Por: Eduardo Ricci

O cineclube é como um útero para mim”, assim falou a aniversariante do dia @ivanaperale , ao nomear o seu afeto pelo Cineclube Lanterna Mágica, da Unisanta, em discurso após cantarmos parabéns pelo seu aniversário, celebrado em noite de sessão do Ciclo de Cinema “Corpos em Trânsito”. Eu diria que é um Oásis, mas ambas as nomeações simbolizam o acolhimento, o pertencer e o cuidar do nosso jardim.

Justamente no dia do meio ambiente, realizamos uma sessão com o delicioso filme “Meu Bolo Favorito”, de Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha. Nesta mesma noite celebramos as 60 voltas ao Sol da querida amiga, frequentadora assídua e incentivadora do Lanterna Mágica. Como todo bom filme, este é um portal também, que ao atravessarmos, nos deparamos com uma ponte de mil e um caminhos possíveis. Entre esses caminhos, há uma poética e contundente crítica aos tecnocratas de plantão, mas a personagem Mahin não nos permite ser vencidos por eles que tentam conter o criar. Ela segue sua vida e cuida de seu jardim, tomando a decisão de viver um grande amor, fazendo seu bolo favorito com farinha de amêndoas e especiarias de seu jardim. E assim, ela ganha uma ajuda para iluminar seu jardim na penumbra das noites vividas junto da solidão do envelhecer. É um filme que nos persegue por um bom tempo, justamente por falar do falso moralismo do regime patriarcal do Irã, com tantos convites sobre o viver como desejamos.

E a cartografia dos desejos está em cada detalhe desse filme, desde sua personagem principal, a trilha sonora

minimalista, a cenografia rica de afetos e como a câmera passeia por sua casa, que na verdade é um mergulho pelo mapa dos desejos que ainda pairam sobre a paisagem de Mahin.

Ver esse filme no Cineclube, faz toda a diferença, assim como um útero ou mesmo um oásis, este espaço é feito por pessoas que acreditam que a vida presta!!! Por isso estamos solicitando à Alta Direção da Unisanta que o Cineclube Lanterna Mágica ganhe um espaço no térreo do Campus, com acesso direto para a rua e que vire o departamento de cinema da Universidade.

Ainda estamos aqui e regando nosso jardim.

Evoé!