A inteligência e a cultura prestigiaram em peso a abertura da exposição e lançamento do livro Croquis de Pagu e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos, terça-feira (4/5), no Museu da Imagem e do Som (MIS), na Avenida Europa, 158, São Paulo. A mostra, que permanecerá aberta até 30 de maio, apresenta documentos e desenhos também constantes do livro, organizado por Lúcia Teixeira Furlani, que trazem a público um lado desconhecido de Patrícia Galvão.

Muitos autores e intelectuais de renome compareceram. Entre eles, os autores da minissérie Um só coração, Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; os atores Etty Frazer, que representou Ita nesse especial e recebeu, das mãos de Pagu, um de seus primeiros prêmios como atriz, em 1959, em Santos; Mirian Freeland e Christiane Tricerri, respectivamente, a Pagu de Um só coração e da peça teatral Pagu Que; Pascoal da Conceição e José Rubens Chachá, intérpretes de Mário da Andrade e Oswald de Andrade na minissérie; a Secretária de Cultura do Estado, Cláudia Costin.
Ainda entre os presentes, o jornalista Jorge Cunha Lima, da TV Cultura; a Reitora da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Sílvia Teixeira Penteado, Leda Rita Cintra Ferraz, a curadora da exposição, e os netos de Pagu, Rudá Kokubej de Andrade, Alexandre e Antonio Cintra Ferraz, além de representantes de órgãos de imprensa nacional.

Emoção

Foram momentos de grande importância cultural, para a cidade e o MIS, reaberto há seis meses. O diretor do Museu da Imagem e do Som, o jornalista e diretor de cinema Amir Labaki, saudou a parceria com a UNISANTA (Santos-SP), que permitiu revelar talentos até então ocultos de Patrícia Galvão. Os desenhos guardados por Rudá de Andrade, (filho de Pagu e Oswald de Andrade, e primeiro diretor do MIS), foram entregues à Lúcia, autora de outra obra sobre a musa modernista, Pagu, livre na imaginação, no espaço e no tempo.

Emocionado, Rudá enalteceu o trabalho de Lúcia Teixeira Furlani, que “persistentemente vem trabalhando para a recuperação da imagem cultural, social e política de minha mãe”.
“Impossível não se emocionar com esse presente que ficou 75 anos guardado como um tesouro, envolto em tecido”, afirmou Lúcia. A escritora destacou a jornalista, a política, a incentivadora da arte e da cultura e a mulher sensível que foi Pagu, profundamente ligada aos problemas da humanidade. “São seus sonhos de um mundo melhor que as fazem sem limites no tempo e no espaço, pois os sonhos são nossa passagem, nossa eternidade”.
Após a fala de Lúcia, Pascoal da Conceição declamou Ode ao Burguês, de Mário de Andrade, trazendo irreverência e mais emoção à noite.

Cláudia Costin elogiou “esta belíssima exposição de desenhos, importantes não apenas por sua beleza, mas também por serem instigantes, que nos fazem pensar, como Pagu pensava o mundo. O MIS, que permaneceu fechado durante dois anos, recebe algo que foi guardado por seu fundador (Rudá, filho de Pagu), pela iniciativa de outra mulher, Lúcia”.

Elogios

Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, com sua sensibilidade de autores, destacavam a importância de Pagu para a cultura do País. Nogueira lembrou que também escreveu uma peça para teatro sobre Pagu, vivida pela atriz Edith Siqueira. O livro e o videodocumentário de Lúcia, Pagu, livre na imaginação, no espaço e no tempo, estão entre as obras consultadas pelos dois para escrever a minissérie da Globo. “Pagu assume uma condição ímpar no Brasil, no Século XX, tanto em termos culturais quanto sociais e principalmente políticos”, destacou Miriam Freeland. Assim, iniciativa como a de Lúcia Teixeira Furlani reveste-se de muita importância para o resgate da atuação de Pagu, uma mulher de notável importância dentro do contexto cultural, social e político do País”.
O santista José Rubens Chachá destacou a importância do lançamento, que parte dos trabalhos de Pagu como artista plástica, que ele desconhecia. “A minissérie serviu para mostrar apenas parte da complexidade de Patrícia Galvão, que representa para Cultura Brasileira muito mais do que pudemos passar ao telespectador. Como ator e principalmente como santista, sei o quanto Pagu representa para a cultura, notadamente para o teatro. E é isso que precisa ser resgatado e mostrado, exatamente como Lúcia vem fazendo”.

Exposição e livro

Os croquis são do período em que Patrícia Galvão emerge no Modernismo, sob a tutela de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Lúcia incluiu fotos dos momentos mais importantes de Pagu, além de reprodução de jornais, de 1931 a 1961.
A realização da exposição é de Lúcia, com produção de Rudá de Andrade, filho de Pagu, e curadoria de Leda Rita Cintra Ferraz. Funcionará de terça a sexta-feira, das 14 às 22 horas e no sábado e domingo, das 11 às 20 horas, no MIS.

Autora

Lúcia Teixeira Furlani é autora do livro (em quinta edição) e do videodocumentário homônimos Pagu, Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo, obras que têm sido objeto de pesquisas em universidades no exterior e no País. Esses trabalhos serviram de pesquisa para a minissérie da TV Globo Um Só Coração e para a atriz e diretora da peça Pagu Que, a qual estreou neste mês, na Capital.
Dirigido por Rudá de Andrade e Marcelo Tassara, o documentário Pagu foi premiado na 28ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Doutora em Psicologia da Educação e diretora-presidente da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Lúcia Maria Teixeira Furlani é ainda autora dos livros A Claridade da Noite – Os Alunos do Ensino Superior Noturno e Fruto Proibido – Um Olhar sobre a Mulher.