspiração dos ideais de Milton Teixeira e tantos confrades cujos corações não envelhecem nutridos pela consciência dos propósitos desta Casa de Martins Fontes.”
Para a presidente da Unisanta, Lúcia Maria Teixeira Furlani, seu pai estava presente em alma na cerimônia. “Hoje, o espírito de Milton Teixeira recebe essa homenagem com muita gratidão. Com certeza ele está muito feliz. Nossa família reverencia a todos aqui presentes”. Lúcia encerrou o discurso com o poema Ausência, de Carlos Drumond de Andrade:
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Emocionado, o pró-reitor administrativo da Unisanta, Marcelo Pirilo Teixeira, agradeceu todas as palavras discorridas e destacou a ação de Maria Araújo. “Nós gostamos e admiramos muito esta presidente, que hoje perpetua o nome de nosso pai, perpetuando assim, o nome de muitos professores e educadores desse Brasil”, felicitou Teixeira.
O diretor do departamento jurídico da Unisanta, Milton Teixeira Filho, contou sua recordação na primeira vez em que acompanhou o pai em uma reunião da Academia. “Ainda criança, ao sair da reunião, sem entender muito o que todas aquelas pessoas faziam ali reunidas, questionei meu pai e ele me respondeu ‘Uma vida sem busca, não é digna de ser vivida. Devemos ter uma busca constante’. Naquele momento eu não compreendi a resposta. Hoje eu vejo que a busca era uma constante em sua vida e encontrava força, para tantas ações, em sua família”, finalizou Miltinho, como é chamado por amigos e familiares.
Também estiveram presentes na cerimônia o diretor administrativo da Unisanta, Mohamed Teixeira, os netos de Milton Teixeira: diretor de marketing da Unisanta, Marcus Teixeira, a diretora de programas de desenvolvimento da Unisanta, Renata Teixeira Penteado Saorini e Marcelo Teixeira Filho.