Alunos de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural, Memória e Preservação da Universidade Santa Cecília (Unisanta) passaram um dia na Vila Ferroviária de Paranapiacabaca, cidade histórica e tombada em 2002 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.
Localizada a cerca de 30 km do centro de Santo André, no Alto da Serra do Mar, a Vila Ferroviária de Paranapiacaba foi construída por ingleses a partir de 1860 e inaugurada em 1867. A ferrovia local contava com 139 km de extensão e possibilitou o aumento do volume de transporte de café, principal produto de exportação na época, o que foi fundamental para a riqueza econômica do Estado e do País.
Para a professora da disciplina Patrimônio Arquitetônico, Jaqueline Fernández, as visitas externas são atividades muito importantes para o curso. “Os alunos, através da percepção em campo, podem avaliar melhor as questões teóricas desenvolvidas em sala de aula. A visita a Paranapiacaba trouxe uma melhor compreensão do comportamento de um núcleo urbano preservado a nível federal, no que se refere ao funcionamento de seus equipamentos culturais e turísticos e da relação da população residente com essa realidade. Através dessa visita, pode-se avaliar criteriosamente as propostas e os projetos existentes de preservação e revitalização para o local”, explica Jaqueline.
A visita dos alunos contou com a participação da pesquisadora, arquiteta e doutora em Planejamento Urbano e Regional pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Ana Luisa Howard, que desenvolveu seu mestrado, concluído em 1998, sobre Paranapiacaba. A pesquisadora também escreveu o capítulo Turismo em Paranapiacaba: revitalizando a economia e reabilitando a Vila, no livro Gestão Ambiental e Sustentabilidade no Turismo sobre a Vila.
Ana atuou no início dos anos 90 na Vila de Paranapiacaba, junto à Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de Santo André, foi consultora para o Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Vila e responsável por diversas pesquisas no local e acredita que visitas de grupos que desenvolvem estudos e pesquisas sobre o patrimônio, seja ele cultural, histórico, ambiental, natural, industrial ou paisagístico, são fundamentais para a Vila de Paranapiacaba.
“Acredito que a observação, por meio de visita técnica, conduzida pelas disciplinas universitárias, pode gerar uma sinergia positiva para que o objeto seja constantemente discutido e avaliado. Já nos cursos de pós-graduação, esta sinergia é potencializada devido ao envolvimento dos alunos com as práticas em seus campos profissionais. Neste sentido, acredito que a visita do grupo de pós-graduação em Patrimônio Cultural da Unisanta criou, no local, e criará, por meio das discussões futuras, potenciais ações que poderão ser implantadas na Vila ou em outros locais com características similares”, disse a pesquisadora.
Histórico – A Vila de Paranapiacaba, seu patrimônio tecnológico e seu entorno, composto por remanescentes da Mata Atlântica, foram tombados em 1987 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), em 2002 pelo Iphan e no ano seguinte, na esfera municipal, pelo Comdephapasa. E desde 2008, o local é candidato a patrimônio da humanidade pela UNESCO, constando na lista dos sítios brasileiros que o Iphan, órgão responsável pela apresentação das candidaturas do país, deverá encaminhar à entidade.
Fotos Nara Assunção