Escritora, jornalista, militante política e mulher de teatro, Patrícia Galvão (1910-1962) lutou com paixão em muitas trincheiras. Viva Pagu – Fotobiografia de Patrícia Galvão, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz, coedição da Imprensa Oficial do Estado e da Editora Unisanta, retraça a rica trajetória da musa dos modernistas a partir de amplo material iconográfico e muitos documentos inéditos.

O lançamento em Santos foi realizado dia 19 de agosto, na Unisanta. Viva Pagu também é o nome da mostra inaugurada no mesmo dia no local. A renda obtida com a venda dos livros no lançamento será revertida para a Casa Vó Benedita, LAM – Lar de Assistência ao Menor e Lar Santo Expedito.

Lucia Maria reuniu documentos de e sobre Pagu durante mais de vinte anos. Na fase final do processo, nos últimos cinco anos, contou com a ajuda do jornalista Geraldo Galvão Ferraz, filho da escritora. O livro traz muitas fotos, mas também desenhos, cartas e textos. Todas as cartas são inéditas, além de fotos e vários textos – como Microcosmo, que ela escreveu na prisão, em 1939, e duas peças teatrais inéditas: Parque Industrial, baseada no romance homônimo publicado em 1933 e Fuga e Variações, escrita em 1952.

A autora comenta que Patrícia é personagem típica de um tempo de grandes paixões: Ela documentou seu próprio cotidiano, marcado por uma busca constante. Esta fotobiografia recupera as oscilações de uma vida tumultuada, contraditória e destaca a intensidade com que ela abraçou as causas. Ainda é tudo muito atual, seus questionamentos, sua busca. O livro demonstra que sua vida valeu a pena.

Na introdução, Geraldo Galvão Ferraz, filho de Patrícia e co-autor da obra, diz que trabalhar no livro foi, de certa maneira, um jeito de conhecer Pagu e reencontrar, quarenta e quatro anos depois, Patrícia/Pat/Pagu e, até mesmo, Zazá: Infelizmente, não conheci Pagu. Eu a chamava de Mau, cognome certamente forjado no carinho das intimidades de mãe e filho. Minha mãe não gostava de ser chamada de Pagu. Era um nome que ficara no passado, quando ela vivia outra vida, buscava outros ideais, jogava-se apaixonadamente em defesa de outras bandeiras. Temos certeza de que quem for ver/ler este livro conhecerá uma Pagu da qual nunca se suspeitou. Afinal, nossa proposta não era roubar a alma de ninguém, mas fazer nossos eventuais leitores se aproximarem dela. Se conseguirmos isso, nosso objetivo estará realizado.
Patrícia Galvão tem uma biografia extraordinária. Entregou-se de corpo e alma em várias frentes culturais e políticas, movida por ideais que continuam na ordem do dia, como a justiça social e a transformação do homem por meio da cultura, lembra Hubert Alquéres, diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

A vida de Pagu é apresentada em três blocos. O primeiro fala das origens da família e vai até os dezoito anos da biografada, quando conheceu o poeta modernista Raul Bopp, que a apresentou a Oswald de Andrade.
O segundo bloco começa com o início de sua relação com Oswald, com quem teve um filho, Rudá, em 1930, e vai até sua libertação, em 1940, muito debilitada depois de passar quatro anos e meio em vários presídios políticos, onde sofreu torturas. Primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, em 1931, Pagu, foi detida dezenas de vezes por sua militância comunista. Entre 1933 e 1935 visitou a China, o Japão, a União Soviética e passou uma temporada em Paris, onde também foi presa.
Durante a estadia em Moscou, desencantou-se com o comunismo, mas pouco depois de retornar ao Brasil, em 1935, foi presa em consequência do fracassado movimento comunista de 1935. Parte considerável da iconografia deste bloco é formada por reproduções facsimilares de cartas (principalmente as enviadas para Oswald, de quem se separou em 1935, e Rudá) e de informes e prontuários do Deops, mostrando que era vigiada de perto pelo governo de Getúlio Vargas.
Os últimos 22 anos de sua vida são apresentados no terceiro bloco, período no qual a militância política aos poucos deu espaço à militância cultural. Pagu casou-se com Geraldo Ferraz e ambos trabalharam em vários jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos – cidade onde se fixaram em 1954. Ela manteve intensa atividade como cronista e crítica literária, além de se envolver cada vez mais com teatro, traduzindo, produzindo e dirigindo peças de autores praticamente ignorados no Brasil dos anos 1950, como Francisco Arrabal, Eugène Ionesco e Octavio Paz. Tornou-se uma das principais animadoras do teatro amador santista, origem de nomes como Plínio Marcos.

O volume traz ainda uma cronologia; uma bibliografia de obras de Patrícia Galvão; uma bibliografia sobre ela; um breve capítulo sobre o envolvimento de Pagu com a cidade de Santos, muito presente na vida dela na adolescência, na fase de militância política – quando residiu na cidade e trabalhou como operária – e nos últimos anos de vida.
Os autores
Lúcia Maria Teixeira Furlani é Mestre e Doutora em Psicologia da Educação, autora de Pagu – Livre na imaginação, no Espaço e no Tempo, Croquis de Pagu, A Claridade da Noite e dos infantis Tudo É Possível e O Segredo da Longa Vida, entre outros. É presidente da Universidade Santa Cecília e presidente do Centro de Estudos Pagu Unisanta, em Santos.

Geraldo Galvão Ferraz é jornalista, crítico literário e tradutor. Trabalhou nas revistas Veja, Isto É, Playboy, Cult, e nos jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, entre outros. É autor de A empolgante história do romance policial, recebeu dois prêmios Jabuti e atualmente coordena o Centro de Estudos Pagu Unisanta.

SERVIÇO
Exposição Viva Pagu
Abertura para convidados e lançamento do livro Viva Pagu, dia 19/08, às 19h
Temporada: De 20 a 27 de agosto de 2010
Local: Universidade Santa Cecília (Rua Cesário Mota, 8 – Bl E – 4º andar – Ed. Leonilde e Sílvio Pirilo)
Horário de visitação: das 9h às 21h.
Visitas monitoradas: agendamento pelo email vivapagu@unisanta.br; pelos telefone (13) 3202- 7180 ou 3202-7162 (grupos escolares)
GRÁTIS