Nossa Louca Resistência representará a Baixada Santista no Flipoços

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O documentário Nossa Louca Resistência, obra oriunda da segunda parceria cinematográfica entre a Universidade Santa Cecília (Unisanta) e o Diário do Litoral, que conta a história dos 30 anos de intervenção da Casa de Saúde Anchieta, conhecida como a Casa dos Horrores, foi apresentado nesta segunda-feira (29), 11 horas, no 19.º Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), em Minas Gerais.

O evento começou no sábado (27/04) e vai até o próximo dia 05/05 (domingo). “A arte, o cinema, está me ajudando a manter a minha sanidade mental, minha sensibilidade de repórter”, afirma o jornalista Carlos Ratton, roteirista e diretor do filme, entusiasmado com o convite.

Como o filme Colchão de Pedra, o projeto tem função pedagógica e, neste sentido, abriu para participação de uma equipe universitária formada pelos alunos de Jornalismo e Psicologia Adriano Silva Bastos, Indira Coelho de Souza, Marcela Moreira Perdigão, Nathalia Facion, Mikaely Fernanda, Geovanna Norato Caraviello, com participação especial de Telma de Souza e Lívia Valenttina (criança).

Nossa Louca Resistência encontra-se em exibição livre no Youtube. O documentário mostra o passado e o presente do prédio da antiga Casa de Saúde Anchieta, que, na década de 80, recebia seres humanos com problemas psicológicos, dependentes químicos, gays e até jovens de espírito rebelde que, vítimas do preconceito da sociedade, eram submetidos a tratamentos de choque e torturas no hospital psiquiátrico conhecido como Casa dos Horrores.

Passadas mais de três décadas da intervenção municipal – iniciativa que mudou os rumos do local – o cenário é outro. No interior de paredes que ecoavam gritos de desespero, só há música, afazeres domésticos, vozes de crianças brincando, reuniões dominicais de 69 famílias. São mais de cinco dezenas crianças, pessoas com deficiência e idosos que vivem há anos no prédio do antigo manicômio.

FAMÍLIAS

Há anos, famílias inteiras ocupam o prédio do Anchieta e lutam nas ruas de Santos para não serem despejadas. Foram várias manifestações públicas e passeatas para sensibilizar a opinião pública e a Justiça.

A questão da falta de habitação é uma ferida há décadas aberta sem solução. Seria preciso pelo menos 100 mil moradias dignas para acabar com o martírio de uma população que mal tem saneamento básico, fundamental para a saúde humana.

O filme contou com a participação de grandes profissionais da Baixada Santista, tem a Direção de Fotografia assinada por Tony Valentte e música tema assinada pelos músicos Luciano Albano e Roberto Canuto.

Nossa Louca Resistência foi lançado no ano passado, junto com a retomada da Frente da Luta Antimanicomial Baixada, chamando a atenção da sociedade para o diálogo e compreensão sobre o cuidado em saúde mental.

As bandeiras da Frente são: pelo fim dos manicômios; da lógica manicomial; contra as formas de opressão e exclusão social; por cuidado em liberdade; em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS); e por um SUS antimanicomial.

A Luta Antimanicomial vai se configurando a partir das discussões da Reforma Psiquiátrica, que ocorreram na década de 70 ao redor mundo. Na década de 80, ganham forças a partir da organização de trabalhadores da saúde mental, junto às pessoas usuárias de serviços/pacientes de cuidados em saúde mental e familiares.

O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial nasceu há mais de 30 anos, alinhado às lutas sociais, defesa dos Direitos Humanos e respeito à vida. O movimento cresceu e avançou para outras importantes bandeiras de luta, como a Reforma Psiquiátrica, a Redução de Danos, a Gestão Autônoma de Medicação (GAM).

FLIPOÇOS

Neste ano, o Flipoços traz para o público uma experiência única. Vai transportar os visitantes para as pequenas vilas do interior de Minas, onde os encontros, as prosas e o “footing” poderão ser feitos em meio aos livros, expostos por Editoras e Livrarias, em suas tendas alegres e iluminadas.

Já os encontros com os escritores, escritoras e convidados especialíssimos serão no meio da Vila Literária no Coreto Cultural, típico de cidades do interior, montado especialmente para o Festival, um dos mais importantes do Brasil, com reconhecimento internacional.